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Apagão no Réveillon

 Se o ano de 2017 ficou marcado pela estreia da empresa de energia italiana Enel, no controle majoritário da Celg-Distribuição, o ano de 2018 que nem bem começou teve o registro de suas primeiras horas no escuro em alguns bairros de Rio Verde, mas principalmente ainda, em 90% da cidade vizinha, de Jataí, distante 85 Km; e mesmo entre o caos e o transtorno causado pela falta de eletricidade, a situação foi encarada por parte dos jataienses com muito bom humor nas redes sociais. 

 Mas ainda em 2017 as sucessivas trapalhadas da Enel, indicavam que não seria nada fácil os primeiros meses de relação da nova companhia energética com seus consumidores. Contudo o destaque da imprensa em todo esse período, se deu mais ao redor de notícias policiais, sendo por último a rebelião no presídio local e em outros - de mais duas cidades do estado (o qual teve maior destaque) -, que propriamente no transtorno das frequentes falhas, seja no fornecimento ou na completa falta de energia elétrica nas residências de milhares de clientes da empresa. 

 Assim sendo, fica nítido portanto que o destaque exacerbado da imprensa eletrônica (essencialmente falada), sobre fatos tangíveis a criminalidade, evidenciam o que há muito este blog vem denunciando: de que essas notícias nada mais servem como cortinas de fumaça para encobrir falhas e deficiências do governo Marconi Perillo (PSDB), e buscar com isso, uma blindagem a seu nome contra qualquer fato negativo em torno de ações erradas tomadas em seu governo.

  O apagão do final de novembro ocorrido devido a falhas na linha de transmissão que parte da geradora de Cachoeira Dourada na divisa dos estados de Minas Gerais e Goiás - também pertencente a Enel -, deixou parte do Sul e todo o Sudoeste de Goiás no escuro por mais de oito horas. Já nos últimos quatro dias que antecederam a passagem do Final de Ano em Jataí, as queixas se deram em torno das constantes quedas de energia na maior parte da cidade cuja população estimada pelo IBGE, gira em pouco mais de 98 mil habitantes.

 Apesar de propagado pela imprensa de que a Celg teria sido privatizada, a verdade é que com a operação de venda, ocorrida em novembro de 2016 na sede da BM&FBovespa em São Paulo, houve o repasse do controle acionário de 51% da empresa goiana de energia - que estava em mãos da Eletrobras, após o processo de federalização da Celg, mais os 49% restantes do governo de Goiás -, ao Estado Nacional italiano, uma vez que se trata do maior acionista individual da Enel, o qual possui 21,10% da companhia - ainda que não tenha havido a aquisição completa da Celg pela referida estatal europeia.

 O que mais chama atenção em todo esse processo de venda da Celg, se dá numa mudança de "360°" no curso das negociações de aquisição da empresa, tendo em vista que a favorita e que mais vinha demonstrando interesse na compra da Celg-D, era a chinesa State Grid a qual possui escritório e subestação de energia em Rio Verde e está construindo o linhão de transmissão que parte da Usina de Belo Monte, no Pará, passará pelo Distrito Federal e deverá chegar a cidade de Pedregulho em São Paulo. 

 No dia leilão porém, a Enel se apresentou como única interessada e arrematou a Celg por R$ 2,187 bilhões com ágio de 28% sobre o valor inicial de R$ 1,7 bi. Por outro lado, a State Grid preferiu viabilizar o controle da empresa paulista de energia CPFL, e além do projeto linhão de Belo Monte citado acima (previsto para ser entregue em janeiro de 2019), a companhia chinesa também tem cerca de mais dez projetos de expansão e construção de novas linhas de transmissão, dentre eles: o que sai de Itumbiara, passa por Rio Verde, adentra o estado do Mato Grosso e segue até o extremo norte do ente federativo vizinho. 

 No entanto ao contrário da State Grid e apesar de ter conseguido arrematar sozinha e ainda de quebra, a concessão de uma substancial renúncia fiscal da parte do governo goiano por conta da aquisição da Companhia Energética de Goiás, a Enel ainda não divulgou qualquer plano de investimentos de expansão das redes, e melhoria da qualidade do fornecimento de energia nos 237 municípios atendidos pela Celg-D.  

 Os meios de imprensa da capital se calam, principalmente no que gira ao redor de fatos como estes, ocorridos no interior do estado, e com isso os constantes apagões de Jataí e Rio Verde, ficaram apenas no relato e na memória dos moradores das duas maiores cidades da região, sem que o restante do estado tomasse nota dos transtornos vividos por essas populações. 

 Aliás, os problemas ocasionados nas três maiores cidades goianas ao redor da região metropolitana da capital, parecem ser muito mais sérios, que questões envolvendo outros importantes municípios do interior do estado na avaliação editorial dos veículos de imprensa de Goiânia. O apagão de novembro apesar de ter atingido um número considerável de cidades do sul e sudoeste de Goiás, sequer teve qualquer registro considerável nos meios de imprensa, tanto da capital quanto do interior. 

 A lei da mordaça da publicidade oficial imposta pelo governador do estado, parece também visar a blindagem em torno de qualquer consequência negativa dos atos de Perillo na condução do plano de desestatização da Celg, em conjunto com o governo do presidente Michel Temer e que se tem evidenciado como que um verdadeiro fracasso. A venda da Celg, diga-se de passagem, foi a primeira do governo Temer e foi amplamente anunciada em meio a grande euforia pela imprensa nacional. 

 Com isso nada em torno das ações de investimento ou desenvolvimento do governo Marconi Perillo é questionado pela imprensa goiana.

Flagrante de curto circuito em rede 
elétrica de  Jataí  no  dia  31  de de-
zembro.
 E assim em meio aos constantes apagões e interrupções no fornecimento de energia porém, nenhum deputado, senador ou prefeito ousa questionar o governador do estado - o qual 'gentilmente' concedeu renúncia fiscal a estatal italiana de energia; nenhum deles intermediou qualquer conversa, ou declaração oficial de como se daria os possíveis investimentos previstos pela Enel. 

 Nada no sentido do melhoramento e do aumento da oferta de energia para Goiás, foi apresentado e o que mais assusta é que nenhuma autoridade sequer questiona algo sobre isso; nem mesmo a Procuradoria de Justiça do Estado. Há um silêncio total e uma completa apatia letárgica generalizada quanto a toda essa situação envolvendo a nova controladora da Celg-D.

 A Assembleia Legislativa e as câmaras de vereadores, dado ao recesso parlamentar estão quietas; logicamente porém, este e aquele deputado (ou mesmo vereador), deveriam ao menos esboçar algum tipo de reação, um mínimo de preocupação que fosse com o grave problema das frequentes quedas de energia, dada a crescente insatisfação de consumidores com a promessa de que todos os problemas no fornecimento seriam solucionados com a venda da Celg (evidentemente ainda, por conta da proximidade das eleições).

 E ao se tomar por base as declarações do deputado estadual, Lissauer Vieira (PSB), concedidas em entrevista a uma emissora de rádio de Rio Verde, só teremos mesmo que contar com "as graças Deus" e confiar que a Enel venha paulatinamente disponibilizar um serviço de melhor qualidade no fornecimento de energia em Goiás.    

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