Nesta terça (09), a presidente Dilma Rousseff anunciou o mega pacote de concessões de quase R$ 200 bilhões. No bojo, a cessão de boa parte de toda a infraestrutura construída em seu primeiro mandato para a iniciativa privada administrar. Contudo o que está no plano nacional de concessões anunciando pelo governo, está a velha desconfiança do setor privado sobre a viabilidade do projeto.
A repercussão no mercado de capitais foi exatamente o que se espera de seus operadores, em que se observou uma certa euforia antes do anúncio com valorização dos papéis e logo depois, uma "frustração", com a desvalorização das ações de empresas ligadas ao seguimento de infraestrutura na Bolsa de São Paulo. Como sempre o que justifica isso, é que toda e qualquer iniciativa do governo sempre fica deixando algo a desejar em alguma coisa.
Como sempre, o que não pode deixar de acontecer e que é recorrente quando o governo anuncia programas como este, que se dá na chantagem dos propensos operadores, que em vez de proporem competitividade, anunciam propostas que vão exatamente ao inverso do pretendido pelo governo, ofertando preços mais elevados na cobrança pela prestação de seus serviços.
É o caso do setor de energia, que ao lado dos alimentos foi responsável pelo IPCA de 0,74% em maio. Muitos "especialistas", indicam que a energia elétrica pode ficar ainda mais cara para tornar as taxas de retorno mais atraentes aos candidatos a concessionários.
Com isso o velho discurso de competitividade, por meio de maior produtividade com preços mais baixos, se desvanece. Tudo não passa de mera retórica oposicionista, uma vez que o principal insumo de produção da indústria encarece sob os olhos da imprensa e de seus supostos especialistas.
Se a indústria patina em resultados medíocres isso certamente se dá pela cultura inflacionária brasileira, acostumada a ganhar muito, produzindo pouco. Um cenário como esse gera situações nas quais onde mesmo que o governo produza 'ouro 18', o mercado sempre se mostrará insatisfeito. Em uma conjuntura assim, fica fácil saber que não só o setor financeiro ganha com a atual situação de estagflação, como também o próprio setor produtivo.
E não faltam argumentos que expliquem isso: "as regras que não são claras o suficiente", "as taxas de retorno" e por aí vai. Com isso o crescimento econômico é postergado e o ganho fácil do mercado de capitais e que obedece à mais pura lógica neoliberal, vai vencendo o debate.
O sucesso da empreitada do governo seguramente dependerá do setor privado e o setor privado, mesmo lucrando muito com o governo, não tem se mostrado cooperativo com ele. Isso tem um claro viés ideológico que mostra o descontentamento do setor privado para com um governo o qual ainda carrega dentro de si, uma determinada essência popular.
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