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Uma questão de perspectiva na juventude

 Os jovens e seus dogmas, esteriótipos, condutas incompreendidas. Um nivelamento que perpetuamente é feito por adultos ao longo dos anos, sempre por baixo. Do comportamento da minoria como sendo o de uma massa, o que contribui sistematicamente pela alimentação de um preconceito contra os jovens.

 Em meio aos burburinhos de uma sociedade sempre assustada quanto ao potencial de transformação que se evidencia nas mãos da juventude, pessoas de faixas etárias mais avançadas, procuram então - julgando pelo comportamento de uma minoria - estereotipar ou rotular toda a juventude, associando-a sempre a comportamentos promíscuos. E isso se pode perceber até mesmo principalmente, nas alas mais conservadoras da Igreja Católica. Assim o embate já antagônico entre adultos e jovens, se caracteriza através dos discursos de clérigos ligados à RCC (Renovação Carismática Católica), nas homilias das missas transmitidas por suas televisões, usando o poder de uma concessão pública contra a juventude "pecadora" e "laicizada", à exemplo de outras formas de exploração do tema, através de emissoras comerciais.

  Dados levantados pela FGV - Fundação Getúlio Vargas - demonstram uma queda em torno de 7,26% no número de católicos de modo geral, enquanto a mesma pesquisa mostra que o número de jovens católicos caiu de 75,22% em 2003, para 67,49% em 2009. Números que podem ser explicados por conta de que os mesmos, certamente têm procurado doutrinas mais adaptadas ao contexto de mundo ao qual vivem. 


 As maçantes críticas da mídia comercial, principalmente aquelas ligadas à denominações concorrentes, quanto aos casos de pedofilia envolvendo sacerdotes católicos; o rigor Católico contra o aborto; e o uso da camisinha; ou mesmo que se configure como sexo fora dos laços sacramentais do matrimônio; o homossexualismo ou tudo que seja contra a moral familiar, podem ser os fatores primordiais para esse debandamento da juventude para outros ritos menos rigorosos, capazes até, de promover distribuição de camisinhas em seus templos, em épocas de carnaval. Por outro lado, essa nova realidade dos jovens, movidos por "BBB's" e "Fazendas", isto é, 'casas' do campo ou da cidade, novelas com claro partidarismo em prol das causas homossexuais, têm levado os mesmos ao afastamento por completo dos recintos religiosos, onde são tragados pelo fosso sem fundos do laicismo como bandeira democrática.

 Nesse contexto, nosso prestativo clero 'Carismático', prefere a ofensa a toda uma juventude, do que rever procedimentos de evangelização mais eficazes. Não que devamos submeter nossa fé aos modismos mundanos do  século XXI, mas sim, ao invés de atacar os jovens, buscar neles o perdão e a reconciliação, tentando se inserir em seu meio, como melhor forma de compreende-los. Já que se observa a plena ignorância daquilo que os jovens católicos praticam em torno da fé, nas ações ligadas à Pastoral da Juventude pelo país, e pior, com um apoio muito limitado e restrito por parte da Igreja  ou de segmentos mais conservadores dentro dela.

 Os dados da FGV, refletem mais uma vez, nossa incompreensão quanto ao sofrimento dos excluídos. Dos jovens fora do mercado de trabalho (por conta da falta de qualificação de mão de obra); fora das universidades (por não terem conseguido sequer uma motivação para que continuassem estudando); fora da sociedade de consumo (sim! por mais que comprar não traz felicidade - mas sim, a inveja - comprar é importante pois reflete o valor do trabalho do jovem em seu meio). Ou as mesmas razões que levaram a burguesia iluminista a apoiar Lutero e Calvino, na Reforma Protestante. Esses dados nos dão a dimensão do distanciamento da Igreja de seu povo, de seus anseios, aspirações pessoais que podem sim, estarem em plena comunhão com o Evangelho e não apenas com doutrinas religiosas que se jactam como mais perfeitas e imaculadas que outras.

 Ações heroicas de jovens fora do meio religioso como, Vítor Suarez Cunha de 21 anos, que se arriscou para proteger um mendigo no Rio de Janeiro, são sistematicamente ignoradas por esses, que se auto intitulam evangelizadores (anunciadores da Boa Nova), aos quais usam de seu poder de oratória visando apenas a desmoralização da juventude, criando um sentimento coletivo de aversão aos jovens.


Paulo Alvadia/Ag. O Dia
Vitor Suarez Cunha, que foi agredido ao tentar defender um mendigo
Vitor Cunha, que foi agredido ao tentar defender um mendigo

Como jovem de 32 anos, seguidor de outro, assassinado com 33 anos por anunciar a verdadeira vontade de Deus, me sinto muito ofendido por uma parte do corpo da Igreja Católica, que apenas usa de seus meios para promoverem seus produtos vendidos em suas emissoras de TV e sites de internet. Onde um padre 'bonitão' e jovem, tem mais valor por suas cifras arrecadadas do que outros jovens anônimos que arriscam suas vidas pela causa de Cristo (mesmo que de forma inconsciente): A prática da Justiça.

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