Pular para o conteúdo principal

O pecado de não se cobrar impostos dos ricos

 Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a elevação de alíquotas de impostos sobre produtos de consumo humano considerados nocivos à saúde, tais como bebidas alcoólicas, cigarros e refrigerantes; além de outros alimentos com base em gorduras e açúcares, tais como chocolates de modo geral. 

 Conhecido como "imposto do pecado", foi tão polêmico que até o presidente Jair Bolsonaro, em viagem à Índia se posicionou contra, pelo fato de tal medida influir também sobre as marcas de cervejas nacionais e importadas, comercializadas no País. 

 A legítima e compreensível preocupação do presidente na certa não aborda a terrível situação na qual se propõe ao seu agravamento, que se trata basicamente da redução de impostos para aqueles que ganham mais e já pagam pouco na proposta de reforma tributária em discussão no Congresso; a lógica da regressividade tributária, é o que gera a injustiça na cobrança de impostos, mas deste pecado, Paulo Guedes sequer fez menção de se lembrar em Davos. 

 Se há portanto, uma preocupação na tributação de atos pecaminosos ao redor dos prazeres da carne, isso o ministro da economia, poderia se ater a uma tributação maior sobre ações meramente especulatórias tais como ocorreu sobre o preço da arroba do boi, com o qual impactou no preço sobre o varejo ao consumidor final (quem sabe alíquotas de imposto de renda maiores para pecuaristas e frigoríficos); nesse quesito, se Guedes e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, têm se preocupado com a saúde da dieta dos brasileiros, fez muitos deles aderirem à moda vegana (na marra), por conta disso.

 Mas e o pecado da avareza e da soberba, atos inclusive elencados entre os 7 de orientação capital; como tributar comportamentos tão nocivos ao convívio das pessoas em nossa sociedade? 

 Num País que tem ojeriza a qualquer espécie de política de transferência de renda, o fato de que o número de milionários no Brasil e no mundo, tem aumentado em meio ao persistente quadro de desempregados, endividados, inadimplentes e fodidos pela vida de modo geral, tributar ainda mais o consumo, dentro da própria lógica do modelo tributário que incide na injusta regressividade proporcional da cobrança de impostos, representa algo de um governo o qual, além de explicitamente defender interesses dos ricos, manifesta profunda aversão aos pobres. 

 E se o discurso ambiental em Davos, só serviu como pano de fundo para encobrir o debate sobre a grave questão da excessiva concentração de renda no mundo, o ministro Paulo Guedes, ainda ensaiou uma emenda muito pior do que qualquer soneto, afirmando que o desmate da Amazônia, se daria por iniciativa de pessoas pobres que passam fome (e precisam comer), e não como objeto de ricos grileiros e madeireiros. Algo que só serviu para manchar ainda mais, a já pesada reputação do agronegócio brasileiro para com mercados exportadores internacionais.

 Apesar dos fiascos, o balanço da visita do ministro Guedes ao Fórum Econômico Mundial, foi visto como positivo pela imprensa; mas mais carregados de boas expectativas do que propriamente elementos fatuais de negócios ao País. A impressão que se teve, é que o Brasil estava à venda e que a população brasileira, estaria longe de participar dos lucros dessa venda.

 Contudo se Davos também serviu de vitrine política para celebridades nacionais pretensas candidatas à presidência da República, estes apesar da abordagem piegas socialista, também passaram longe de propostas que promovam melhores cenários de distribuição de renda, através de reformas no aparato tributário que cobre mais impostos dos super, mega, ultra-ricos, e menos imposto de quem apenas fuma, bebe cervejas e refrigerantes ou come chocolate.

Ministro Paulo Guedes (Economia) em palestra no Fórum Econômico Mundial
Ministro Paulo Guedes (Economia) em palestra no Fórum Econômico Mundial - Ciaran McCrickard/ Fórum Econômico Mundial

 Pois ganância e soberba, de acordo com a doutrina cristã, ou do que restou dela, por mais que contrarie a muitos, ainda continuam sendo pecado. Talvez muito piores que a gula ou a embriaguez. Contudo se essa moda pega, a ministra Damares em breve sugerirá a Paulo Guedes, legalizar a prostituição, apenas para cobrar imposto de travecos e putas.

 Nada mais nobre que se forçar conversões na marra e incentivar essa gente a abrir igrejas; que não pagam impostos e recentemente estiveram perto de deixarem de pagar até suas contas de luz.   

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rio Verde moderna

 Dando seqüência ao último post, em comemoração ao aniversário de 164 anos de Rio Verde, no próximo dia 05 de agosto, vamos iniciar de onde paramos: a década de 1960, quando relatei que a cidade enfim, inebriava-se num breve período onde a dupla Mauro Borges (governador do Estado) e Paulo Campos (prefeito), inaugurava uma fase onde o centro de Rio Verde passava por sua modernização.   Ruas de terra ou calçadas com paralelepípedo em basalto davam lugar ao asfalto. O paralelepípedo teve uma outra destinação, e foi usado como guias de sarjetas das novas ruas recém-pavimentadas.  Os postes que sustentavam a rede de energia elétrica de aroeira, deram lugar a modernos postes de concreto e uma iluminação pública mais potente ganhava as ruas da cidade. Tudo da energia provida de Cachoeira Dourada.  Conta-se que a primeira rua a ser pavimentada foi a Rua João Belo, (atualmente, Rua São Sebastião no centro antigo de Rio Verde). E o asfalto ficou tão bom, que a necessidade de recapeamen

Um nome estranho; um bairro que nasceu para ser "setor"

Para quem já se 'cansou' de ler sobre a história do nosso município que nesse finalzinho de agosto -celebra seu mês de aniversário-, deve portanto saber, que a chamada "arrancada para o desenvolvimento" de Rio Verde, se deu a partir dos anos 1970.  O certo, é que a cidade seguiu o ritmo do tal "milagre econômico" dos governos militares daquela época. Mas sem dúvida, o que foi determinante em tudo isso, se deu com a fundação da Comigo, no ano de 1975.  Desde o final da década até o início dos anos 1980 porém, a expansão urbana de Rio Verde também sofreu um elevado aumento, sendo que essa situação provocou o surgimento de bairros cuja a única infraestrutura disponível, se deu somente na abertura de ruas e o traçado das quadras.  A especulação imobiliária por parte dos herdeiros de propriedades antes rurais, que margeavam os limites urbanos da cidade, abriu espaço para bairros onde atualmente se verifica sobretudo, a apertura das ruas, em que muitas delas nã

Globalismo Vs nacionalismo e o futuro da humanidade

O mundo sempre viveu conflitos entre interesses privados e coletivos; mas apesar de ser um termo novo o globalismo por sua vez, teve papel preponderante nisso, logicamente adaptado aos contextos de suas épocas.  Antes, na antiguidade, as primeiras civilizações já eram globais e dominavam outras, pela força. Não que hoje os métodos de dominação tenham mudado, porém para isso, se tornaram mais sutis, e não menos violentos.  Desse modo, a sensação de violência sofrida é que pode demorar algum tempo para ser sentida; o que não ocorre de maneira uniforme por todas as populações subjugadas.  Sem falar na corrupção, a maior aliada dos dominadores contra os subjugados. Assim, pessoas do lado dos oprimidos, se veem partidárias de seus opressores, em nome de possíveis vantagens pessoais adquiridas. Alexandre, o primeiro grande conquistador, certamente de modo involuntário, foi o primeiro a difundir o globalismo, através de seus exércitos. Porém, conforme diz sua história, ele teria chorado por n