Há um ano o ministro da Fazenda, Guido Mantega denunciava uma guerra injusta com fundo protecionista da parte das economias desenvolvidas, enquanto na outra ponta a imprensa nacional jurava de 'pés juntos' que tudo não passava de algo criado pelo ministro para justificar o câmbio 'apreciado demais' e o que com isso, prejudicava o comércio internacional do Brasil com seus parceiros comerciais.
Ministro Mantega e a triste sensação de falar sozinho |
Agora depois da reunião do G-20 em Moscou no último fim de semana, onde as denúncias do ministro Guido Mantega foram enfim confirmadas, a grande imprensa do Brasil resolveu também admitir que realmente existe uma guerra cambial entre as economias desenvolvidas e que ela é tão prejudicial ao Brasil, quanto para todo o comércio internacional.
Num cenário como o atual - de baixas transações comerciais entre os países -, a saída mais trivial é uma desvalorização cambial, buscando uma valorização imediata das mercadorias exportadas em suas respectivas moedas locais. Isto é, mantem-se o mesmo volume exportado, porém com um fluxo de entrada comercial maior em divisas.
O Fed (banco central americano) por exemplo, no argumento de que era necessário irrigar a economia mundial com dólares para driblar a crise econômica internacional, resolveu - na maior das boas intenções (do inferno) -, imprimir dólares e mais dólares, justamente para quê..., o dólar se desvalorizasse internacionalmente e assim os produtos americanos ganhassem o ar da graça ao engordar as receitas da balança comercial dos Estados Unidos. A pronta resposta dos demais países, foi também desvalorizar suas moedas, às quais são lastreadas no..., dólar.
Com isso, as coisas se complicaram ainda mais para a enrolada situação da chamada 'euro-zona', justamente porque o principal mecanismo de proteção comercial que se dá justamente através do câmbio, não é possível de se efetuar nos países europeus que adotam o euro como moeda e que possui também uma cotação única para todos eles.
No Brasil o efeito negativo da inundação de dólares no mercado global, se deu na apreciação do real pela via da excessiva entrada de dólares no mercado doméstico que por sua vez, provocava significativas apreciações do real, reduzindo a competitividade dos produtos brasileiros que são exportados para o mundo. Isso levou o governo brasileiro a elevar a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), sobre a entrada de dólares via investimento no mercado financeiro nacional e ainda reduziu os juros básicos da economia, no intuito de também reduzir a incidência da entrada de capital especulativo no País, que justamente provocava a valorização do real.
Agora que a situação cambial realmente ficou séria, as preocupações um tanto tardias da imprensa econômica brasileira - com o endosso de especialistas ouvidos por ela -, se fazem justamente na indefinição de um acordo comum e consistente em torno da 20 maiores economias do planeta, que manifestaram o desejo em não promover desvalorizações competitivas em suas moedas - mas que contam com o posicionamento referendado por organismos econômicos internacionais -, ao não abrirem mão de políticas monetárias expansionistas, com vistas à estabilizar suas condições econômicas internas. Ou seja, tudo ficou só na vontade, mas é como diria o ditado do indolente: "Se estiver com vontade de fazer alguma coisa, espere um pouco que a vontade passa".
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