Atualizado em 09/12/2018
Muito pouca gente sabe, mas em Goiás, praticamente existem duas regiões metropolitanas; contudo, não se quer aqui fazer referência à "subcapital" do estado, conhecida por seu considerável parque industrial, distante 50 quilômetros da capital goiana. Mesmo não sendo de fato, a dita região, não deixa de ter esse aspecto metropolitano.
O chamado Entorno do Distrito Federal, engloba 29 municípios goianos e mais quatro pertencentes a Minas Gerais, sendo portanto, um território que influencia muito mais o estado de Goiás, do que a porção mineira que cabe a unidade da federação vizinha. Por essa razão, a concentração de problemas do lado goiano é muito maior que os benefícios.
O maior desses problemas, se dá na concentração e desordenação do crescimento populacional das cidades que circundam o território que abriga a capital federal. Águas Lindas é o maior exemplo do que se pode chamar de "cidade dormitório", após ter sido emancipada em 1996 e já dispor de uma população ao redor de 200 mil habitantes.
Valparaíso de Goiás, é uma das mais importantes cidades do Entorno do Distrito Federal e é rota quase obrigatória para quem sai do Sudeste com direção a Brasília. |
Tomada pela pobreza e precariedade da infraestrutura urbana, Águas Lindas indica se tratar de uma cidade moldada para ser um depósito de pessoas, que apenas dispõem de um endereço na cidade, mas que se quiserem trabalho (ou se manter neles), precisam se deslocar cerca de 50 quilômetros entre suas casas e seus empregos em Brasília.
Ou seja, as cidades do Entorno, acabam sofrendo peculiaridades metropolitanas vividas como localidades que gravitam ao redor de outras mais importantes e polarizadora das demais. A realidade brasileira (e até mundial), na organização e na hierarquia das cidades, obedece a esse mesmo princípio. Mesmo nas microrregiões menos densamente povoadas.
Na microrregião do Sudoeste de Goiás (que no caso tem na tímida liderança de Rio Verde, o seu referencial), é o exemplo mais próximo que temos disso. Esse referencial só não foi ainda consolidado, dado a fatores como ausência de visão das autoridades públicas da cidade, como também, da classe empresarial, à qual terceiriza tudo a seus quadros de colaboradores.
Voltando à questão do Entorno, o sistema de transporte de passageiros por ônibus, é um bom exemplo dessa dependência de infraestrutura, se atendo ao fato de que o meio rodoviário é o único disponível, já que os trens urbanos são inexistentes, e quando muito, a situação se restringe ao metrô de Brasília, ainda com abrangência muito limitada.
O Entorno vive portanto, problemas provocados por Brasília, e esses problemas são genuínos das regiões metropolitanas. Algo que o estado de Goiás não tem estrutura para amenizar os danos vividos pelas populações ao redor da capital do Brasil e nem ao menos se interessou em constituir. Nos últimos 20 anos, a situação só se agravou.
Ao analisarmos o contexto histórico, é importante observar que a área do Distrito Federal, deveria ser bem mais ampla do que é atualmente. A demarcação do Quadrilátero Cruls, resultado da missão expedicionária enviada pelo presidente Floriano Peixoto, poucos anos depois da proclamação da República, para a futura capital federal, era bem maior que hoje.
Dessa forma, se tivesse sido concebido em seu tamanho original, como demarcado pela missão composta por 21 pessoas, chefiada pelo astrônomo belga, Louis Ferdinand Cruls em 1892, alguns municípios do Entorno como Cidade Ocidental, Santo Antônio do Descoberto e Águas Lindas, pertenceriam na atualidade ao Distrito Federal.
Com isso, a demarcação oficial feita na época da construção de Brasília, através do projeto enviado a apreciação de deputados e senadores pelo presidente Juscelino Kubitschek, acabou ficando bem menor que a proposta original da Missão Cruls, que era de 14,4 mil Km², e passou a ser de pouco mais de 5,8 mil Km² com a aprovação da Lei 948/1956.
