Pular para o conteúdo principal

O fundamentalismo financeiro e o Estado indutor do desenvolvimento

Atualizado em 09/12/2016

 Durante um evento promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o economista turco Dani Rodrik, comentou sobre a atuação estatal na economia brasileira e como já era de se esperar, não fez as contumazes críticas que os economistas liberais extremos (neoliberais), fazem. Rodrik, só fez questão de enfatizar que economias como o Brasil, precisam ter políticas mais pragmáticas e menos ideológicas, tanto por um ponto de vista, quanto por outro.
  A verdade é que historicamente o Brasil não teve alternativa, que não a de o governo ser o principal mecanismo indutor de desenvolvimento de sua economia.
 
 Controvérsias à parte, esse período se inaugurou no governo de Getúlio Vargas e foi tão bem sucedido, que os governos militares assim também o fizeram. Com doses maiores de irresponsabilidade, comprometendo vultosas parcelas de nossa poupança interna e também com financiamento externo - gerando a crise do endividamento nos anos 1980 -, em uma política industrial que em sua maioria, não verteu resultados proporcionais ao investimento público depositado nela.
 
 Para tanto, chegou-se ao crime de um equívoco nos anos 1990 - do qual amargamos agora, numa vertiginosa queda da produção industrial -, de que: ‘A melhor política industrial, é não ter política industrial’, numa clara associação aos períodos de substituição de importações praticadas em maior escala pelos governos militares, dando uma ideia do que seria a principal causa para o desequilíbrio econômico dos anos 1980.
 
 Rodrik classificou porém, que muita intervenção estatal como método de indução de desenvolvimento, pode também criar cenários viciosos de ciclos contínuos onde sempre o Estado se manterá constante nesse sentido, nas vezes que assim achar necessário.

 Com certeza, o que mais influencia em tudo isso, certamente se dá pela política de juros elevados, que infla o câmbio e desvia aquilo que se poderia ter por capital produtivo, sendo então canalizado para operações no mercado de capitais financeiros. E o que por sinal, já tem sido alvo do BC, com a política de cortes nos juros pelo Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (a famosa taxa Selic).  
 
 Outros empecilhos para o investimento privado no país, se devem à elite local preferir remeter grandes reservas de dinheiro para contas offshore nos chamados ‘paraísos fiscais’, livre de tributação, argumentando a elevada carga de impostos no país como principal entrave para o investimento na produção interna.

 Em documento encomendado por uma entidade que critica ferozmente os paraísos fiscais, a Tax Justice Network, é relatado que os ‘super-ricos brasileiros’, remeteram cerca de U$ 520 bilhões (ou mais de R$ 1 trilhão) para essas localidades que não tributam esses capitais. E o resultado de tudo isso, é que o Brasil figura entre o 4 maiores que se utilizam desse recurso pelo meio dos paraísos fiscais.
  “Quando vejo os ricos brasileiros reclamando de impostos, só posso crer que estão blefando. Porque eles remetem dinheiro para paraísos fiscais há muito tempo.” Afirma John Christensen diretor da Tax Justice Network.

 Certamente agora, na atual conjuntura de cortes nas taxas de juros, pode-se haver uma considerável migração de capitais financeiros para o investimento na produção, como defendeu Dani Rodrik, no evento de aniversário do BNDES. Que disse também, que o Brasil precisa acentuar e focar sua política econômica, na produção. Rodrik disse ainda, que o Brasil precisa encontrar uma combinação adequada entre mercado e Estado. Mas salientou que o Estado precisa ser pragmático quando for necessária a correção de políticas que se mostrarem erradas.

 Artigo elaborado com base numa entrevista concedida por Dani Rodrik, à BBC Brasil.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rio Verde moderna

 Dando seqüência ao último post, em comemoração ao aniversário de 164 anos de Rio Verde, no próximo dia 05 de agosto, vamos iniciar de onde paramos: a década de 1960, quando relatei que a cidade enfim, inebriava-se num breve período onde a dupla Mauro Borges (governador do Estado) e Paulo Campos (prefeito), inaugurava uma fase onde o centro de Rio Verde passava por sua modernização.   Ruas de terra ou calçadas com paralelepípedo em basalto davam lugar ao asfalto. O paralelepípedo teve uma outra destinação, e foi usado como guias de sarjetas das novas ruas recém-pavimentadas.  Os postes que sustentavam a rede de energia elétrica de aroeira, deram lugar a modernos postes de concreto e uma iluminação pública mais potente ganhava as ruas da cidade. Tudo da energia provida de Cachoeira Dourada.  Conta-se que a primeira rua a ser pavimentada foi a Rua João Belo, (atualmente, Rua São Sebastião no centro antigo de Rio Verde). E o asfalto ficou tão bom, que a necessidade de recapeamen

Um nome estranho; um bairro que nasceu para ser "setor"

Para quem já se 'cansou' de ler sobre a história do nosso município que nesse finalzinho de agosto -celebra seu mês de aniversário-, deve portanto saber, que a chamada "arrancada para o desenvolvimento" de Rio Verde, se deu a partir dos anos 1970.  O certo, é que a cidade seguiu o ritmo do tal "milagre econômico" dos governos militares daquela época. Mas sem dúvida, o que foi determinante em tudo isso, se deu com a fundação da Comigo, no ano de 1975.  Desde o final da década até o início dos anos 1980 porém, a expansão urbana de Rio Verde também sofreu um elevado aumento, sendo que essa situação provocou o surgimento de bairros cuja a única infraestrutura disponível, se deu somente na abertura de ruas e o traçado das quadras.  A especulação imobiliária por parte dos herdeiros de propriedades antes rurais, que margeavam os limites urbanos da cidade, abriu espaço para bairros onde atualmente se verifica sobretudo, a apertura das ruas, em que muitas delas nã

Globalismo Vs nacionalismo e o futuro da humanidade

O mundo sempre viveu conflitos entre interesses privados e coletivos; mas apesar de ser um termo novo o globalismo por sua vez, teve papel preponderante nisso, logicamente adaptado aos contextos de suas épocas.  Antes, na antiguidade, as primeiras civilizações já eram globais e dominavam outras, pela força. Não que hoje os métodos de dominação tenham mudado, porém para isso, se tornaram mais sutis, e não menos violentos.  Desse modo, a sensação de violência sofrida é que pode demorar algum tempo para ser sentida; o que não ocorre de maneira uniforme por todas as populações subjugadas.  Sem falar na corrupção, a maior aliada dos dominadores contra os subjugados. Assim, pessoas do lado dos oprimidos, se veem partidárias de seus opressores, em nome de possíveis vantagens pessoais adquiridas. Alexandre, o primeiro grande conquistador, certamente de modo involuntário, foi o primeiro a difundir o globalismo, através de seus exércitos. Porém, conforme diz sua história, ele teria chorado por n