Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2020

Moeda fiduciária, ouro de tolo?

 Grosso modo, o principal instrumento de gestão macroeconômica, se dá inicialmente pela política fiscal; através dela, outras políticas dessa área, são definidas; incluindo a política monetária.   Com as dificuldades surgidas para o financiamento dos gastos com a Guerra Fria, seja por conta do conflito no Vietnã ou da corrida armamentista e espacial, os Estados Unidos se viram em condições críticas de suas contas públicas.   A saída encontrada para se cobrir essas despesas só poderia sair da boa e velha emissão de moeda; aproveitando-se do fato de o dólar se tratar da reserva mundial para transações internacionais, o governo americano decidiu romper com o lastreamento em ouro como condição de garantia de valor para sua moeda.  O lastreamento do dólar ao padrão ouro, foi um dos princípios basilares dos acordos de Bretton Woods, como garantia para que a moeda americana alcançasse o status de reserva de valor internacional, antes exercida pela libra esterlina britânica.   E c omo Bretton

Estagnação e desarranjo estrutural da economia

 Desde o ano de 1980, o Brasil parece ter descoberto a receita que impõe o severo fardo da pobreza a milhões de brasileiros; trata-se de uma realidade que se dá em um nível de atividade quase sempre muito perto do piso com preços constantemente pressionados por uma suposta demanda coagida para cima.  Mesmo em situações de desemprego e contração dos salários, onde em tese, os preços também devessem ceder, a realidade comportamental entre os agentes: produtivos, de intermediação e comercialização parece não obedecer à essa lógica.   De acordo com especialistas, isso se deve exatamente pelo fator produtividade per capita, ser muito baixo entre trabalhadores no País.   Por meio dessa realidade o empresário é sempre forçado a cair na "armadilha do corte de custos" em uma realidade onde a demanda está sempre reprimida e o risco de novos investimentos devido às constantes incertezas econômicas.  Ainda dentro dessa dinâmica do corte de custos, o empresariado enxerga a mão-de-obra com

Qual é a nossa cultura?

 O estado de Goiás foi desbravado por bandeirantes paulistas, sendo a primeira expedição chefiada por Sebastião Marinho no final do Século 16, com a descoberta das primeiras minas de ouro, onde entretanto, não houve interesse em seu povoamento.  Somente por volta de 1726 ocorreu a fundação de sua primeira aglomeração urbana, por Bartolomeu Bueno da Silva (o qual, após incendiar uma pequena porção de cachaça numa cuia, ameaçando fazer o mesmo com os rios da região, ficou conhecido pelos índios através da alcunha tupi de "Anhanguera", que significa "velho diabólico").   Inicialmente conhecida como Vila Boa, recebeu mais tarde sua referência homônima à então capitania, como Cidade de "Goyaz" fixando-se assim como capital, cuja o nome foi originado ao redor da nomenclatura dos nativos os quais teriam supostamente existido nas cercanias, conhecidos como guayás, e mais tarde evoluiu para goyázes - que significa "pessoas iguais, de um mesmo povo".  Mais

Thatcher e o Estado brasileiro (grande e fraco)

    Em sua única visita ao Brasil em 1994, a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, marcou sua passagem pelo País com frases certeiras que ainda hoje a caracterizam da forma como ficou conhecida, "Dama de Ferro". Dentre uma de suas elocuções clássicas, definiu o Brasil com uma precisão de mira, muito maior do que a de qualquer atirador de elite de nossas forças.  Durante palestra proferida em um hotel de São Paulo, a ex-chefe de governo do Reino Unido nos anos 1980, disse a seguinte frase: "Defendo um Estado pequeno e forte e o que me parece é que o que vocês têm no Brasil é exatamente o inverso, ou seja, um Estado grande e fraco" .  Até hoje nenhum brasileiro conseguiu definir melhor a natureza estatal brasileira, de maneira tão precisa como então foi feita por Margaret Thatcher. Realmente, mesmo depois de tantos anos após dizer o que pensava do Brasil, naquela realidade de 26 anos atrás, a situação do nosso País, indica se tratar da mesmíssima condição

Do necessário plebiscito chileno a ingratidão constitucional no Brasil

 No último domingo de outubro (25), milhares de chilenos foram às urnas votar pelo plebiscito que decidiu que o Chile deve convocar uma assembleia nacional constituinte e elaborar uma nova constituição para o país.   Após os protestos do final de 2019, a população do Chile enfim, tem concedida por decisão soberana popular em optar por ter uma nova constituição, livre dos entulhos autoritários impostos pela carta constitucional em vigor, elaborada pelo general Pinochet, o qual governou o país, numa das ditaduras mais sangrentas da América Latina.  As constituições nacionais surgiram após revoluções populares exigirem que as monarquias as adotassem, para que a vontade do povo, manifestada institucionalmente por meio de uma assembleia de representantes eleitos, fosse acolhida.  Esse entendimento partiu das reflexões de dois pensadores iluministas, o Barão de Montesquieu - que defendeu a divisão tripartite dos poderes de Estado - e o filósofo Jean-Jacques Rousseau, o qual elaborou a ideia

