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A pseudo falta de mão-de-obra

 Numa economia com previsão de crescimento menor do PIB, para esse e para o próximo ano, a geração de empregos continua em alta e nesse fim de ano, as vagas temporárias borbulham, apesar de uma perspectiva menor de vendas para esse natal. Mesmo assim, há um otimismo geral de que ao invés de queda nas vendas, haja de fato a manutenção no ritmo de vendas igual ao do ano passado.

 Com todas essas previsões "astrológicas/maias/2012", de queda na atividade desse ano e crescimento modesto para o ano que vem, o emprego vem registrando certo desempenho considerável (apesar de ainda haver muitos desempregados). A reserva de mercado para a contenção da crescente valorização do rendimento médio dos trabalhadores, se justifica através dos constantes argumentos da falta de qualificação e experiência dos trabalhadores.

 Mas há outros fatores que podem ser observados no mercado de trabalho:  A falsa demanda por trabalhadores em ambientes de trabalho com altíssima rotatividade, está ligada certamente naqueles em que a atividade desempenhada requer um elevado esforço físico em condições de trabalho hostis, como em ambientes muito frios ou muito quentes, onde o adicional de insalubridade é totalmente ignorado. Sem falar nas horas extras não computadas nos relógios de ponto eletrônicos...

  ...À partir do dia 1º de janeiro, todas as empresas com acima de 10 funcionários, deverão dispor de pontos eletrônicos com comprovante de horas trabalhadas, para que se evite que empresas espertinhas venham a lesar trabalhadores com pagamento parcial de horas extras trabalhadas.

A partir do dia 1º empresas espertinhas, terão que disponibilizar o ponto com comprovante

 Ambientes altamente competitivos e hostis entre os colaboradores de certas empresas contribuem para um clima 'carregado' de constante rivalidade entre os trabalhadores, gerando constante mal estar em disputas internas por funções mais nobres ou que requerem menor esforço físico. Certamente isso não se dá apenas de forma natural, mas claro, é constantemente estimulado pelas supervisões e gerências dessas empresas, objetivando a dispersão e desarticulação dos trabalhadores quanto à demandas generalizadas às quais tenham em comum. Dessa forma constituem diversas maneiras de se criar uma falsa demanda por mão-de-obra, já que em empresas com essa política de gestão de pessoas, o índice de rotatividade é bem maior.

 Como se ainda fosse pouco, temos os sindicatos pelegos que mais representam os interesses patronais que o de trabalhadores aos quais dizem representar. Servem mesmo,  apenas para lesar trabalhadores com a cobrança da contribuição sindical, ou apenas como testemunha para acerto de contas de trabalhadores demitidos.

 Um outro fator a ser considerado se deve à prática de um certo ostracismo ou boicote a figuras consideradas 'conhecidas' entre as empresas, onde não há outra saída ao indivíduo senão ser obrigado a sair da cidade - mesmo sendo ele, da própria cidade - se quizer trabalhar novamente. Essa prática adotada entre as empresas, também configura-se para a falsa demanda por mão-de-obra sempre exigente, verificada.

 Uma vez que o caráter progressista de algumas cidades, atrai um grande número de trabalhadores em sua maioria sem a tão solicitada qualificação profissional por parte dos empregadores, criam o cenário combinatório ideal para justificar os baixos salários, em pleno desacordo e contradição com o discurso de falta constante de pessoal qualificado, embora haja nessas comunidades um significativo e considerável número de pessoas economicamente ativas e aptas para diversas funções. 

 Atraindo pessoas de lugares longíquos, para todos os tipos de trabalho, e o ostracismo ou boicote das empresas  em relação a certos trabalhadores, ou ainda a recusa de alguns a trabalhar por conta das condições de trabalho e salários oferecidos, cria-se um cenário de antipatia e rivalidade dos migrantes em relação aos nativos dessas cidades, em que a falsa demanda por mão-de-obra, é entendida como preguiça ou falta de vontade de trabalhar da parte dos gentílicos locais. A atração de mais mão-de-obra barata e sem qualificação, certamente se contradiz, no tocante ao discurso de despreparo laboral dos mesmos. Sem falar em mais problemas sociais que a atração do grande número de pessoas acarreta nessas cidades, como; a favelização e a criminalidade crescente.

  

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