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Potência desigual

 Um 'milagre': foi como classificou a economista da Universidade de Washington Scheherazade Rehman, sobre o futuro do crescimento sustentável da economia brasileira para os próximos anos.

 Em entrevista concedida à BBC Brasil (confira no link abaixo), a economista disse que o principal entrave para a economia brasileira - além da infraestrutura -, é a pobreza e a desigualdade de renda. E que de acordo com ela, o problema é tão profundo e sistêmico que afeta significativamente na criminalidade.


 Por conta de seu principal gargalo, o Brasil segundo Scheherazade Rehman, corre o risco de ficar eternamente na vanguarda do desenvolvimento ou mesmo vir a perder a oportunidade de se tornar uma potência mundial.

BBC Brasil: A Sra disse que o Brasil só se tornará uma potência econômica global se acontecer um "milagre". Por que acha que é tão difícil para o país conseguir isso?
Rehman: Porque acho que os problemas que o Brasil precisa resolver são muito, muito grandes e não podem ser consertados de um dia para o outro. Não são desequilíbrios macroeconômicos, são problemas sistêmicos e profundos.
Sim, há desenvolvimentos no campo da infraestrutura, mas o Brasil é um país enorme, com uma população diversa e localizada em certas áreas. Isso traz uma série de desafios para o transporte. Além do mais, o problema não é só de eficiência econômica: inclui também a pobreza e a desigualdade de renda, que estão ligados ao crime. É uma questão de elevar o nível da sociedade.
Veja a África do Sul, por exemplo: recebeu muitos investimentos para a Copa do Mundo, e os gerenciou muito bem, mas e agora? Como a África do Sul, o Brasil também tem uma grande parcela da população pobre vivendo em moradias carentes nas periferias das grandes cidades. Esses problemas levam décadas para serem consertados.
O país precisa de um plano mais amplo de desenvolvimento para além de 2016, e eu não estou vendo isso.

 Numa busca por uma análise localizada em torno da observação da economista, podemos concluir que a sociedade de hoje sofre com aquilo que foi deixado de ser assistido, essencialmente no que tange à educação de crianças e jovens, e no adequado encaminhamento profissional, dentro de uma política social de acompanhamento deles e de suas famílias. Evidentemente com as políticas neoliberais da era hegemônica tucana, ocorreu um estancamento do investimento, e muito mais ainda, no investimento de capital humano.

 Atualmente há uma carência evidente de mão-de-obra qualificada, porém isso se dá em torno do que deixou de ser feito mais especificamente nos 1990 e 2000.

 Em Goiás o atual governador que se gaba por auferir altas taxas de crescimento do PIB - acima portanto, da média nacional, mas sem inclusão social -, patrocina uma maciça campanha midiática em seu governo, pela criminalização do jovem (sempre sem muitas oportunidades de ascensão pela via do trabalho no estado).

 Vale lembrar que na primeira ocasião em que Marconi Perillo foi governador de Goiás (1999-2006), o mesmo não fez os investimentos sociais necessários na educação que o estado demandou. O resultado podemos observar atualmente no elevado índice da criminalidade envolvendo jovens. E os índices são ainda mais relevantes à medida que a situação social de pobreza desses jovens vai ficando mais vulnerável. 

 O que se dá no caso goiano 'miraculosamente' - como citado pela economista da Universidade de Washington Scheherazade Rehman -, se faz pela importação de mão-de-obra qualificada de outros estados, portanto excluindo mão-de-obra local (mais especificamente do Sul e Sudeste) ou, simplesmente pessoas 'sem qualificação', executando trabalhos daqueles que cobrariam salários de pessoas qualificadas.

Apagão - Hoje a edição do meio-dia do jornalzinho da ex-TV Riviera reportou as dificuldades que uma família que possui uma propriedade de agricultura familiar no município de Rio Verde, enfrenta por ainda não dispor de energia elétrica. 

 Segundo a tendenciosa reportagem, o proprietário da pequena fazenda se inscreveu no programa 'Luz para Todos' do governo federal há mais ou menos, cerca de 8 anos e ainda não foi contemplado com o benefício. Ocorre que a reportagem se 'esqueceu' de mencionar, que todos os programas do governo federal, são administrados pelos entes federativos mais próximos do cidadão - nesse caso o governo estadual, através de sua estatal de energia Celg.

 Apagão natalino - Em outra reportagem, a ex-TV Riviera noticiou a inauguração da iluminação de natal na Praça da Matriz. Enquanto isso, toda a região oeste da cidade estava às escuras.  

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