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Modinha anti TV Globo de efeito alienador continuado

 É cada vez mais comum se ouvir que as pessoas estão gradativamente deixando de assistir programas da Globo; não se sabe porém o nível de sinceridade de uma declaração que tem todas as características de se tratar de mais uma onda modista de momento, que porém, não tem surtido qualquer efeito benéfico sobre a sociedade. 

 Se fosse fato mesmo que as pessoas estejam assistindo cada vez menos a Globo, sem ocorrer um aumento da audiência para emissoras concorrentes, então temos uma incoerência de opinião. Mais grave ainda quando aqueles que alegam não mais serem telespectadores da segunda maior rede de televisão do mundo, pouco tenham mudado suas opiniões sobre os mais diversos assuntos e mesmo assim, atribuir somente à Globo, a alienação de massas. 

 Naturalmente quando um movimento de massa é percebido repentinamente, o resultado reverso disso logo também já deveria estar sendo sentido no comportamento da sociedade. Assim sendo, por mais que a Globo esteja sendo acusada pela opinião pública de ser manipuladora do conteúdo exibido por ela no sentido de moldar a opinião, o suposto antigo público da Globo, não deixou de manifestar sua alienação por isso. 

 Por essa razão, as pessoas acabam praticamente expressando o mesmo pensamento predominante do senso comum, em torno dos mais variados assuntos e não despertaram dentro de si mesmas, novos horizontes além de temas como aborto, porte de armas para cidadãos comuns, pena de morte, casamento civil para pessoas no mesmo sexo, a liberação de drogas consideradas leves e meio ambiente; enquanto outros assuntos tão ou até mais importantes que estes passam incógnitos.

 Em suma, o fato de uma significativa parcela da população atualmente alegar que não assiste mais à TV Globo, não foi capaz de libertar essa mesma faixa populacional de suas convicções pessoais. Logicamente, os efeitos de um processo de compreensão do mundo à volta das pessoas que deixaram de assistir a Globo, requer um processo de desconstrução de antigos paradigmas, e não ser fator suficiente para que as pessoas se vejam mais inteligentes e cultas por simplesmente estarem cada vez menos assistindo a Globo. 

 Tanto que não houve registro de nenhuma disparada na venda de livros, seja pela internet ou nas livrarias, por exemplo. O fato de que em eventos como o Rock In Rio, pessoas gritem "Fora Temer" ou que modelos famosas como Gisele Bündchen chorem pelo desmatamento da Amazônia depois de ter apoiado a subida do responsável direto por esse desmatamento à chefia de governo do País, tem evidenciado como um movimento que busca retirar daqueles que apoiaram o golpe, algum peso de culpa ou consciência em defendê-lo abertamente. 

 O desmanche do Estado Nacional Brasileiro da parte do governo golpista continua sendo minimizado ao extremo, tanto que os mesmos que afirmam não mais assistir à Globo, manifestam qualquer tipo de preocupação com estes temas. Não sabem por exemplo, que por trás do chamado "Estado mínimo" defendido pela Globo e "coincidentemente" também por eles mesmos - os quais dizem ter evadido da faixa de público cativo da TV Globo -, ainda não são capazes de associar os riscos da defesa indiscriminada do tal Estado mínimo para a soberania do Brasil. 

 Outra questão completamente ignorada pelo público que se diz culto por ter deixado de assistir a Globo, se dá por nosso maior problema na atualidade; um problema ainda mais grave que a própria corrupção: que é a dívida pública brasileira que consome nada mais que metade de todo o orçamento federal com juros e amortizações de um passivo nacional que já compromete quase 80% de tudo o que o Brasil produziu até hoje, medido pelo Produto Interno Bruto (PIB).

 A desigualdade social, a fome e a miséria que haviam sido atenuadas num passado recente, voltaram com força após a consolidação do golpe de 2016, mas o fato de boa parte da população brasileira afirmar que deixou de assistir a Globo, não foi fator forte o suficiente para fazer essas pessoas reconhecerem que esses problemas estão muito além do que se entende como simples comodismo ou coitadismo da parte das vítimas que sobrevivem a essas mazelas.

William Bonner, entrevista a recém-eleita presidente da República, Dilma Rousseff (Foto: Wikipedia). 

 A maioria quase absoluta mesmo depois de terem deixado de assistir à Globo, continuam acreditando que aqueles que vivem na miséria ou passam por privações, nada mais sejam que o produto de suas próprias apatias, ociosidades ou indolências. Portanto, não é possível perceber ainda, os benefícios para a sociedade, de uma mudança de conceitos e paradigmas de opiniões sobre os mais variados temas, pela simples razão de uma parte significativa de brasileiros ter parado de assistir a Globo.

 Significa dizer ainda que a Globo participou expressivamente do processo de moldagem da opinião, mas que não pode ser responsabilizada sozinha por isto, quando procurou também seguir essa moldagem, antenada de acordo com as tendências opinativas populares.    

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