Chama a atenção o artigo publicado no último domingo (14), pelo o economista e ex-ministro da Fazenda no governo Sarney, Luiz Carlos Bresser-Pereira, sobre as razões para ele declarar seu voto a Dilma.
A primeira delas, não poderia deixar de ser dentro da mais cristã das definições: a preocupação do governo com os pobres - na qual na visão dele, seria o primeiro critério segundo sua avaliação para votar pela reeleição da presidente Dilma -, que por sua vez está também associado ao seu segundo critério que é a distribuição de renda e a capacidade da candidata em atender plenamente interesses que nos levem à continuidade desse processo.
Bresser-Pereira foi um dos fundadores do PSDB, e como ele mesmo mencionou em seu artigo publicado por Carta Maior, se afastou gradativamente do partido na medida em que o mesmo se converteu para a direita e à agenda neoliberal.
Ele acredita que o maior desafio para o possível novo governo de Dilma Rousseff, seja a retomada do crescimento da economia, com a garantia da estabilidade de preços.
Nisso ele aborda a forte influência cambial sobre a economia brasileira.
Sendo portanto a questão do câmbio, aquilo o que mais enfatiza em seu texto - no qual também faz um mea-culpa sobre o que chamou de "imposto sobre exportações de commodities" -, denominado também por ele como 'confisco cambial'.
Esse cenário, de acordo com suas palavras, foi essencial para que a neutralização do processo chamado de "doença holandesa" enfim, deixasse de existir.
Doença holandesa é o jargão pelo qual ficou conhecido entre os economistas para o fenômeno ocorrido em economias com farta disponibilidade de recursos naturais e a plena ênfase dada à exploração desses recursos que provoca o declínio de atividades manufatureiras.
O termo adquiriu essa definição por conta da valorização dos preços do gás na Holanda o qual aumentou substancialmente as receitas de exportações do País sobre o produto e provocou uma apreciação da moeda local e que prejudicou outros setores da economia holandesa.
Para Bresser-Pereira, a abertura econômica efetuada no Brasil no início da década de 1990, não pontuou aspectos relativos ao câmbio.
Isso é até compreensível, dado que naquela ocasião, o País sofria constante desvalorização cambial por conta de que as moedas que circularam no Brasil até então, não possuíam lastro suficiente em dólares - que associado ao constante nível hiperinflacionário -, agravava ainda mais o processo de depreciação monetária.
Contudo, era perfeitamente previsível que um dia o Brasil conquistaria um mínimo em estabilidade. O que não poderia ser previsto porém, foram os desdobramentos que o maciço ciclo especulatório desencadeou ao longo dos anos no pós-estabilização, ocorrido a partir do Plano Real em 1994.
O real é sem sobra de dúvidas, senão o maior, um dos principais focos de constante bombardeio especulativo financeiro.
A não atenção dos economistas que fizeram a abertura econômica brasileira entre 1990-91, como Bresser-Pereira, provocou o que ele classificou em seu artigo como "imposto cambial" gerando uma desvantagem média competitiva da indústria brasileira de 25%, sobre suas mercadorias exportadas; e uma defasagem de 12% no mercado interno para concorrer os com produtos importados.
Atentos à isso, o ciclo desencadeado pelos especuladores promove intensa volatilidade na moeda brasileira. Ora se desvalorizando muito, ora se apreciando demasiadamente, ancorado de acordo com os fluxos de dólares provenientes de taxas de juros muito baixas praticadas nas economias centrais (em contraste com as altas taxas praticadas aqui), ou mesmo o próprio volume de exportações que provoca entrada maior de dólares no País.
Isso leva o Banco Central a efetuar constantes intervenções no mercado de swap, tentando com isso, buscar um equilíbrio sobre a cotação do dólar e a redução da volatilidade da moeda nacional.
Assim quando há tendência de depreciação acentuada, o BC intervem ofertando dólares no mercado, caso ocorra o contrário - com valorização excessiva do real -, o Bacen procura enxugar o excesso de dólares no mercado, comprando moeda por meio de contratos futuros de hedge.
E todo esse malabarismo cambial é o que tem provocado o que muitos economistas como Bresser-Pereira relatam, de cotação fora do seu devido lugar ou fora de uma cotação de equilíbrio, mais próxima do valor real da moeda.
Outro problema é que não há consenso nem mesmo entre os especialistas sobre qual a cotação que estaria mais próxima desse valor real da moeda brasileira e que segundo eles, tornaria nossas exportações mais competitivas.
O novo surto especulatório ao real vem se dando há uma semana, ficando mais evidente as razões para isso, em decorrência de pesquisas internas dos partidos que apontam recuperação de Dilma Rousseff, como noticiado pelo Valor Econômico, nesta segunda (15), provocando a sexta alta seguida da moeda americana no mercado doméstico.
