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Dois coxinhas do interior discutindo política


- Aô cumpadi, bão?

- Bão...

- Deu zembra, heim...

- É rapaiz, deu memo... Óia, eu achava qui dessa veiz eis tirava essa muié daí, viu... 

- Ah, mais num tira, cumpadi... O povo hoje só que sabê dessas borsa...

- Poca vergonha, o povo só qué as coisa di graça. Eu sempre trabaiei a vida inteira, cumpadi. Minha mãe teve doze fio e criô tudo suzinha. Nóis passamo fomi, num tinha um carçado pa pô no pé, e hoje eis qué as coisa di graça... No meu tempo nóis tinha qui trabaía di inxada, memo....

- É, essas borsa cabô com Brasil...

- Invêis di trocá, pô otro, o povo fica ripitindo sempre a mema coisa. Vai sê burro na bosta, sô. Inda bem qui aqui em São Paulo ganhô o Arkimi di novo, né... Mió, memo...

- É, aqui êis num tira dele. Êis fala, fala, mais du ômi ninguém ganha... ganhô traveis!

- É memo, eu votei prêle... num sô burro... Mais o povo num qué trocá as coisa, não. Votaro nessa muié. O partido dela faiz num sei conto tempo qui tá lá, i êis num tira...

- Óia. num é qui ocê tem razão memo, cumpadi? Eu vi no repórti que essas urna di butãozim êis podi fazê maracutaia... Eis pega o voto dum i passa po otro. Eu num sei não, viu, cumpadi... num sei não si num teve mãozona aí.

- Isquenta não. Aqui em São Paulo eis num manda. O Arkimi deu uma lavada nêis. A urna aqui funciona pruquê nóis num somo bobo. As urna sabotada êis mandaro praquele povo burro lá daquelas banda qui num tem água. O povo lá é tonto. Num tem uma gota dágua pra bebê, i vota nessa muié...

- Cumpadi, cê viu o que aquele dos militar falô?

- Colé dêis?

- Ah, o meu muleque viu na internet, é um tar de sordado Teiada...

- Ah, vi memo, cumpadi. E cê sabe qui ele tem razão memo!

- É memo. Ele falô que eis divia separá nóis daquele povo lá de riba. Ta certo ele, né cumpadi?

- Craro qui tá. Os militar põe órdi. No tempo qui nóis era criança qui era bão. Num tinha essas bandidage aí e o povo respeitava mais. Divia di prendê esses vagabundo di borsa e pô eis pa trabaiá...

- Eu acho qui divia matá tudo, cumpadi.

- Divia memo...

- Divia prendê essa muié, tamém. Eis falaro qui ela é daqueis negócio de comunista. Prendero ela uma veiz i dero uma coça nela, né cumpadi. Bandida. Êis divia tê pregado fogo nessa muié. Agora fica aí atentando a gente...

- I di resto, cumpadi?

- Tá tudo bão, cumpadi, tudo bão. Eu num tenho du quê recramá, não...

- É, eu tamém não. O povo recrama à toa, né cumpadi? Hoje tudo mundo comi i bebi do bão e do mió, e ainda recrama. 

- É memo. Óia, cumpadi, nu meu tempo nóis só via guaraná no Natal. O patrão dava pá nóis e nóis fazia um furinho na tampa i ia bebeno aquilo o dia intero, pa num cabá. Hoje o povo come o que qué e ainda recrama.

- E num é qui ocê tem razão memo, cumpadi? A mulecada só anda di ropa boa e carqué tonto aí troca di carro tudo ano. Nóis num via dinheiro no meu tempo, cumpadi. Era um sofrimento...

- Cumpadi, mudando di assunto. O teu muleque ta istudano na faculdade?

- Tá sim, cumpadi. Óia, no meu tempo num tinha essas coisas, não. Era só enxada, memo. Mais hoje êis tem tuda facilidade do mundo.

- É memo, cumpadi, i num dá valor, né...

- É. Mais o meu muleque é isforçado. Ele tá istudando pur causa daquele negócio di FIÉIS. Istuda i só cumeça pagá um ano dipois qui formá.

- Cê ficô sabendo, cumpadi, qui o mulequi do nhô Bartolomeu ganhô uma borsa i foi istudá na França, tudo pago pelo governo, de graça? Até isso êis tem hoji...

- Benza Deus, cumpadi. A minha minina termina o grupo este ano e já tá prestano aquele negócio di PROUNI. As coisa mioraro, né...

- É...

Por João Paulo Da Cunha Gomes

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