Atualizado em 09/12/2016
Em documento encomendado por uma entidade que critica ferozmente os paraísos fiscais, a Tax Justice Network, é relatado que os ‘super-ricos brasileiros’, remeteram cerca de U$ 520 bilhões (ou mais de R$ 1 trilhão) para essas localidades que não tributam esses capitais. E o resultado de tudo isso, é que o Brasil figura entre o 4 maiores que se utilizam desse recurso pelo meio dos paraísos fiscais.
Certamente agora, na atual conjuntura de cortes nas taxas de juros, pode-se haver uma considerável migração de capitais financeiros para o investimento na produção, como defendeu Dani Rodrik, no evento de aniversário do BNDES. Que disse também, que o Brasil precisa acentuar e focar sua política econômica, na produção. Rodrik disse ainda, que o Brasil precisa encontrar uma combinação adequada entre mercado e Estado. Mas salientou que o Estado precisa ser pragmático quando for necessária a correção de políticas que se mostrarem erradas.
Artigo elaborado com base numa entrevista concedida por Dani Rodrik, à BBC Brasil.
Durante um evento promovido pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o economista turco Dani
Rodrik, comentou sobre a atuação estatal na economia brasileira e como já era
de se esperar, não fez as contumazes críticas que os economistas liberais
extremos (neoliberais), fazem. Rodrik, só fez questão de enfatizar que
economias como o Brasil, precisam ter políticas mais pragmáticas e menos
ideológicas, tanto por um ponto de vista, quanto por outro.
A verdade é que historicamente o Brasil não
teve alternativa, que não a de o governo ser o principal mecanismo indutor de
desenvolvimento de sua economia.
Controvérsias à parte, esse período se
inaugurou no governo de Getúlio Vargas e foi tão bem sucedido, que os governos
militares assim também o fizeram. Com doses maiores de irresponsabilidade,
comprometendo vultosas parcelas de nossa poupança interna e também com
financiamento externo - gerando a crise do endividamento nos anos 1980 -, em uma
política industrial que em sua maioria, não verteu resultados proporcionais ao
investimento público depositado nela.
Para tanto, chegou-se ao crime de um equívoco
nos anos 1990 - do qual amargamos agora, numa vertiginosa queda da produção
industrial -, de que: ‘A melhor política
industrial, é não ter política industrial’, numa clara associação aos
períodos de substituição de importações praticadas em maior escala pelos
governos militares, dando uma ideia do que seria a principal causa para o
desequilíbrio econômico dos anos 1980.
Rodrik classificou porém, que muita
intervenção estatal como método de indução de desenvolvimento, pode também
criar cenários viciosos de ciclos contínuos onde sempre o Estado se manterá
constante nesse sentido, nas vezes que assim achar necessário.
Com certeza, o que mais influencia em tudo
isso, certamente se dá pela política de juros elevados, que infla o câmbio e
desvia aquilo que se poderia ter por capital produtivo, sendo então canalizado
para operações no mercado de capitais financeiros. E o que por sinal, já tem
sido alvo do BC, com a política de cortes nos juros pelo Sistema Especial de Liquidação e
de Custódia (a famosa taxa Selic).
Outros empecilhos para o investimento privado
no país, se devem à elite local preferir remeter grandes reservas de dinheiro
para contas offshore nos chamados ‘paraísos fiscais’, livre de tributação,
argumentando a elevada carga de impostos no país como principal entrave para o
investimento na produção interna.
Em documento encomendado por uma entidade que critica ferozmente os paraísos fiscais, a Tax Justice Network, é relatado que os ‘super-ricos brasileiros’, remeteram cerca de U$ 520 bilhões (ou mais de R$ 1 trilhão) para essas localidades que não tributam esses capitais. E o resultado de tudo isso, é que o Brasil figura entre o 4 maiores que se utilizam desse recurso pelo meio dos paraísos fiscais.
“Quando vejo os ricos brasileiros reclamando
de impostos, só posso crer que estão blefando. Porque eles remetem dinheiro
para paraísos fiscais há muito tempo.”
Afirma John Christensen diretor da Tax Justice Network.
Certamente agora, na atual conjuntura de cortes nas taxas de juros, pode-se haver uma considerável migração de capitais financeiros para o investimento na produção, como defendeu Dani Rodrik, no evento de aniversário do BNDES. Que disse também, que o Brasil precisa acentuar e focar sua política econômica, na produção. Rodrik disse ainda, que o Brasil precisa encontrar uma combinação adequada entre mercado e Estado. Mas salientou que o Estado precisa ser pragmático quando for necessária a correção de políticas que se mostrarem erradas.
Artigo elaborado com base numa entrevista concedida por Dani Rodrik, à BBC Brasil.
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