Outra razão (implícita talvez), para Luiz Carlos Bresser-Pereira, votar em Dilma, certamente se deve ao jogo de cintura que a presidente vem demonstrando até aqui, na condução da política cambial e que ajudou a preservar parte da competitividade nacional de nossos produtos com os do restante do mundo.
Bresser-Pereira foi um dos fundadores do PSDB, e como ele mesmo mencionou em seu artigo publicado por Carta Maior, se afastou gradativamente do partido na medida em que o mesmo se converteu para a direita e à agenda neoliberal.
Ele acredita que o maior desafio para o possível novo governo de Dilma Rousseff, seja a retomada do crescimento da economia, com a garantia da estabilidade de preços.
Nisso ele aborda a forte influência cambial sobre a economia brasileira.
Sendo portanto a questão do câmbio, aquilo o que mais enfatiza em seu texto - no qual também faz um mea-culpa sobre o que chamou de "imposto sobre exportações de commodities" -, denominado também por ele como 'confisco cambial'.
Esse cenário, de acordo com suas palavras, foi essencial para que a neutralização do processo chamado de "doença holandesa" enfim, deixasse de existir.
Doença holandesa é o jargão pelo qual ficou conhecido entre os economistas para o fenômeno ocorrido em economias com farta disponibilidade de recursos naturais e a plena ênfase dada à exploração desses recursos que provoca o declínio de atividades manufatureiras.
O termo adquiriu essa definição por conta da valorização dos preços do gás na Holanda o qual aumentou substancialmente as receitas de exportações do País sobre o produto e provocou uma apreciação da moeda local e que prejudicou outros setores da economia holandesa.
Para Bresser-Pereira, a abertura econômica efetuada no Brasil no início da década de 1990, não pontuou aspectos relativos ao câmbio.
Isso é até compreensível, dado que naquela ocasião, o País sofria constante desvalorização cambial por conta de que as moedas que circularam no Brasil até então, não possuíam lastro suficiente em dólares - que associado ao constante nível hiperinflacionário -, agravava ainda mais o processo de depreciação monetária.
Contudo, era perfeitamente previsível que um dia o Brasil conquistaria um mínimo em estabilidade. O que não poderia ser previsto porém, foram os desdobramentos que o maciço ciclo especulatório desencadeou ao longo dos anos no pós-estabilização, ocorrido a partir do Plano Real em 1994.
O real é sem sobra de dúvidas, senão o maior, um dos principais focos de constante bombardeio especulativo financeiro.
A não atenção dos economistas que fizeram a abertura econômica brasileira entre 1990-91, como Bresser-Pereira, provocou o que ele classificou em seu artigo como "imposto cambial" gerando uma desvantagem média competitiva da indústria brasileira de 25%, sobre suas mercadorias exportadas; e uma defasagem de 12% no mercado interno para concorrer os com produtos importados.
Atentos à isso, o ciclo desencadeado pelos especuladores promove intensa volatilidade na moeda brasileira. Ora se desvalorizando muito, ora se apreciando demasiadamente, ancorado de acordo com os fluxos de dólares provenientes de taxas de juros muito baixas praticadas nas economias centrais (em contraste com as altas taxas praticadas aqui), ou mesmo o próprio volume de exportações que provoca entrada maior de dólares no País.
Isso leva o Banco Central a efetuar constantes intervenções no mercado de swap, tentando com isso, buscar um equilíbrio sobre a cotação do dólar e a redução da volatilidade da moeda nacional.
Bresser-Pereira, diz porque vota em Dilma |
E todo esse malabarismo cambial é o que tem provocado o que muitos economistas como Bresser-Pereira relatam, de cotação fora do seu devido lugar ou fora de uma cotação de equilíbrio, mais próxima do valor real da moeda.
Outro problema é que não há consenso nem mesmo entre os especialistas sobre qual a cotação que estaria mais próxima desse valor real da moeda brasileira e que segundo eles, tornaria nossas exportações mais competitivas.
O novo surto especulatório ao real vem se dando há uma semana, ficando mais evidente as razões para isso, em decorrência de pesquisas internas dos partidos que apontam recuperação de Dilma Rousseff, como noticiado pelo Valor Econômico, nesta segunda (15), provocando a sexta alta seguida da moeda americana no mercado doméstico.
Outra razão (implícita talvez), para Luiz Carlos Bresser-Pereira, votar em Dilma, certamente se deve ao jogo de cintura que a presidente vem demonstrando até aqui, na condução da política cambial e que ajudou a preservar parte da competitividade nacional de nossos produtos com os do restante do mundo.
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