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A indiferença de uma renúncia

 O que é destaque em toda a imprensa mundial impressionantemente não tem tratamento semelhante por parte dos veículos de mídia eletrônica católicos - que em tese seriam os maiores interessados no assunto. O anúncio da renúncia do Papa Bento XVI, parece que não repercutiu em nada nas emissoras católicas de televisão do Brasil.

Josepf Ratzinger e a solidão do poder papal  entre as  disputas internas da Igreja
 Mesmo que daqui para a frente essas emissoras venham a demonstrar algum interesse tardio no tema que envolve os  assuntos da própria instituição da qual as emissoras de TV católicas afirmam representar, o simples fato de uma cobertura distante e parcimoniosa - evitando o assunto o máximo possível -, e privando os telespectadores católicos que assistem essas emissoras de maiores detalhes sobre o ocorrido, não teriam uma abordagem suficiente e à altura do que o assunto merece.

 Contudo para que um fato tão relevante para a própria Igreja, tenha um tratamento tão indiferente, reflete algo preocupante no comportamento de membros e líderes católicos. Evidencia a rivalidade premente entre grupos dentro dos próprios recintos da Igreja Católica. Algo que talvez pudesse ser um dos motivos que levaram Sua Santidade à renunciar.

 Fora especulações sobre o quê teria desencadeado o Papa ao ato da renúncia, certamente estariam inseridas aquelas sobre o que ele próprio afirmou em sua carta; sobre as suas debilidades físicas, as quais sem nenhuma sombra de dúvida, se agravaram e se deram por conta de acontecimentos recentes que também poderiam ter contribuído ainda mais, para que a decisão do Papa ocorresse tão prematuramente.

 A modernidade reivindicada pelo mundo foram maiores que a saúde e a própria fé do Santo Padre? Talvez! Mas não nos cabe aqui julgar a debilidade da fé de Josepf Ratzinger em meio ao seu grande desafio de governar a Igreja. Ele mesmo em sua humildade afirmou no dia do seu conclave que: 

"Consolam-me o fato de que o Senhor sabe trabalhar e atuar com instrumentos insuficientes e, sobretudo, confio em vossas orações."

 Com toda certeza, as orações de todos os fiéis católicos pela perseverança do Papa, foram poucas e certamente também as pressões que o Sumo-Pontífice sofreu nos últimos meses da parte de organizações de defesa dos homossexuais, foram fulminantes em sua decisão.  

 Manifestações de extrema violência ao pudor e à própria figura do Santo Padre, como a ocorrida no domingo do dia 13 de janeiro por parte das integrantes do Femen, podem ter sido decisivas na decisão final do Papa. 

 Foram muitas as causas conflitantes que as quais Bento XVI, se viu obrigado enfrentar. A sua luta em torno da unidade da Igreja; o posicionamento austero e firme contra o aborto; o enfrentamento nos casos de pedofilia envolvendo sacerdotes católicos e a maior delas, a relutância na aceitação de que uma criança seja criada por 'duas mães' ou 'dois pais'.

 Mesmo depois de aderir às modernidades da internet, como a abertura de uma conta no Twitter e se mostrar aberto ao debate sobre os principais temas que envolvem ética, sociedade, valores morais e religião, a inflexibilidade de entidades defensoras dos homossexuais se mostraram obstinadas na prevalência de seus pontos de vista sobre aqueles seculares da parte da Igreja Católica e da maior parte das demais igrejas cristãs. 

 Mas em todo esse burburinho e agitação provocados pela renúncia de Bento XVI - não observado nas emissoras de televisão ligadas à entidades católicas -, o que fica marcado mesmo, são as incompreensões entre o posicionamento da Igreja e as carências e demandas dos próprios fiéis católicos. Fato que nem uma conta do Papa no Twitter, foram capazes de solucionar.    

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