Dentre as inúmeras propostas para a criação de novos estados, surgiu nova possibilidade de o estado de Goiás vir a perder outra significativa parte de seu território. O idealizado estado do Planalto, era a proposta de meia dúzia de políticos interesseiros na ampliação da burocracia estatal subnacional, que nada garantia àquela sofrida população.
Nada mais portanto, que o mero pretexto de uma causa sem legitimidade alguma, e não visasse também a ampliação de uma estrutura burocrática estatal subnacional, com fins puramente eleitoreiros com a criação de uma nova estrutura de governo com tudo que a autonomia federativa permite com as demais instâncias institucionais equivalentes.
Com o suposto novo estado cuja a cidade mãe continuaria sendo Brasília, por estar centralizada e o entorno margeando o DF, se Luziânia fosse tida como sede de governo, faria com que os habitantes da porção norte da região, no entanto, cruzassem todo o Distrito Federal para assim chegarem até a sua capital. Os descabimentos regionais não teriam fim.
Agora o governador eleito, Ronaldo Caiado (DEM), vislumbrando um bom motivo para enquadrar aliados eleitorais daquela localidade em seu governo, anunciou a criação da Secretaria do Entorno; algo que uma pasta como a de Cidades, não poderia contemplar melhor, o objetivo de assistência goiana, a municípios ao redor do Distrito Federal.
Mais uma vez, a exemplo de governos anteriores, haverá predileção regional da parte do futuro governo de Goiás, como foi os governos Perillo em relação à subcapital e o restante da região metropolitana oficial do estado, enquanto planos de desenvolvimento para o sul e o norte de Goiás, são preteridos. O Vão Paranã, também retrata esse esquecimento.
O que se nota ao redor de supostas políticas públicas ligadas ao Entorno do Distrito Federal, se dá na evidência de que a preocupação seria mais como instrumento de futura propaganda eleitoreira, se observando é claro, o tamanho do colégio eleitoral e o potencial de votos o qual se pode proporcionar em função disso. Atratividade que outras regiões não possuem.
Dentro da retórica exposta de contrariedade com os entes estaduais, com mais um governador preso e se atendo à situação calamitosa das contas dos estados, urge uma proposta um tanto mais profunda e audaciosa que permita inclusive uma nova concepção federativa de subdivisão política e administrativa direta entre a União e os municípios.
Os estados se mostram incompetentes, sendo alguns mais e outros menos negligentes para com a assistência de suas populações, e o Entorno de Brasília é a prova cabal disso; de um ente o qual fica à margem de outro território com autonomia estadual, e por isso vive as desvantagens dos problemas gerados, mas não pode se considerar como parte daquele lugar.
Como hipótese se sugere dentro da proposta do *Retângulo de Belcher, usado como forma para se despistar a voracidade especulativa imobiliária em suas fases iniciais, na orientação mais próxima do ideal, do estudo para uma nova delimitação territorial ao Distrito Federal, englobando municípios goianos que sofrem os efeitos "gravitacionais" nocivos de Brasília.
A solução mais apropriada, parece sim, se dar pela abdicação de Goiás daquela parte do estado, cedendo a área ao Distrito Federal, para que os municípios que se encontram ao redor de Brasília, se tornem parte do território da capital do Brasil, e o governo candango se responsabilize pelos problemas causados pela sede do poder nacional.
O Entorno vive portanto, problemas provocados por Brasília, e esses problemas são genuínos das regiões metropolitanas. Algo que o estado de Goiás não tem estrutura para amenizar os danos vividos pelas populações ao redor da capital do Brasil e nem ao menos se interessou em constituir. Nos últimos 20 anos, a situação só se agravou.
Ao analisarmos o contexto histórico, é importante observar que a área do Distrito Federal, deveria ser bem mais ampla do que é atualmente. A demarcação do Quadrilátero Cruls, resultado da missão expedicionária enviada pelo presidente Floriano Peixoto, poucos anos depois da proclamação da República, para a futura capital federal, era bem maior que hoje.
Dessa forma, se tivesse sido concebido em seu tamanho original, como demarcado pela missão composta por 21 pessoas, chefiada pelo astrônomo belga, Louis Ferdinand Cruls em 1892, alguns municípios do Entorno como Cidade Ocidental, Santo Antônio do Descoberto e Águas Lindas, pertenceriam na atualidade ao Distrito Federal.
