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Jesus e a ficção

 Um enredo perfeito que inspirou tantas outras histórias da ficção. Jesus seria o 'super-herói' sob medida para qualquer tipo de história 'criada' pelo homem com fins comerciais de entretenimento de massas, se não tivesse o 'final triste' da cruz.

 Certamente a cruz não combina com super-heróis e ela de certa maneira é o simbolismo da derrota, da dor; simboliza que o 'Jesus super-herói' não passa de um reles mortal; que sangra; sente dor e o pior: passa por todos os tipos de humilhações possíveis.

 No máximo o que os enredos dos heróis da ficção nos oferece, é um exílio forçado do personagem principal, donde mais tarde - depois de recuperada suas forças -, o mesmo retorna mais forte do que antes e então triunfa sobre o seu inimigo.

 Até mesmo numa situação dessas, o cinema se inspira na história de Cristo, para dar um pouco mais de realismo, e ou mesmo, um singelo toque sutil de humanismo ao personagem retratado no filme, numa situação alusiva à ressurreição.

 De todos os heróis da ficção, talvez o que mais se assemelhe à figura de Cristo seja o Superman (ou Super-homem em sua transliteração exata para o português).

 Superman, foi um personagem criado segundo a semelhança do Messias prometido nos moldes judaicos. Segundo a tradição judaica, o Messias viria do céu para instaurar um reino ou uma espécie de governo de Deus na Terra, onde a partir disso, haveria uma nova Terra (uma Terra sem males).

 Dentro da tradição cristã, que narra o 'herói bíblico' que morre depois de sofrer muito, mas que depois ressuscita dos mortos - sendo essa a essência da fé de todos os cristãos: o fato de que o Messias (ou Cristo em grego), vem como um herói 'fracassado' e onde do qual desperta a desconfiança das autoridades  - ao invés de conquistá-la para o lustro de sua reputação (à exemplo do Superman) -, com isso, se vê condenado à morte, dentro da forma mais dura e humilhante de execução penal.

 Algo que um roteirista nunca permitiria que um de seus personagens, principalmente por serem seres extraterrestres com superpoderes viessem a passar (apesar de Jesus também dispor de poderes sobrenaturais, mas usados de uma forma que em nada lembra os dotes dos super-heróis).

 Dentro de outros exemplos de personagens de ficção inspirados em Jesus, podemos citar 'Neo' de Matrix, que foi 'escolhido' para uma missão para libertar a humanidade de uma espécie de encanto cibernético no qual os humanos viviam dentro da virtualidade de uma falsa realidade.

 As habilidades de Neo, são consolidadas no segundo filme da trilogia, em que as semelhanças com Cristo e Superman se mostram acentuadas, adquirindo poderes de cura e voo. 

 Mas porque os roteiristas se inspiram na figura de Jesus para a criação de seus personagens, mas renegam o lado  humano, frágil e vulnerável dele nesses personagens? 

 Heróis que têm a missão de 'salvar' a humanidade, mas sempre fazem uso de força coercitiva; como se o mesmo tivesse a legitimidade do poder constituído outorgado para tal, enquanto no caso de Jesus, o que fica caracterizado é justamente essa negação do reconhecimento dessa outorgação 'pretendida' por Cristo, junto às autoridades de sua época. 

 Talvez porque, fosse exatamente isso o que as autoridades  contemporâneas de Jesus assim o esperassem de sua parte. Um cristo que fosse enviado por Deus dentro do único propósito da libertação do povo de Israel do jugo romano. Jesus por outro lado, fez questão de se livrar da imagem do messias desejado e procurou impor a imagem do Messias necessário.

 Embora o ateísmo venha ganhando força no mundo contemporâneo, a inspiração da imagem do Redentor é sempre reivindicada pelos criadores das histórias que envolvem super-heróis. Algo que exprime a necessidade do ser humano de vir a ter um salvador; alguém que viesse a cuidar da humanidade (porém, que não usasse isso como forma de dominação pretensiosa e então partisse para a figura de um governante tirano), contudo, como um herói que presta seus relevantes serviços, unicamente apenas pelo bem da humanidade.

 De certa forma, isso acaba por revelar a carência que os fãs dos heróis do cinema exprimem de forma inconfessada a necessidade de uma comunhão plena com Cristo. Já a figura desses heróis nos remete a algo subliminar à imagem do Super-Cristo, que por outro lado, quer ser venerado justamente como o oposto dos super-heróis seculares. 

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