Para quem já se 'cansou' de ler sobre a história do nosso município que nesse finalzinho de agosto -celebra seu mês de aniversário-, deve portanto saber, que a chamada "arrancada para o desenvolvimento" de Rio Verde, se deu a partir dos anos 1970.
O certo, é que a cidade seguiu o ritmo do tal "milagre econômico" dos governos militares daquela época. Mas sem dúvida, o que foi determinante em tudo isso, se deu com a fundação da Comigo, no ano de 1975.
Desde o final da década até o início dos anos 1980 porém, a expansão urbana de Rio Verde também sofreu um elevado aumento, sendo que essa situação provocou o surgimento de bairros cuja a única infraestrutura disponível, se deu somente na abertura de ruas e o traçado das quadras.
A especulação imobiliária por parte dos herdeiros de propriedades antes rurais, que margeavam os limites urbanos da cidade, abriu espaço para bairros onde atualmente se verifica sobretudo, a apertura das ruas, em que muitas delas não suportam uma via de mão dupla, com direito a estacionamento nos dois sentidos.
Mas se a expansão urbana seguia a passos ligeiramente acelerados, o desbravamento dos cerrados para a abertura de novas lavouras, deram o tom do ritmo de desenvolvimento pelo qual Rio Verde experimentaria dali por diante.
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Unidade do Sesi/Senai no bairro Pauzanes (sem o Sesi), visto da esquina da Avenida Pauzanes com Rua Nego Portilho - Foto: marciomarxs.go.br. |
Além da cooperativa agrícola citada, Rio Verde foi contemplada nos governos militares, para se tornar o que foi considerado na época, como a ultima fronteira agrícola de então, com o projeto POLOCENTRO, que tinha como principal meta, conceder financiamento para o desenvolvimento da agricultura comercial no Brasil Central.
A ideia dos militares, era constituir no município, uma sede regional do órgão. O que com o fim do regime militar, acabou não acontecendo.
Contudo voltando a parte urbana, o desastre maior não poderia ser mais horrendo que o visual da rede de fiação elétrica, sustentada por postes de madeira retorcidos em que a maciça maioria deles se encontram, tortos (por serem de madeira), fora do padrão e do prumo.
Foi dessa forma que se levou eletricidade com o surgimento de bairros como o Jardim América, Vila Olinda, Santo André, Medeiros; o prolongamento do Jardim América (com ruas ainda mais apertadas), Vila Borges e por fim, o bairro que será destaque deste post: o chamado 'setor' Pauzanes.
O nome causou estranheza até para os corretores ortográficos, inicialmente em programas para edição de textos em computadores, como o Microsoft Word e por fim, alguns navegadores de internet, que só aceitam a nomenclatura do bairro como, "Pausanes", (com 'S').
O resultado disso é que correspondências recebidas nas caixas de correio dos moradores do bairro, indicam a forma errada de escrita alusiva ao nome do mesmo.
Quanto à esse pequeno e inconveniente detalhe, várias legislaturas da Câmara de Vereadores 'dormiram' e não se atentaram para o detalhe estético alusivo ao nome do bairro, o qual estima-se, já exista há pouco mais de 40 anos.
Mesmo vereadores que até possuem imóveis e residem no bairro, não tiveram o tino de ao menos elaborar uma lei, exigindo que os Correios ou outras empresas ligadas ao setor de entrega de encomendas, não mais cometam o pecado involuntário de errarem o nome do bairro (que é tido como "setor"), sem que queiram comete-lo.
O conhecido "setor" Pauzanes (com 'Z'), fica na região Leste de Rio Verde, pode possuir uma população além de 9,5 mil moradores e margeia - ou separa, melhor dizendo -, os bairros Popular e o de Vila Borges.
Tem uma determinada região de sua abrangência, que é comumente confundida com a própria Vila Borges, embora também faça parte da delimitação com outro bairro próximo, o Jardim América. Contudo o Pauzanes ainda avança em sentido norte e também faz limites com outros bairros como o Martins, Eldorado, Anhanguera e André Luiz.
