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Sonegação, meta fiscal e sonegação (de novo)

 Enfim chegou o esperado dia do anúncio oficial dos nomes que comporão a equipe econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. 

 Os nomes de Joaquim Levy para a Fazenda, Nelson Barbosa no Planejamento e a permanência de Alexandre Tombini no Banco Central parecem ser um alento para a turbulenta relação do governo com esse organismo oculto, chamado 'mercado'. 

 A palavra de ordem é "arrumar a casa", e garantir o "leite das crianças" no que tange aos *resultados primários (que já há seis meses, registra déficit).

 *Resultado primário é a parcela obtida entre o que se gasta e o que se arrecada (não computada como despesas financeiras, ou seja, com despesas da própria dívida brasileira). 

 O resultado primário, deve ser sempre superavitário, pois essa "sobra" de arrecadação dos impostos, é usada para o pagamento de juros do serviço da dívida pública brasileira.  

 Por isso a expectativa é o chamado 'arrocho' do qual Dilma tanto fez questão de afirmar que seria seu adversário que efetuaria. 

 O problema, segundo os especialistas do mercado, seria a chamada "contabilidade criativa", que foi vista como algo usado para mascarar a realidade das contas públicas e comprometeu seriamente a credibilidade do governo junto ao mercado.

Levy, Barbosa e Tombini: a trinca de azes do governo para o restabelecimento da confiança com o mercado
  
Porém, o que se espera desse "arrocho", não é propriamente corte de gastos para cumprir as metas fiscais. Esses cortes implicariam na paralisação ou na redução do ritmo das obras do PAC, por exemplo. Tão alardeadas por sua necessidade como condição premente para o Brasil alcançar taxas robustas e sustentáveis de crescimento. 

 Com isso, caso vivêssemos em outras épocas, obras vitais para o melhoramento da infraestrutura do País estariam comprometidas. 

 Essa é a razão para no passado ter ocorrido racionamento de energia elétrica (porque ao invés de o governo da época construir hidrelétricas, preferiu se comprometer com elevadas taxas de superávit primário e assim fazer média com o mercado).

 O resultado dessa escolha foi dramático: vindo de um ano com bom resultado no crescimento do PIB no ano 2000 (algo em torno de 4%), com o racionamento de energia do ano seguinte, a taxa de expansão da economia desabou para 1,2%.

 Esperou-se que houvesse o repeteco do apagão de 2001. Desde 2012, as previsões de que um novo apagão pudesse ocorrer novamente no Brasil, assombrava o noticiário - escrito e eletrônico -, na 'esperança' de que isso talvez fosse usado como causa para as baixas taxas de crescimento que tivemos nos últimos três anos; e assim poderem mascarar o boicote empreendido contra a economia nacional que a manteve estagnada. 

 Fica claro portanto que a melhor forma para o País melhorar suas contas públicas, não é com austeridade, com corte de gastos e arrocho, mas sim, com crescimento - que reduz a proporção dívida/PIB, aumenta a arrecadação e propicia melhores resultados primários. E o mais importante: gera empregos, promove distribuição de renda (que aumenta o consumo), e todos ficam felizes da vida.

 Contudo, não são todos os agentes econômicos que estão dispostos a colaborar para que a economia cresça. Boa parte deles, movidos por interesses ideológicos (e lógico, pessoais), procuram tirar o máximo proveito possível da situação. 

 Muito mais grave do que a queda de arrecadação por conta do baixo crescimento (e das generosas desonerações tributárias), é a sonegação de impostos que em 2013 superou a marca de R$ 415 bilhões e seguramente este ano chegará perto de R$ 500 bi.

 Se o governo brasileiro recebesse todo o imposto sonegado, certamente teria recursos para cumprir seus compromissos fiscais, mesmo com a economia quase parando e arrecadação fragilizada.

 Portanto muito mais que cortar gastos, é aumentar a arrecadação, mas não com novos impostos, e sim, cobrando de quem deve e não paga e que faz remessas tanto legais quanto ilegais para o exterior. 

 Aliás, um novo imposto até viria a calhar: desengavetar o imposto sobre grandes fortunas e o rastreamento de divisas que são remetidas para o exterior, já seria o primeiro passo para o pleno cumprimento das metas fiscais e assim, garantir a permanência do grau de investimento brasileiro. 

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