A pergunta trazida pelo título pode ser simbólica, mas vem contida em suas entrelinhas, a essência da cultura, não somente brasileira, como a de qualquer outro país - sendo evidentemente, uns menos e outros mais -, que é a corrupção. A associação direta entre a política de preços adotada pela rede varejista na chamada 'Black Friday', em que tanto nas edições anteriores, quanto nesta (um pouco menos), verificou-se maquiagem de preços, evidencia corrupção da parte dos comerciantes.
A mania do 'jeitinho brasileiro' dá a peculiaridade de um costume americano que na verdade, visa antecipar o Natal ou desovar estoques para que um novo, possa abastecer as lojas no Fim de Ano, atendendo a uma necessidade de demanda por produção da indústria e o consumidor que leva produtos com datas de fabricação mais recentes. No Brasil como não há a preocupação com a economia real, mas sim com a economia especulativa de se lucrar o máximo possível com muito barulho e poucas ofertas realmente atrativas ao consumidor, o verdadeiro intuito da Black Friday, se perde no barulho ludibrioso das campanhas publicitárias.
No Brasil como a obrigação para com o crescimento da economia parece recair somente ao governo - que precisa criar condições para lá de vantajosas (e que fere até mesmo a convenções internacionais da Organização Mundial do Comércio - OMC) -, para que a indústria se veja instada a produzir, os próprios grupos industriais produzem o básico, a rede atacadista ou as grandes redes varejistas que contam com centros de distribuição próprios, adquirem o mínimo possível e vendem o mais caro que podem, com uma infinidade de custos, juros, taxas e serviços embutidos nos produtos que tornam a compra quase que inviável para o consumidor final.
Nessa mentalidade de se conseguir a maximização de lucros em vista do mínimo a ser produzido, o Brasil acabou desenvolvendo um tipo de 'subcapitalismo' liberal (pseudo keynesianista) dos trópicos, onde o governo é impelido a oferecer vantagens a agentes econômicos privados - pouco compromissados com os resultados -, por esses agentes justamente crerem que seja conveniente para eles, que o governo não lhes cobre pelos efeitos das políticas de incentivo na economia (o que por sua vez, seria entendido como interferência estatal no segmento privado).
Assim o país caminha para o atraso perene, já que não há compromisso para com o crescimento da economia aonde as vendas no varejo pudessem impactar, a não ser, na maior extração de lucros possíveis, em detrimento do mínimo a ser produzido, distribuído e vendido na rede varejista do comércio nacional. A Black Friday no Brasil é mais um engodo tupiniquim, adaptado aos moldes de quem já se acostumou a ganhar dinheiro fácil, às custas do trabalhador, mas que mesmo assim, quer manter a panca de que só ele trabalha, porque poucos como ele, conseguiram o que ele conseguiu.
Esse é o resultado de um capitalismo distorcido em que se prefere o atraso quase que absoluto, a propagar facilidades de aquisição de produtos a preços módicos e civilizados durante o ano inteiro. E que quando enfim o varejo sentisse a necessidade de desovar seus estoques, que apelasse para promoções ou liquidações realmente factíveis e mais próximas da realidade, do que uma simples data marcada para em boa parte dos casos, ludibriar consumidores.
Assim o país caminha para o atraso perene, já que não há compromisso para com o crescimento da economia aonde as vendas no varejo pudessem impactar, a não ser, na maior extração de lucros possíveis, em detrimento do mínimo a ser produzido, distribuído e vendido na rede varejista do comércio nacional. A Black Friday no Brasil é mais um engodo tupiniquim, adaptado aos moldes de quem já se acostumou a ganhar dinheiro fácil, às custas do trabalhador, mas que mesmo assim, quer manter a panca de que só ele trabalha, porque poucos como ele, conseguiram o que ele conseguiu.
Esse é o resultado de um capitalismo distorcido em que se prefere o atraso quase que absoluto, a propagar facilidades de aquisição de produtos a preços módicos e civilizados durante o ano inteiro. E que quando enfim o varejo sentisse a necessidade de desovar seus estoques, que apelasse para promoções ou liquidações realmente factíveis e mais próximas da realidade, do que uma simples data marcada para em boa parte dos casos, ludibriar consumidores.
Pois é, Marcio. Seu artigo me remete ao livro "O que faz do brasil, Brasil", de Roberto DaMatta, e sua menção ao jeitinho brasileiro. DaMatta só não tinha discorrido sobre a malandragem tupiniquim em relação à economia. Em verdade, segundo o antropólogo, em qualquer lugar do mundo aquilo que pode ou não pode quem é diz a lei. No Brasil, o que pode ou não pode, depende... de picaretagem, malandragem, apadrinhamento... e agora com você complementando, pode tudo aquilo que conseguir explorar a ingenuidade das pessoas. Por exemplo, vender algo mais caro convencendo de que está mais barato. Keynes e Addam Smith não contavam com a astúcia do brasileiro. Parabéns pelo texto. Gostei muito.
ResponderExcluirCertamente, o "jeitinho brasileiro" é o que faz do brasileiro tão peculiarmente negativo para com seus próprios compatriotas.
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