Pular para o conteúdo principal

"Pobretologia" midiática e reforma no piloto automático

 De uns tempos para cá, a pieguice de formadores de opinião da grande e também da média imprensa interiorana que mimetiza veículos de comunicação nacionais, sobre a reforma da previdência, se faz pior que programas de TV exibidos aos domingos, que falam de reencontros melosos de pessoas pobres e seus parentes distantes. 

 A moda agora é apelar para o sentimentalismo barato falando sobre a necessidade de se combater privilégios para tornar a previdência mais justa e dessa forma, temos um discurso ainda mais demagógico da parte da imprensa, que o de políticos que discutem a matéria no Congresso Nacional. Nada poderia ser mais patético que a piedade leviana com os pobres.


Robert McNamara, inaugurou a falsa política em  favor
dos  pobres,  enquanto  esteve à frente da presidência
do   Banco   Mundial  (1968-1981),   como  instrumento
indireto de combate ao Comunismo (foto: portal Terra).
 
 Tudo porque esse discurso de afetação supostamente favorável aos menos favorecidos, nada mais serve como mote em favor de uma reforma à qual torna o sistema previdenciário ainda mais injusto do que já é e ainda promete fazer patrões se livrarem de terem de contribuir pela aposentadoria de seus funcionários com o sistema de capitalização proposto.

 Quando a preocupação alegada está em reduzir o déficit da previdência, abrir mão de receitas apenas para que os patrões não se vejam na obrigação de auxiliar na aposentadoria de seus empregados, indica claramente a contradição e a incoerência do discurso o qual carrega, quanto mais na indisposição de contratar idosos forçados a continuar trabalhando.

 Se por um lado, acredita-se que é razoável aumentar o tempo de contribuição por se entender que nossos idosos estivessem mais saudáveis e dispostos, o mercado laboral não vê dessa forma, e descarta homens acima dos 55 anos, entendendo que além de suas baixas qualificações, não dispõem mais do vigor, da agilidade e da força para trabalhos rústicos.

 E em meio ao destrambelhamento do governo na condução da reforma, deputados e senadores elaboram à contragosto do ministro da Economia, Paulo Guedes, um projeto de previdência menos agressivo do ponto de vista social e lógico, um tanto mais condescendente para com os privilégios do alto escalão de Estado, dentre os institutos de governo.

 A tendência com isso, é a proeminência de uma reforma previdenciária surgida de modo espontâneo das bases congressistas do parlamento brasileiro, com quase nenhuma participação do governo nela, podendo se entender daí, a tranquilidade do mercado de capitais em relação à "usina de crises" do governo, conforme disse Rodrigo Maia (DEM-RJ).

 O presidente da Câmara dos Deputados, parece estar tomando a dianteira ao acalmar os mercados em relação à reforma e vem dando aulas de comportamento institucional ao governo, no sentido também de apaziguar ânimos exaltados em torno de declarações populistas providas de atores do Poder Executivo, ou do próprio presidente da República.

 Assim a condução da reforma previdenciária, adquire contornos que estariam se dando de modo automático, de acordo com os trâmites naturais da Constituição, à qual norteia os caminhos institucionais seguidos; algo possível de se considerar como positivo, onde instituições de personalidade própria, atuam acima do personalismo de governos populistas.

 Mas o populismo infelizmente, não é próprio apenas da natureza política; e no ambiente de imprensa, acabou-se adotando o mesmo modus operandi; agradar plateias, adular os pobres e com isso, persuadindo corações e mentes populares, a aceitarem a reforma proposta pelos bancos como única, irreversível e inescapável, personifica assim, a desonestidade midiática.

 Em outro assunto não menos grave, atores da imprensa ou protagonistas do mercado de capitais "infiltrados" na imprensa, esboçam falsas preocupações também com os pobres que necessitam sempre, recorrer ao limite do cheque especial que cobra juros anuais próximos de 280%; tudo numa abordagem onde de novo, os pobres são culpados por perderem renda.

 E dentro desse ângulo de visão, além da falsa piedade, se esconde em outros casos, a sátira a aqueles que complementam a renda perdida com a estagnação econômica desde 2014, através do caro subsídio bancário usado; além do risco de não conseguirem pagar e se ter mais gente negativada, sem poder comprar, atravancando ainda mais a economia brasileira.


