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Histórias entre as vidas dos bancos privados e estatais

 Uma história de "amor" e ódio, se desenhou ao longo dos últimos meses entre o governo e os bancos, dentro da trajetória do esforço do governo pela redução dos spreads bancários, no melhor estilo romanesco dos moldes de Nelson Rodrigues.   

 Durante esse período a presidente Dilma Rousseff inaugura uma fase inédita e ao mesmo tempo, corajosa, desde os tempos áureos getulistas em um novo tipo de protagonismo da função do Estado na economia, principalmente nas finanças.

O comentarista José Paulo Kupfer fala da medida do governo no telejornal
da TV Gazeta de São Paulo (foto: Reprodução).
 
 Resolve se utilizar do aparelho estatal através dos bancos oficiais, reduzindo as taxas dos empréstimos ao consumidor, numa tentativa de tornar as taxas mais atraentes e acessíveis aos correntistas, a fim de estimular o consumo e poder com isso, incrementar as taxas de crescimento do PIB para este ano.

 Os bancos privados claro, não receberam a iniciativa do governo de bom grado. E em meio a muita cara feia e resmungos - tais como filhos mimados e mal acostumados -, resolvem com muito custo, se renderem às regras da boa, legítima e saudável concorrência promovida pelo governo, através dos bancos públicos na redução dos spreads bancários.

 Tudo isso nunca seria possível se tendo apenas mecanismos regulatórios, que nesse caso, estariam apenas sob a égide do Banco Central. Sem os bancos estatais, o governo não teria meios de provocar essa concorrência, caso os bancos oficiais tivessem sido objeto da maré desvairada e doidivanas das  privatizações dos anos 1990.

 Agora, segundo o jornal 'O Estado de S. Paulo', a presidente Dilma, teria ficado irritada, ao ter conhecimento de um estudo promovido pelo próprio 'Estado', de que enquanto houve redução nos juros através dos incentivos promovidos pelos bancos estatais (os mesmos, inclusive os estatais), estariam compensando suas perdas reajustando suas tarifas cobradas sobre serviços aos correntistas.


 Segundo esse mesmo estudo, desde janeiro as tarifas bancárias aumentaram em cerca de 191%, o que segundo a reportagem do 'Estado', o ministro da Fazenda Guido Mantega já teria acionado o Banco do Brasil a reduzir suas taxas, por ser o segundo que mais reajustou suas tarifas aos correntistas, atrás apenas do Bradesco.

  A experiência que fica de todas as tentativas de estímulo a um capitalismo realmente voltado para o bem comum da sociedade, se torna nula na medida que os agentes econômicos, e essencialmente financeiros, pouco colaboram nisso. Sendo preciso intervenções sutis e indiretas visando esse objetivo.

  Em cima disso, fica-se devendo também uma fiscalização mais rigorosa aos agentes financeiros responsáveis pelas taxas de financiamento no varejo de bens semi-duráveis, na venda de serviços como seguros de vida, embutidos na efetuação das vendas nas grandes redes varejistas de móveis e eletros, na venda casada com os produtos adquiridos pelos consumidores nas lojas dessas redes, e o que certamente os encarece. Enquanto prevalece o velho discurso da carga tributária, do custo de produção, da baixa eficiência da indústria, como responsáveis pela desindustrialização do País e do efeito pibinho na economia. 

  Pelo visto, há muito ainda a acontecer nessa queda de braço entre o governo e os bancos. Inclusive ainda, em relação também aos bancos sob controle do próprio governo, onde inclusive já houve até casos de demissões por conta disso.

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