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Uma bagunça organizada, de 200 anos

 Ontem ao assistir o JN, fiquei perplexo com o modo de que como se dá as eleições nos Estados Unidos. Eleições indiretas para presidente; boca de urna nas eleições; a própria duração das eleições e a demora na efetuação dos resultados; e ainda, as diferentes formas de organização das eleições em cada estado americano, certamente abrem espaços para discussões no mínimo, sobre a legalidade delas, ou a sua legitimidade.

 O direito de votar parece algo realmente respeitado na democracia americana. Diferente do Brasil onde esse direito está ligado também a uma certa obrigação do eleitor.

 Já em relação ao processo eleitoral - sinceramente -, esse é bem difícil de se compreender. Por mais que os americanos (principalmente os candidatos americanos), sejam mais disciplinados do que nós brasileiros; por mais que façam eleições limpas - e isso literalmente falando, a julgar pelo estado de conservação de limpeza pública -, sejamos francos: é um processo pelo qual está mais suscetível a fraldes.

 No caso de eleições presidenciais torna-se extremamente frustrante saber que, mesmo um determinado candidato obtendo a maioria dos votos à frente de seu oponente, o mesmo possa não ser eleito. É quase o mesmo que acontece quando se vota para deputado no Brasil, onde o voto do eleitor pode ser desviado para outro candidato como critério de preenchimento de vagas na Câmara.

 O sistema funciona da seguinte forma:

 Mesmo que o eleitor vote diretamente no seu candidato, ele acaba - segundo os critérios eleitorais -, elegendo um representante (delegado do Colégio Eleitoral) no seu respectivo estado, onde este sim, poderá definir as eleições. Isto é, a quantidade de votos que esse dito representante obtiver, será repassada ao candidato.

 Acontece que se um dos candidatos conseguir uma pequena maioria de votos num determinado estado, ele pode levar também os votos do adversário. 

 Isso pode se refletir na contagem geral dos votos, uma vez que se a totalidade dos votos nos estados mais populosos ser destinada ao candidato 'A', e mesmo o candidato 'B', sendo o mais votado em todo o País, quem pode ser de fato eleito, é o candidato 'A', por ter conseguido a totalidade dos votos nos estados mais populosos. 

 Mas isso se deve também, ao fato de que o número de delegados, é proporcional à população de cada estado, e assim sendo, dada mesmo que por uma pequena margem de vantagem, o critério do "The winner takes it all" ("O vencedor leva tudo") prevalece, e o candidato acaba levando todos os votos daquele estado.

 Caso o Brasil adotasse esse sistema por exemplo, Luís Inácio da Silva, nunca teria sido eleito presidente, uma vez que nos estados mais populosos - e consequentemente mais ricos -, a antipatia em relação à sua pessoa era grande.

 Já a escolha dos representantes (os deputados de lá), é proporcional ao número de habitantes de cada estado. Ou seja, é parecido com o método brasileiro.

 Mas certamente a ausência de uma padronização do processo eleitoral nos Estados Unidos, que ocorre em respeito às peculiaridades regionais e de liberdade federativa, nos leva a entender que o processo por lá, lembra uma certa bagunça. Que em 200 anos, se mostra também, um tanto organizada.

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