"Pobretologia" é um termo utilizado por João Márcio Mendes Pereira, extraído de sua tese de doutorado em um trabalho de pesquisa, no recurso usado pelo Banco Mundial para fulminar por dentro, ações populares alternativas contra o capitalismo liberal tradicional, em economias pobres e dotadas de populações em sua maioria, em situação de pobreza. Originalmente foi cunhado por Mark J. Kay, da Universidade Estadual de Montclair, Nova Jersey, EUA.

Em tempo: o Banco Central manteve a taxa oficial de juros Selic em 6,5%, o que manterá os spreads bancários (lucro dos bancos), elevados em consequência da manutenção do que se cobra ao correntista em torno da taxa do cheque especial e do cartão de crédito; e o Ibovespa da Bolsa de São Paulo, ultrapassou os 100 mil pontos, o que confirma que o mercado de capitais está tranquilo quanto à tramitação da reforma da previdência, mesmo depois de o ministro Guedes, ter perdido para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a briga pelo texto que prevalecerá sobre a reforma.            

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rio Verde moderna

 Dando seqüência ao último post, em comemoração ao aniversário de 164 anos de Rio Verde, no próximo dia 05 de agosto, vamos iniciar de onde paramos: a década de 1960, quando relatei que a cidade enfim, inebriava-se num breve período onde a dupla Mauro Borges (governador do Estado) e Paulo Campos (prefeito), inaugurava uma fase onde o centro de Rio Verde passava por sua modernização.   Ruas de terra ou calçadas com paralelepípedo em basalto davam lugar ao asfalto. O paralelepípedo teve uma outra destinação, e foi usado como guias de sarjetas das novas ruas recém-pavimentadas.  Os postes que sustentavam a rede de energia elétrica de aroeira, deram lugar a modernos postes de concreto e uma iluminação pública mais potente ganhava as ruas da cidade. Tudo da energia provida de Cachoeira Dourada.  Conta-se que a primeira rua a ser pavimentada foi a Rua João Belo, (atualmente, Rua São Sebastião no centro antigo de Rio Verde). E o asfalto ficou tão bom, que a necessidade de recapeamen

Um nome estranho; um bairro que nasceu para ser "setor"

Para quem já se 'cansou' de ler sobre a história do nosso município que nesse finalzinho de agosto -celebra seu mês de aniversário-, deve portanto saber, que a chamada "arrancada para o desenvolvimento" de Rio Verde, se deu a partir dos anos 1970.  O certo, é que a cidade seguiu o ritmo do tal "milagre econômico" dos governos militares daquela época. Mas sem dúvida, o que foi determinante em tudo isso, se deu com a fundação da Comigo, no ano de 1975.  Desde o final da década até o início dos anos 1980 porém, a expansão urbana de Rio Verde também sofreu um elevado aumento, sendo que essa situação provocou o surgimento de bairros cuja a única infraestrutura disponível, se deu somente na abertura de ruas e o traçado das quadras.  A especulação imobiliária por parte dos herdeiros de propriedades antes rurais, que margeavam os limites urbanos da cidade, abriu espaço para bairros onde atualmente se verifica sobretudo, a apertura das ruas, em que muitas delas nã

Globalismo Vs nacionalismo e o futuro da humanidade

O mundo sempre viveu conflitos entre interesses privados e coletivos; mas apesar de ser um termo novo o globalismo por sua vez, teve papel preponderante nisso, logicamente adaptado aos contextos de suas épocas.  Antes, na antiguidade, as primeiras civilizações já eram globais e dominavam outras, pela força. Não que hoje os métodos de dominação tenham mudado, porém para isso, se tornaram mais sutis, e não menos violentos.  Desse modo, a sensação de violência sofrida é que pode demorar algum tempo para ser sentida; o que não ocorre de maneira uniforme por todas as populações subjugadas.  Sem falar na corrupção, a maior aliada dos dominadores contra os subjugados. Assim, pessoas do lado dos oprimidos, se veem partidárias de seus opressores, em nome de possíveis vantagens pessoais adquiridas. Alexandre, o primeiro grande conquistador, certamente de modo involuntário, foi o primeiro a difundir o globalismo, através de seus exércitos. Porém, conforme diz sua história, ele teria chorado por n