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Estúdio de rádio, localizado no Pauzanes - Foto: marciomarxs.go.br. |
A Pauzanes de Carvalho, é conhecida ainda, como "saída para Montividiu", por ser o principal acesso à rodovia GO-174 que liga Rio Verde à referida cidade vizinha e é o exemplo fiel do que a falta de planejamento urbano pode causar. Nela, médias empresas prestadoras de serviços ou comerciais, a maioria delas ligadas ao fornecimento de insumos para o agronegócio, se espremem em uma avenida de vias estreitas, que para se 'resolver' esse problema, acabou tendo a largura de suas ilhas encurtadas.
Essa 'solução', praticamente tornou impossível as conversões ou retornos, já que mesmo um veículo de pequeno porte (sem mencionar o intenso tráfego de carretas e bi-trens), ao tentar fazer uma dessas duas opções, corre o risco de ficar metade dele, invadindo um dos sentidos da pista.
A verdade é que a avenida, em seus primórdios, se tratava de uma rodovia de pista simples, cuja a faixa de domínio era muito limitada e que com a construção da avenida, não propiciou espaço suficiente para a concepção de ilhas (ou canteiros centrais) que dessem a devida segurança na separação dos sentidos da via.
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Rua Paraná, o segundo eixo comercial e de serviços do Pauzanes - Foto: marciomarxs.go.br. |
Como se não bastassem os problemas estruturais, o bairro sofre com a incidência de prostíbulos que se misturam a residências familiares, com destaque para a Rua Só o Amor Constrói (cuja o nome já insinua alguma coisa), e o agravante de que a Pauzanes de Carvalho, serve também como ponto de prostituição de travestis, o quais parecem ilesos ao que a Polícia Militar entende como 'atentado violento ao pudor', em vista das estravagantes vestimentas utilizadas pelos profissionais do sexo 'alternativo'.
Já em relação a infraestrutura de ensino, o bairro Pauzanes, conta com uma unidade integrada do Sesi/Senai, duas escolas estaduais e uma municipal. A mais antiga das escolas estaduais presentes no bairro, deteve em 2011, a triste marca de segundo pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), de todo o estado de Goiás.
A própria estrutura da escola, construída em placas de concreto pré-moldadas, conhecidas popularmente por aqui como, "placas de muro", e o visual dela por conta disso, diz muito sobre essa lamentável realidade que compromete o futuro de crianças e jovens que lá estudam, na sociedade marcada pela tal 'meritocracia'.
Ao lado da deprimente escola, se encontra os modernos e suntuosos estúdios da emissora de rádio de maior audiência da cidade, à qual o estrelismo de seus protagonistas, lhes dá também, uma determinada tradição de atuação política; sobretudo, na Câmara de Vereadores local.
Porém, a ligação da rádio com a política, já vem desde a sua criação, quando um de seus falecidos proprietários, então deputado federal constituinte, foi um dos contemplados ao prêmio das distribuições indiscriminadas de concessões de rádio e TV aos parlamentares, pelo então presidente José Sarney, por terem aprovado cinco anos de mandato para cargos majoritários (e não quatro, como se pretendia estabelecer na nova Constituição, promulgada em 1988).
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Escola estadual de ensino fundamental, Ismael Martins Vieira: a segunda pior do IDEB em 2011, de Goiás - Foto: marciomarxs.go.br. |
Como o bairro do Pauzanes se trata de uma das portas de saída da cidade, conforme mencionado anteriormente, através do principal acesso à rodovia que é caminho para a vizinha cidade de Montividiu, abriga algumas das empresas fornecedoras de insumos agrícolas e também outras que prestam serviços de consultorias técnicas para produtores rurais da região. Além é claro, de revendedoras de máquinas e implementos agrícolas, como tratores e equipamentos de aragem e plantio, dentre outros como de transbordo que também auxiliam na colheita.
Aos domingos, acontece a feira livre do bairro, num espaço coberto, construído no final dos anos 1980 como ponto de embarque para boias frias, onde recebiam pão com manteiga e café preto, antes da lida no campo. Desde que recebeu pavimentação, o padrão estético das residências tem melhorando muito; um singelo sinal de que houve uma certa distribuição de renda na última década. Algo que evidencia que o Pauzanes acompanhou o desenvolvimento tanto do município, quanto do País.
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