Liberalismo libertino e lesivo ao consumidor

  Apesar de afirmarem o contrário, não há nada que os grandes capitalistas gostem mais do que a certeza de lucro fácil proporcionado por monopólios e exclusividade de mercado sobre os produtos que disponibilizam; livres portanto de qualquer concorrência ou pelo menos, vindo a terem vantagem competitiva bem à frente de seus rivais.  No chamado livre mercado, a competitividade entre as marcas não é senão, uma mera e vaga idealização de algo o qual nunca ocorreu na prática, porque simplesmente não é lucrativo para as grandes empresas; no entanto, os Estados Unidos do início do século passado compreendeu que para modernizar sua economia, era preciso conter os trustes, monopólios e oligopólios que reduziam o dinamismo de mercado.  Começando com regras sanitárias, o governo americano foi impelido pelas circunstâncias, a adotar medidas básicas em segurança alimentar para produtos alimentícios comercializados no começo do Século 20, através da iniciativa do empresário Henry J. Heinz (responsáv

"Não pergunte ao seu país o que ele pode fazer por você..."

 A frase proferida pelo ex-presidente norte-americano, o democrata John F. Kennedy pode fazer mais sentido agora do que na época em que o então chefe da nação mais poderosa do planeta a citou, ainda durante o seu discurso de posse o qual inaugurou seu mandato nos anos 1960.   O verdadeiro contexto o qual Kennedy se valeu para elaborar tal verdade verbalizada, acabou por se perder um pouco, mas pode ilustrar não somente uma realidade dos Estados Unidos daquela época, como também do Brasil de hoje.   Algo implícito (ao qual não pode ser interpretado como genérico), mas direcionado a um seleto grupo no discurso do presidente.  Dessa forma, a quem Kennedy estaria direcionando seu discurso com essa célebre citação?  Para compreendermos melhor essa indagação, podemos recorrer ainda aos escritos bíblicos; mais precisamente o Evangelho de Mateus, no capítulo 40 entre os versos 14 e 30: nele o evangelista relata a parábola dos talentos mencionada por Jesus na qual ilustrou três distintas situaç

A Igreja quente, a fria e a morna

 O concílio de Niceia no ano de 325 da era comum, marca a fundação do cristianismo "moderno" e o surgimento da Igreja Católica como instituição política organizada propriamente ao fim de administrar os ritos, monopolizando o domínio do Império Romano do Oriente ao redor da fé cristã e logo depois, no lado ocidental do mesmo, sobre a nova religião à qual já nascia forte e portanto bem estruturada.   A cidade de Niceia, hoje já não existe mais como tal; em seu lugar vigora a pequena e aconchegante Íznik de aproximadamente 44 mil habitantes, no atual território da Turquia, há cerca de 140 quilômetros da capital turca, Istambul, antiga Constantinopla. Como atualmente o que predomina na cultura daquele país é a religião muçulmana, o catolicismo acabou por se tornar "frio" por lá, migrando assim para sua atual sede, o território do Vaticano de 49 hectares dentro de Roma, antiga capital do Império do Ocidente e atual sede de governo da Itália.  Em território italiano sim,

O mercado, a política e a realidade

   Nas últimas semanas, o Ibovespa, índice que mede o desempenho da Bolsa de São Paulo, se recuperou do baque inicial em função dos impactos da pandemia do coronavírus sobre as economias globais e atingiu níveis acima dos 97 mil pontos. Embora essa pontuação tenha recuado nos dois últimos pregões antes do feriado de Corpus Christi, o movimento não foi mais que uma mera realização de lucros; algo que poderia ser visto com naturalidade, se não fosse pela situação da economia real, com o aumento de mortes, a saturação das estruturas e atendimento de Saúde, o desemprego, o aumento da inadimplência e a redução do poder de compra dos trabalhadores, que consequentemente pode afetar os papéis negociados das empresas na bolsa.  Como se fosse pouco, as consequências econômicas em função de quarentenas e lockdowns determinados por governos nacionais ou locais em diversas partes do mundo, manifestações contrárias a outras gestões públicas de tendências autoritárias, ou ainda, ligados a protestos c