Há aproximadamente 18 anos, fala-se em um projeto para se captar água do rio Verdinho (curso d'água que cruza o município, mas que fica distante do perímetro urbano, cerca de 16 Km). E o problema é exatamente esse: não há sequer um projeto, tudo não passa apenas de um discurso político que atravessou mandatos e os anos.
Agora com a crise hídrica que atinge sobretudo o estado e a cidade de São Paulo, mas que também ronda a capital goiana e que não é uma probabilidade tão remota assim, de vir a acontecer também em Rio Verde, a proposta novamente ganha o ar da graça dos políticos locais.
A cidade atualmente é abastecida unicamente pelo ribeirão Abóboras, contudo, cerca de 50% de sua vazão é captada pela unidade industrial da BRF, que possui sua planta industrial instalada há aproximadamente 15 anos no município. Por conta disso, o abastecimento de água na cidade ficou comprometido, já que só metade do que o ribeirão pode oferecer é disponibilizado para a cidade.
Com o crescimento demográfico de Rio Verde e o surgimento de novos bairros na cidade, acabou-se por requerer da parte da companhia estadual de saneamento (Saneago), a perfuração de poços artesianos para atender demandas localizadas por água nos bairros que não são atendidos pelo sistema de captação Abóboras. Isso agrava sensivelmente a situação dos aquíferos locais, já que com a escassez de chuvas e a constante extração de água, a situação deles também fica comprometida no médio prazo.
Dois mil e quinze até o presente momento parece ser exceção, mas em situações anteriores, nessa mesma época do ano, a incidência de falta de água era comum em diversos bairros da cidade. Em alguns pontos, chegava-se a ficar quase que uma semana inteira sem que as casas fossem abastecidas com regularidade.
Porém, o projeto não pode contemplar apenas a captação de água do rio pura e simples, será necessário a construção de novas estações de tratamento de água e também, de novas adutoras para se levar a água da nova estação até os bairros que são atualmente servidos apenas por poços artesianos.
Rio Verde que já conta uma população de pouco mais de 202 mil habitantes, só possui uma única estação de tratamento de água (construída há aproximadamente 35 anos), numa realidade em que a cidade mal detinha uma população de 80 mil residentes. Essa situação certamente compromete muito a oferta regular do produto para as residências da cidade.
Com tão poucos investimentos efetuados pela Saneago na cidade, fica o questionamento se tem sido lucrativo para nós, permanecermos fiéis ao cumprimento com o contrato de concessão do serviço à empresa estadual de saneamento básico de Goiás. Não seria de se pensar na total municipalização do serviço na cidade?
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Ponte "cabo de aço" sobre o rio Verdinho, no município de
Rio Verde |
O município de Rio Verde é um dos poucos do estado, que geram receitas consideráveis para a Saneago. Enquanto que cidades maiores, como Aparecida de Goiânia, por exemplo, a empresa de saneamento só obtém prejuízos e ainda requer investimentos dez vezes maiores que em Rio Verde.
Mesmo não demandando grandes obras de infraestrutura hídrica como em Aparecida de Goiânia, Rio Verde amarga 18 anos de promessas que nem sequer se materializaram em um projeto.
Mas de acordo com uma prestação de contas feitas pelo próprio governador em uma visita feita a Rio Verde em abril do ano passado, o projeto de captação de água do rio Verdinho, já estaria pronto.
A obra estaria orçada em cerca de R$ 70 milhões e seria concluída em 2016. Contudo, pelo andar da carruagem (ou por nem mesmo a carruagem ter ainda saído do lugar), a obra pode ficar pronta mesmo em qualquer época em um futuro relativamente próximo, menos em 2016.
Portanto se nada for feito em no máximo, um período médio de 5 anos, a situação do abastecimento de água tratada em Rio Verde pode se agravar e com isso, vir a aumentar consideravelmente o racionamento de água, que em épocas passadas chegou a ser adotado de forma velada, sem que a companhia de abastecimento assumisse abertamente a medida.
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