Com isso, a demarcação oficial feita na época da construção de Brasília, através do projeto enviado a apreciação de deputados e senadores pelo presidente Juscelino Kubitschek, acabou ficando bem menor que a proposta original da Missão Cruls, que era de 14,4 mil Km², e passou a ser de pouco mais de 5,8 mil Km² com a aprovação da Lei 948/1956.
Dentre as inúmeras propostas para a criação de novos estados, surgiu nova possibilidade de o estado de Goiás vir a perder outra significativa parte de seu território. O idealizado estado do Planalto, era a proposta de meia dúzia de políticos interesseiros na ampliação da burocracia estatal subnacional, que nada garantia àquela sofrida população.
Nada mais portanto, que o mero pretexto de uma causa sem legitimidade alguma, e não visasse também a ampliação de uma estrutura burocrática estatal subnacional, com fins puramente eleitoreiros com a criação de uma nova estrutura de governo com tudo que a autonomia federativa permite com as demais instâncias institucionais equivalentes.
Com o suposto novo estado cuja a cidade mãe continuaria sendo Brasília, por estar centralizada e o entorno margeando o DF, se Luziânia fosse tida como sede de governo, faria com que os habitantes da porção norte da região, no entanto, cruzassem todo o Distrito Federal para assim chegarem até a sua capital. Os descabimentos regionais não teriam fim.
*O Retângulo de Belcher, tratava-se de uma área bem maior que o Quadrilátero Cruls e muito maior ainda que o atual Distrito Federal. Foi usado pelo governo responsável pela construção de Brasília, como modo de confundir os especuladores imobiliários. O referido recurso, também poderia ser orientação para uma possível ampliação do território da capital federal, na qual municípios goianos que sofrem os efeitos nocivos peculiares de uma região metropolitana, pudessem se tornar parte do lugar que mais lhes afeta (imagem: jornal Correio Braziliense). |
Agora o governador eleito, Ronaldo Caiado (DEM), vislumbrando um bom motivo para enquadrar aliados eleitorais daquela localidade em seu governo, anunciou a criação da Secretaria do Entorno; algo que uma pasta como a de Cidades, não poderia contemplar melhor, o objetivo de assistência goiana, a municípios ao redor do Distrito Federal.
Mais uma vez, a exemplo de governos anteriores, haverá predileção regional da parte do futuro governo de Goiás, como foi os governos Perillo em relação à subcapital e o restante da região metropolitana oficial do estado, enquanto planos de desenvolvimento para o sul e o norte de Goiás, são preteridos. O Vão Paranã, também retrata esse esquecimento.
O que se nota ao redor de supostas políticas públicas ligadas ao Entorno do Distrito Federal, se dá na evidência de que a preocupação seria mais como instrumento de futura propaganda eleitoreira, se observando é claro, o tamanho do colégio eleitoral e o potencial de votos o qual se pode proporcionar em função disso. Atratividade que outras regiões não possuem.
Dentro da retórica exposta de contrariedade com os entes estaduais, com mais um governador preso e se atendo à situação calamitosa das contas dos estados, urge uma proposta um tanto mais profunda e audaciosa que permita inclusive uma nova concepção federativa de subdivisão política e administrativa direta entre a União e os municípios.
Em ato falho (ou desonesto), blogueiro da região do Entorno, usa foto de Rio Verde, atribuída na legenda usada por ele, como se fosse a cidade de Águas Lindas. |
Como hipótese se sugere dentro da proposta do *Retângulo de Belcher, usado como forma para se despistar a voracidade especulativa imobiliária em suas fases iniciais, na orientação mais próxima do ideal, do estudo para uma nova delimitação territorial ao Distrito Federal, englobando municípios goianos que sofrem os efeitos "gravitacionais" nocivos de Brasília.
A solução mais apropriada, parece sim, se dar pela abdicação de Goiás daquela parte do estado, cedendo a área ao Distrito Federal, para que os municípios que se encontram ao redor de Brasília, se tornem parte do território da capital do Brasil, e o governo candango se responsabilize pelos problemas causados pela sede do poder nacional.
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