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Brincar de governar

 Constantes protelações, falta de planejamento técnico na condução de obras ou mesmo interesse na correção dessa ausência de planejamento de determinadas obras, que com a constante impermeabilização do solo - e apenas isso, já que políticas de urbanismo são restritas apenas na pavimentação de ruas - tem feito dos problemas já de longa data, observados pela TV na capital paulista em épocas de chuvas, também serem frequentes a algum tempo em Rio Verde.

 A chuva do último domingo na cidade deu mostras de que está chegando ao limite do tolerável dada a protelações sobre as urgentes providencias técnicas que se mostram necessárias a serem tomadas na cidade como um todo e visem principalmente a segurança das pessoas que residem nela. Para piorar a situação, o temporal do último fim de semana fez uma vítima: um adolescente, que se sabe apenas, tinha 13 anos e ainda encontra-se desaparecido.

 Pode parecer exagero, mas como a incidência desse tipo de fenômeno climático na cidade ocorre em situações isoladas - talvez, uma ou duas vezes por mandato de prefeito - tenha-se a impressão que o planejamento de obras com esse fim e como mencionado no início do post, pode perfeitamente ser protelado ou passado por cima (ou como se diz popularmente: empurrado com a barriga), com o intuito de tão somente baratear o custo das obras, ou mesmo sobrar mais recursos destinados à ela para serem embolsados por quem as executa.

 Outro grave sintoma da falta de planejamento pode ser observado em como se construir bairros inteiros sem infraestrutura, dando ênfase inicialmente ao seu povoamento e tão somente visando a especulação imobiliária de herdeiros das chácaras próximas ao centro da cidade que simplesmente loteavam suas propriedades apenas delimitando o limite das quadras, com ruas estreitas e apertadas que logo eram tomadas pelo matagal e por erosões - já que tanto o a redes elétrica elétrica (sob responsabilidade da companhia elétrica estadual); de água e esgoto (de responsabilidade da companhia estadual de saneamento); e a rede pluvial e o asfalto de obrigação da prefeitura. 

 Essa era a realidade de como surgiam os bairros de Rio Verde nos anos 70, do século passado, que para piorar, lotes eram vendidos próximos à córregos ou nascentes de córregos. Tudo sem um mínimo critério técnico ou fiscalização do poder público municipal da época, que viesse a garantir a segurança para que o mesmo pudesse, dentro desse planejamento técnico, proporcionar aos moradores desses bairros um mínimo disso.


Situação das casas após o temporal nos bairros sem planejamento
Foto extraída de: Deoclismar Notícias


 Foi dessa maneira também - sem planejamento - que as obras de canalização do Córrego Barrinha foram executadas, no início da década de 90, pelo então prefeito Paulo Roberto Cunha e com a sequência dela, na gestão de seu vice: Eurico Veloso do Carmo (mais conhecido como 'Seu' Nenzinho), que assumiu a prefeitura por conta de uma aventura devaneadora de Paulo Roberto Cunha de se candidatar ao governo de Goiás naquele ano. A obra previa a canalização do córrego com um tipo de armação em telas galvanizadas com enchimento de pedras basálticas e também a construção de duas vias paralelas marginais ao longo da extensão do córrego.

Marginal Barrinha no momento da chuva de domingo dia 15
Foto extraída de: Deoclismar Notícias


 Em 1992, ano de eleição municipal, a obra foi inaugurada sem que fosse concretizada. Não demorou muito para que começasse a apresentar problemas em sua estrutura e bastava um temporal como o de domingo passado para que as encostas nas margens do córrego começassem a desmoronar, além da péssima qualidade do asfalto nas vias marginais, que em menos de um ano já apresentava um festival de buracos ou mesmo, pedaços inteiros de pavimento arrancados pela violência das chuvas.

 Agora não há outra alternativa, a não ser providenciar as devidas correções técnicas na construção de bairros inteiros e também de obras como a canalização do Córrego Barrinha. Ou será que nossas autoridades precisarão que mais pessoas desapareçam ou morram por conta da falta de segurança ou critérios técnicos na execução de obras?

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