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GVT: antes tarde do que nunca

  Texto editado em 13/01/2012
   por Marcio Marques Alves

 A Global Village Telecom (GVT), finalmente descobriu Rio Verde no mapa; e descobriu também que ignorar uma cidade com mais de 185 mil habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de 4,260 bilhões de reais seria simplesmente como que um tiro no pé da empresa. 

 Mas o fato primordial é que a tal GVT já deveria estar operando em Rio Verde desde 2001 - quando a cidade contava ainda com uma população de 120 mil habitantes e um PIB de pouco mais de 3 bilhões de reais. Já se passaram 11 anos para que só agora a referida empresa de telecomunicações se decidisse finalmente por se instalar em Rio Verde. Tanto que há 11 anos atrás chegou a construir um prédio no centro da cidade - num terreno na esquina das ruas Dário Alves de Paiva e Geraldo Jaime onde hoje funciona uma loja de embalagens -, tendo a referida edificação ficado abandonada por alguns anos e onde por sua vez abrigaria o DG (Distribuidor Geral), que é a central de onde saem todos os cabos jampeados para as redes de linhas telefônicas.

 Mas a empresa agora promete novidades: além dos serviços de telefonia, pretende também oferecer serviços de internet e TV à cabo e ainda contará com todo o respaldo da prefeitura no que tange ao corte de ruas e calçadas por onde vão ser instalados os cabos da empresa. 

 Porém toda essa demora caracteriza as falhas do processo de privatização das telefônicas estaduais no governo FHC que foram repassadas à iniciativa privada através da Telebras (preliminarmente federalizadas), antes de enfim serem privatizadas. 

 Assim o Brasil ficou dividido em 3 regiões de cobertura, são elas: Tele Centro-Sul (antiga área da Brasil Telecom); Tele Leste-Norte-Nordeste (antiga área da Telemar) e o estado de São Paulo com a antiga Telesp. 

 Contudo o projeto inicial em que se inseriam os contratos de privatização previa também as chamadas 'operadoras espelho', para que houvesse um mínimo de concorrência nos primórdios do 'oba-oba' das privatizações. É nessa categoria (a das 'operadoras espelho'), que está inserida a GVT, que a qual atenderia toda a área de abrangência da falecida Brasil Telecom.

 Acontece que para os 'profetas do neoliberalismo', tudo seria um 'mar de rosas' dali para frente e com isso nunca poderiam prever que determinadas vencedoras dos leilões da banda C de telefonia fixa à época, simplesmente por terem capacidade de investimento; e que assim não conseguiriam atender de forma satisfatória seus potenciais clientes aos quais um dia deixaram de fazê-lo. 

 Mais uma vez cito a GVT como exemplo que para não perder sua concessão, começou a operar de forma isolada nas regiões metropolitanas dos estados de sua cobertura e só agora, depois de recuperada sua capacidade de investimento, começa enfim a desbravar o interior. 

 Mas um exemplo ainda mais escorchante foi na ocasião dos leilões da área de cobertura da antiga Telemar (oi), que precisou recorrer ao BNDES para conseguir recursos e enfim arrematar a referida área para começar com um mínimo de investimentos na modernização das linhas. 

 Mesmo com tudo isso, o discurso neoliberal ainda faz muitos questionamentos tangíveis ao cumprimento de contratos por parte dos governos. Há muitas cobranças nesse sentido aos governos sobre o cumprimento ao respeito à segurança jurídica dos contratos de privatização. 

 Por outro lado não se tem essa mesma garantia por parte dos concessionários nesse pleno cumprimento aos referidos contratos. Podemos citar como exemplo, a YPF na Argentina, onde apenas o governo foi questionado sobre o cumprimento dos mesmos, mas não na mesma medida sobre o papel desempenhado sobre a empresa espanhola Repsol, à qual não fazia os investimentos necessários de sua parte na Argentina.

 Assim podemos concluir que a doutrina neoliberal tem uma forma desigual em seu proceder, muito embora defenda a liberdade de mercado, se utiliza de ferramentas e meios keynesianos sempre disponíveis, providos do suado dinheiro dos contribuintes para cobrir rombos por conta de um proceder sempre desprovido de ética e respeito por Estados Nacionais e suas populações, mas muito mais evidenciado ainda, em relação a seus clientes.   

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