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Cunha preso, antes nunca que depois do golpe

 O estardalhaço em função da prisão do ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não poderia ter deixado de gerar a repercussão que gerou em vista das especulações para que pudesse ter sido determinada somente agora, depois de tanto tempo e em face de seus possíveis desdobramentos para o futuro. Em vista disso, o questionamento se dá não propriamente no fato da prisão em si, mas na razão pela qual, ela só ter se dado nesta quarta (19).

 Com a credibilidade abalada e desgastada, em sua indisfarçável parcialidade e direcionamento como tem conduzido a Operação Lava Jato - mais precisamente contra o ex-presidente Lula -, o juiz Sérgio Moro buscou na prisão tardia de Cunha, algo que se fizesse convincente o bastante, dentre o conjunto da obra no curso das investigações, sem se preocupar com a ausência de novos elementos que apontassem pela necessidade dela, no atual estágio dos acontecimentos.

 No meio jurídico, houve quem criticou a medida preventiva contra o ex-deputado Eduardo Cunha. De acordo com juristas ouvidos pelo site Justificando, a prisão fere a inviolabilidade de garantias constitucionais. "Estamos diante de mais um caso de abuso das prisões cautelares, o que fragiliza o Estado de Direito e os direitos de todos os brasileiros", disse o professor da faculdade de Direito da UERJ, Ricardo Lodi. 

 "E a conclusão não pode ser diferente por ser Eduardo Cunha, o atingido. São nesses casos, em que aqueles que não temos qualquer apreço tem seus direitos fundamentais violados, que é feito o teste do nosso compromisso com a inviolabilidade das garantias constitucionais", continuou o professor. 

 Para outro especialista ouvido pelo site, a prisão de Eduardo Cunha sinaliza ser "mais uma prisão desnecessária e de legalidade duvidosa que o povo vai adorar, com o pessoal da esquerda incluso", como destaca Pedro Estevam Serrano, jurista e professor da PUC/SP.

 Porém o que mais chama atenção em tudo, se deve ao fato de a prisão de Eduardo Cunha só ter acontecido, depois de todo o processo do impeachment já ter sido consolidado, não deixando com isso, de despertar temor no governo Temer em face dos desdobramentos dessa prisão contra a atual administração nacional.


Ex-deputado   Eduardo  Cunha  é  conduzido  por  agentes
federais até o avião que o levou a Curitiba, após ser preso.
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
 Principalmente ainda, quando no final de abril deste ano, o Ministério Público da Suíça, já havia aberto uma determinação formal de prisão contra Eduardo Cunha em função de contas secretas descobertas naquele país, por autoridades judiciárias suíças em seu nome, de sua esposa, Cláudia Cruz e de sua filha. Nada que já tivesse sido apontado em torno de bases acusatórias contra Eduardo Cunha, foi levado em conta antes que o processo de impeachment fosse levado adiante. Cunha é apontado por muitos em função disso, como um herói nacional "que tirou o PT do poder".

 Por isso, a prisão de Eduardo Cunha, soou mais como uma resposta de Sérgio Moro a seus críticos, do que algo fundamentado em questões que viessem a justificar que a prisão ocorresse justamente agora.  

 O que certamente deve ter pesado em relação a essa atitude, se deve também a publicações sobre a evidente parcialidade do juiz, principalmente depois de um artigo do professor emérito da Unicamp, Rogério Cezar de Cerqueira Leite, publicado pelo jornal Folha de S. Paulo (confira no link), no último dia 14, que deixou o juiz Moro, sensivelmente incomodado, por temer ter sido enfim, 'desmascarado' em seu evidente direcionamento contra Lula e o PT em face das investigações, na publicação de um jornal de elevada respeitabilidade nacional.

 Todos esses desdobramentos evidenciam a tentativa desesperada do juiz Sérgio Moro, em não permitir que se acometa dúvidas ou suspeições em relação à condução dos trabalhos da Operação Lava Jato, no que tange ao que se torna patente a olhos vistos: a de que o único objetivo é tão somente, barrar a candidatura de Lula em 2018. 

 Para tanto, há suspeitas de que a prisão de Eduardo Cunha, só sirva mesmo como um modo de tornar legítima a prisão de Lula seja em questão de dias ou mesmo, horas. Até porque, a ocorrência da prisão do ex-deputado, não conseguirá apagar o fato de que Moro deixou de prender a mulher de Cunha, por alegar não encontrar seu endereço e depois disso, ter ainda, devolvido o passaporte da mesma, ainda que pesem acusações tão graves contra ela, quanto as que acometem seu marido. 

 E pensar que por muito menos, a cunhada de João Vaccari Neto (ex-tesoureiro do PT), Marice Corrêa de Lima, foi presa por engano ao se entender que estaria efetuando depósitos bancários, que na interpretação dos agentes, seria para contas ligadas a Vaccari Neto. São esses históricos de equívocos e de 'enganos' que só acometem pessoas investigadas na Lava Jato ligadas ao PT, que sempre deram a conotação seletiva e direcionada que a prisão de Eduardo Cunha, procura apagar agora.  

Comentários

  1. Precisamos deixar BEM CLAROOO para políticos, juízes e partidos que a população é o poder principal e os demais poderes da União DEVEM SER NOSSOS SUBORDINADOS: https://www.facebook.com/178901729126801/photos/a.178901805793460.1073741826.178901729126801/178902222460085/?type=3&theater

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