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O mito do diabo

 Sabe aquela estória que a gente ouve que fulano fez algo de errado. Tudo bem quando a gente ouve apenas uma ou duas vezes, coisas comprometedoras sobre esse ou aquele indivíduo em um espaço de tempo... sei lá... muito grande. Coisa de um intervalo de 2 ou 3 anos. Mas se as referências alusivas ao sujeito persistem e ainda quando mais se conta com um batalhão de pessoas apenas com o mesmo propósito de tão apenas por difamar a pessoa, aí é melhor nos atermos às razões pelas quais passam, tamanho esforço na difamação de alguém.

 Essa sem dúvida sempre foi a melhor das táticas para fazer das pessoas, massa de manobra que a qual os poderosos sempre se utilizaram para perpetuarem seus tentáculos no poder e mantê-lo sempre ao alcance das mãos e sob controle.

 Ao longo da história da humanidade sempre fomos alvo de fábulas diabólicas. De que o diabo poderia o tempo todo estar aprontando para nos seduzir e enfim, caíssemos em pecado e de todo modo, fôssemos culpados. Ontem assisti a um vídeo sobre a história do diabo, através das civilizações, e de como elas alimentavam o imaginário das pessoas em torno de um 'inimigo da sociedade', invisível. E assim viam como pretexto, perseguir todo aquele que manifestasse estar trabalhando para ele, onde após identificados, eram torturados e depois queimados vivos em praça pública. Tudo para servir de exemplo à massa faminta por algo inebriante que despertasse adrenalina na mesma, e que assim, outros que por ventura se aventurassem a cometer tal sacrilégio, estariam assim avisados sobre seus comportamentos comprometedores. 

 Ainda esta semana, ouvindo um programa matinal de entrevistas e comentários políticos de uma importante emissora de rádio de Rio Verde, 'alguém ligou na emissora' e relatou ter sido vítima do furto de um notebook, marca: ' S T I ' de cor preto e prata - justamente as características do notebook de minha propriedade, o qual faço meus post's - num jogo ocorrido no estádio de futebol da cidade entre o time da prefeitura e outro da capital pelo campeonato goiano de pelada. Agora sinceramente, o que um cidadão vai fazer num estádio com um notebook, é algo no mínimo muito estranho. Mas tudo bem, há idiotas para tudo mesmo. 

 Num comentário sobre o fato acima descrito, nosso âncora de rádio fez uma seguinte observação: "Todos são culpados até que se prove o contrário". Não sei o que ele quis dizer com isso, e nem a quem quis insinuar que pudesse estar atingindo com esse infeliz comentário, mas algo que vejo em nossa imprensa provinciana é que de tão 'legítima', comete as mais variadas gafes. Inconstitucionais até, já que nossa Constituição prevê justamente o contrário. É aquela prerrogativa constitucional que os políticos achavam que somente eles tinham direito, como desculpa pela não aprovação da 'Lei da Ficha Limpa': A tal, 'Presunção de inocência'.

 No mundo atual - a não ser a igrejas pentecostais - ninguém vive mais às custas do demônio. É fácil criar factoides ou espalhar falácias como estratagemas de fuga de coisas que venham a comprometer os detentores do poder. Foi assim com o paladino da moralidade no Senado e é assim o tempo todo entre os poderosos de Rio Verde que possuem a imprensa local como aliada - muito bem paga para isso, por sinal - para espalhar o pânico nas pessoas, ao afirmar que a criminalidade está descontrolada na cidade e assim indiretamente atribuir a uma incompetência policial e das mesmas autoridades das quais recebem por isso. 

 Sim!... hoje nossos 'demônios' são aqueles que roubam para alimentar o vício, e eles são culpados o tempo todo pelas mazelas que afligem nossa população idônea, trabalhadora e cumpridora de suas obrigações tributárias. Mas nossa imprensa marrom provinciana tão severa para condenar pessoas comuns, sabe ao mesmo tempo, ser longânima para com os poderosos ou com aqueles cidadãos comuns, (mas de convivência pessoal de seus componentes).

 Então como estratégia da propagação do medo, como cultura, nossa imprensa trabalha contra a sociedade ao afirmar ser a culpa da criminalidade, de todos. Tendo em vista que mesmo aqueles de vida honrada são: "Culpados até que se prove o contrário". Ou será que ser amigo de radialista me faz acima de Lei? Até porque, das cinco emissoras de rádio existentes hoje na cidade, sendo três comerciais e duas comunitárias, apenas uma, não está diretamente ligada à políticos. E todas, absolutamente todas, não ousam sequer um único e mísero comentário que desagrade o prefeito ou qualquer um de seus secretários. Mas também como vão falar mal de alguém responsável pelo 'leite das crianças'.

  É dessa forma, com verdadeiras táticas de endemonização de pessoas que o bonde segue seus trilhos na dura e árdua defesa da honra de nossas autoridades. Mas como a vida está carregada de exemplos, ou melhor, maus exemplos, nosso querido Policarpo da Revista Veja, está aí, para não deixar ninguém mentindo. 

 Será que tem gente de Rio Verde tomando banho nessa 'cachoeira'? Será?

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