O risco de não haver um acordo que favorecesse o comércio multilateral entre os países, na Conferência organizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), em Bali, na Indonésia, deixou a delegação brasileira enviada pelo Itamaraty preocupada, uma vez que fracassadas as tentativas de se fechar um acordo mínimo de comércio, as grandes potências poderiam enfim, se decidirem por acordos comerciais de cunho regional entre elas; redesenhando novas regras para o comércio mundial, sem a participação de economias emergentes como o Brasil.
Felizmente o clima depois do fechamento dos acordos foi de alívio e de muita comemoração, já que havia o entendimento que caso não houvesse qualquer acordo, o fim da entidade estaria iminente dando margem para que acordos regionais e sem ampla participação de economias menores fossem contemplados.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o acordo da OMC em Bali, abre perspectivas para a sobrevivência da própria entidade, além de dar transparência aos processos de importação e exportação. Para a CNI, os empresários vão ter acesso a informações sobre o trânsito, taxas e encargos aduaneiros e ainda sobre restrições de importação antes que o produto chegue no destino.
Mas vitória maior - além de ser a de todo o futuro do multilateralismo do comércio global -, foi do Brasil por ter à frente da OMC, a figura de Roberto Azevêdo, que seguramente foi o maior responsável pelo sucesso da conferência e com isso acabou garantido a sobrevivência da organização. Certamente o acordo celebrado em Bali abre caminhos, mas ainda não resolve pendências como a dos subsídios agrícolas dos países ricos. Porém o simples fato de ter havido um acordo em Bali já dá sinais de que uma nova identidade foi dada à OMC.
O acordo é importante justamente também por ser o único em toda a trajetória da OMC por ser de relevante efetividade em pouco menos de 20 anos de existência da entidade.
Contudo a imprensa internacional celebra mesmo é a possibilidade de incremento de US$ 1 trilhão no comércio global e o que deixou nas entrelinhas - embora não arrisquem afirmar claramente -, foi a má vontade dos EUA ao usar o programa de segurança alimentar da Índia e a recusa de Cuba em assinar o acordo (reivindicando o fim dos embargos comerciais dos EUA à ilha), como meio de não se fechar um acordo de comércio multilateral mediada pela OMC. Nada mais justo se o que se quer mesmo, são relações comerciais justas e imparciais. Contudo Índia e Cuba souberam, em nome do futuro do comércio mundial abrirem mão de suas principais demandas. O Brasil também de alguma forma se abdicou de outras e essa foi a maior causa para o sucesso do acordo.
A formalização do acordo além de sua importância ao abrir possibilidades mais igualitárias entre economias ricas e pobres, acabou por desbloquear significativamente a chamada Rodada Doha; e por ter havido também, consenso entre todos os ministros, conforme comemorou Azevêdo.
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