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O custo (burro) Brasil

 Estamos em plena safra e como todos os anos ela acontece no verão que como se sabe, é o período chuvoso no Brasil. Justamente por conta de que a safra ocorre no período das chuvas, é que a nossa infraestrutura se mostra mais sensível, e todos os anos a velha história se repete..., entre trancos e barrancos de rodovias esburacadas, a pouca disponibilidade de ferrovias..., e a distâncias dos portos se mostram como uma rotina de décadas no Brasil.

 Porém o dinamismo que o País demanda como sempre, é atribuído ao papel único e absoluto do governo federal. Como se este, fosse o único agente o qual tem por obrigação, disponibilizar toda uma estrutura de produção, totalmente gratuita e sem nenhum ônus aos agentes de produção, por estes sempre considerarem que o custo de produção no Brasil é elevado e burocratizado. 

 Contudo não podemos nos deixar levar pela onda falaciosa daqueles da 'torcida do contra' ou do 'quanto pior, melhor', por sermos diariamente bombardeados por uma falange de argumentos que visam e procuram sob todas as formas, culpabilizar o governo por tudo o que há de errado na infraestrutura do Brasil.

 Mesmo com atrasos, corrupção e todas as ordens ou, (desordens) provocadas por gente de má fé dentro do governo, as coisas parecem que..., sim..., elas estão caminhando. Por mais caras que viessem a ficar, ou por mais que estourem seus orçamentos iniciais, alguma coisa sim..., pode estar à vista aos nossos olhos.

 Podemos citar os dois lados do esforço do País em se ver livre da situação de sua miséria de infraestrutura e logística: Nesse contexto podemos analisar os fatos em nossa mal fadada concepção federativa. De um lado o governo federal totalmente empenhado - mesmo que constantemente traído, com uma base de sustentação, apesar de numerosa, frágil e inconfiável, a qual se faz em suas indicações a cargos estratégicos como a Valec -, e que de certa forma, apesar dos percalços vem concluindo trechos importantes da Ferrovia Norte-Sul em nossa região.

 Também podemos citar a infelicidade de contratos de concorrência pública roubados, como no caso da Delta, responsável pelo trecho da duplicação da BR-060 entre Goiânia e Rio Verde e que por outro lado, não foram capazes de paralisar a obra. Mas já em relação ao governo estadual, a situação é desoladora, com a malha rodoviária estadual sofrendo um acelerado processo de sucateamento, onde não são raros de se observar em fotos, vídeos ou postagens nas redes sociais, sobre o calamitoso estado de conservação de nossas rodovias.

 Tudo isso, claro, influencia nos custos de produção, as quais naturalmente e sem nenhum constrangimento são repassados aos produtos e consequentemente, se tornam valores agregados, não de produção, mas de custos, realimentados até ao final da cadeia produtiva. Mas isso, se observando pelo prisma do mercado interno.

 No entanto quando a coisa se reverte para a exportação, aí é que nossos agentes produtivos comodistas e desalentados, sentem a esqualidez de nossa infraestrutura de escoamento de produção, quando percebem que já não ditam mais os preços daquilo que produzem, como antes - mesmo associados ou cooperados em alguma grande entidade de sua classe -, observando os gráficos da tal Bolsa de Chicago, que agora determina o quanto ele pode ganhar, justamente descontando os custos com transporte, armazenamento, a distância e toda a operacionalização que envolve o processo produtivo no qual trabalha.

 O papel dessas entidades classistas - que dizem representar as classes produtivas do agronegócio -, se mostram ainda menos significativas, uma vez que as mesmas perderam sua independência e chegaram a comprometer a própria legitimidade na cobrança ou na fiscalização sobre as condições da infraestrutura de estradas regionais, junto aos governos dos estados e mesmo a vicinais de competência dos municípios, que em sua maior parte, estão sem qualquer tipo de pavimento, nas regiões que registram as maiores safras do País. 

 É o caso da Aprosoja, e da Fundação Mato Grosso, no estado do Mato Grosso e a Faeg em Goiás, que são justamente os dois estados onde a infraestrutura de portos secos - praticamente inexistentes -, se encontram numa situação piorada, quando se tem apenas projetos da construção de ferrovias em áreas isoladas de vasta produção agrícola.

 Quanto a armazenagem, a falácia de que faltam armazéns para a estocagem de grãos, é o mesmo que culpar as grandes tradings e as cooperativas agrícolas, por aquilo o que seria próprio de suas incompetências - que se deixassem de investir numa área tão crucial para os seus lucros, estariam assinando suas concordatas e muita gente de diretoria estaria no olho da rua -, e uma vez também, que não faltam recursos públicos no financiamento da construção dessas grandes estruturas.

 Contudo o setor privado tanto do agronegócio, quanto de qualquer outro segmento produtivo, parece perdido na nova realidade brasileira que vem convergindo numa indução para os ganhos na produção e no volume de vendas, e que manter uma postura morosa e fleumática nos seus investimentos, visando apenas, fazer com que o consumidor pague a conta da precariedade de nossa infraestrutura, parece que vem aos poucos, emergindo à olhos vistos. Enquanto e sobre tudo, vive de conchavos políticos os quais acredita serem benéficos, mas que se mostram apenas como um escape de proteção artificialista em torno dos mecanismos econômicos que elaboram para isso, e os quais são sensivelmente prejudiciais ao País. 

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