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Inimig@ da escola

  Ela tem apenas 13 anos, e com tão pouca idade é capaz de incomodar. Isadora Faber, uma corajosa menina que cometeu um...   'pecado'. Um pecado pelo qual, muitos classificavam durante o período conhecido como ditadura militar, como subversão.

 Acontece que o Brasil não está mais sob a égide dos militares e segundo o que diz nossa Constituição, somos uma democracia. Onde temos no artigo 5, inciso IX, que diz:

 "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença."

 Mesmo assim, grupos reacionários e inconformados com os já quase 25 anos de democracia, garantidos por nossa Constituição, tentam à qualquer custo, monopolizar opiniões. Com o agravante de que opiniões como as de Isadora Faber, não podem prevalecer.

 Contudo é comum, grandes jornalões do País defenderem figuras como Isadora Faber. Uma jovem - que no Brasil, sofre o estigma de ser... 'jovem'. É o que podemos constatar como em matérias veiculadas no site do jornal Folha de S. PauloA opinião dos jovens só é bem vinda quando não afeta a rotina dominante dos adultos. 

 Certamente existe um esquema de corrupção na escola onde essa jovem estuda. Daí temos o porque das ameaças..., e das intimidações. Fatos que têm vitimado até mesmo membros de sua própria família - sua avó, que ficou gravemente ferida, quando sua casa foi alvo de ataques de pedradas, na última semana -, algo que os militares sabiam fazer com maestria: atingir membros das famílias daqueles tidos por 'inimigos do Estado'.

 Certamente essa é a situação de como essa jovem é vista: numa condição da qual é vista como inimiga da escola, onde estuda. Uma situação que no mínimo já deveria ter despertado o interesse do Ministério Público de Santa Catarina sobre o caso. Ou mesmo da autoridade policial judiciária local, que viesse a proteger sua integridade física e a de seus familiares.

 Ao emergir situações como a dessa jovem, nos perguntamos se isso é o que se deve à campanha midiática que procura macular e ferir a imagem do jovem no Brasil - querendo com isso, tomar pelas atitudes de uma minoria, como sendo o nivelamento por baixo de toda uma geração de jovens -, e que esteja de certa maneira também, associado ao fato de que o jovem pode mesmo incomodar com questionamentos sobre o modo de que como vivemos em sociedade. Afinal, criminalizando o jovem, se torna a forma mais prática de sonegar o seu direito de cidadão, de: questionar, manifestar e denunciar os desmandos da elite adulta. 

 O cinismo de nossa estrutura educacional, a plena situação de abandono do jovem das periferias - que infelizmente tem o traficante por herói, mesmo porque, a favela se tornou a pior inimiga dos condomínios -, sendo a polícia por conta disso, vista pelo jovem da favela também, como instituição inimiga. Soma-se a isso, o que tem sido usado como uma cortina de fumaça que a qual a mídia de um modo geral, vem usando para defender a redução da maioridade penal no Brasil.

 Isadora Faber é infinitamente meritória em sua luta:

 Primeiro - porque ela sabe que a educação é a chave que abre as portas de um futuro promissor para todos os jovens;

 Segundo - mesmo que inconscientemente, tenta neutralizar a armadilha que um sistema de ensino público falido procura, ao formar cidadãos desalentados para com o próprio País em que vive e que mais tarde também, é levado à sê-lo em relação à sua própria vida;

 Terceiro - é um exemplo para os demais da sua idade, no sentido de não se intimidar e se manter firme, mesmo com as ameças que seus professores fazem, ao se valerem dos próprios alunos da escola para isso, induzindo os mesmos, a se portarem contra a sua pessoa.

 É um exemplo para nós, agentes da Pastoral da Juventude, para que não nos deixemos intimidar pelos constantes ataques que sofremos, pelo total ostracismo e preconceito de outros movimentos católicos elitistas - que por sua vez o fazem, se valendo de concessões públicas de televisão. E que procuram à todo custo lembrar os jovens de seus 'pecados'. 

 Apenas de seus 'pecados'!   

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