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A coisa está 'russa' na França

 Desde que o governo francês anunciou aumento de impostos para os mais abastados, uma horda oposicionista da parte de cidadãos ilustres está liderando um movimento desertor instigante em protesto à iniciativa governamental. 

 Dependendo da popularidade que um artista famoso detém em um determinado meio, suas atitudes podem desencadear um efeito comportamental em massa, capaz de infundir um determinado tipo de ação, induzindo uma ala da sociedade da qual enxergue certa identificação com esse artista, a tomar o mesmo rumo, principalmente em situações de crises.

 Pode estar aí o grande desafio do presidente François Hollande, o de tentar fazer com que os ricos entendam que o Estado precisa aumentar sua base de financiamento. Já os artistas que nesse caso agem como porta-vozes de seus pares  sociais, não querem pagar mais, mas defendem que o governo deveria melhorar o financiamento do Estado, porém não com aumentos de impostos, e sim, com uma otimização de gastos. 

 Lógico o presidente francês, não poderá impedir que as pessoas se mudem da França apenas por não concordarem em pagar mais impostos. Contudo a mensagem subliminar de protesto contida na atitude de atores como Gérard Depardieu e Brigitte Bardot, carrega em sua essência a 'pregação bíblica' do neoliberalismo: na eterna oposição aos governos. 

Depardieu não quis saber de mais impostos
  
 Aquilo talvez que tivesse sido o cerne das razões para a coibição dos abusos das Cortes monárquicas do século XVII, que tem seu berço nos ideais de  Liberdade, Igualdade e Fraternidade, nas concepções literárias dos pensadores iluministas, da gestação do liberalismo clássico na própria França. Mas claro, hoje apenas o único e conveniente ideal respeitado ou mais reivindicado é a Liberdade - princípio primaz da democracia -, entretanto a Igualdade, e em muito menor grau ainda, a Fraternidade são sistematicamente esquecidos quando o assunto é pagar mais impostos. 

Bardot quer seguir o exemplo do colega
 O que muita gente se recusa a reconhecer é que os governos atualmente - mesmo que ainda persistam muitos com comportamentos contraditórios -, hoje são o principal agente de balização social. Nesse caso (essencialmente nos países europeus que adotaram o estado de bem-estar social, como principal política de equalização de oportunidades), o financiamento do Estado é primordial.

 Naturalmente a crítica que há em torno do estado de bem-estar social, são os elevados gastos do governo pelo conforto da população, o que por sua vez, faz com que os governos precisem recorrer a seus credores para cobrir seus déficits nominais, aumentando o estoque de suas dívidas. 

 Então o conceito abordado inicialmente neste post, de melhorar os meios de financiamento e também a empregabilidade dele ou a sua melhor forma de uso, se faz a demanda mais premente. Porém se as causas nobres não parecem tão nobres assim a sonegadores famosos declarados, o que resta à eles é somente a admiração de seus pares estultos, ou que acreditam que suas necessidades são mais importantes do que o conceito da função do Estado na sociedade contemporânea.

 Para eles lhes resta o êxodo para a Rússia.

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