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IA - Porque o homem constrói máquinas para superar a si mesmo

Não é segredo para a psicanálise que é da natureza do homem, sofrer de baixa autoestima ou inseguranças internas; por isso, ao longo da história, o homem atribuiu ou terceirizou aos deuses, aquilo que ele próprio, jamais se atreveu a fazer sozinho, sem se sujeitar também a autoridade de outro ser humano, ou mesmo até, em um futuro próximo, de uma..., máquina (?).  

O pai da computação, Alan Turing, criou o computador justamente para desmistificar a fé cega da ciência na matemática, se utilizando de uma máquina que comprovasse as falhas da ciência que tenta provar através de cálculos, uma linguagem metodológica de pesquisa científica à qual esteja dentro da compreensão cognitiva humana, se tornando com isso, seu principal instrumento por este meio.

Inteligência Artificial (IA) ou Artificial Inteligence (AI) é visto como a última fronteira da computação e que promete inclusive, se tornar a tecnologia capaz de mudar radicalmente, o modo de vida humano - Foto: iStock/ Getty Images. 

Apesar disso, Turing não é conhecido apenas por criar o computador, mas de lançar as bases ao conceito do que se conhece hoje, como Inteligência Artificial, e isso, ainda no final da década de 1940 do Século 20. Numa época em que nem a eletricidade era tão popular, tendo em vista que apenas 20% dos lares mundiais, detinham o conforto de iluminar cômodos de uma casa, por meio de uma lâmpada elétrica.

Surge daí a ideia de uma máquina que pudesse "pensar" e através disso, quem sabe, superar a inteligência humana, onde mais uma vez, fica nítida o conceito de inferioridade interna vivida pelo homem; sempre levando dentro de si, desde que nasce, a dependência emocional de algum tipo de apego, manifestado inicialmente através da mãe, depois da família que o criou; do ensino de uma escola, do salário de um emprego que lhe garanta subsistência, além é claro de uma família formada por ele mesmo, para não se sucumbir à solidão.

Contudo, o que o homem ainda não compreendeu, é que se há algo na matemática que o anula, é a racionalidade excessiva; algo que também o impede de desenvolver aquilo o liga ao seu espírito, a intuição. É a intuição que dá ao homem, a vantagem que as máquinas jamais terão, pois o máximo que as máquinas mais avançadas no futuro farão, é tentar racionalizar matematicamente, sentimentos humanos.

A intuição humana no entanto, está acima dos sentimentos, sendo em razão disso, impossível para uma máquina, decifrar qualquer ação de pessoas em bases intuitivas. No mais, as inteligências artificiais, no presente momento, só estão servindo como bibliotecas eletrônicas, onde a intuição do criador pode ser racionalizada por uma máquina "pensante" ao elaborar imagens, de acordo com a expectativa -intuitiva- de quem as cria.

Mas a reflexão em relação às inteligências artificiais, vai muito além do dualismo "racionalidade Vs intuição"; é algo que traz intrínseco, a suposta necessidade das classes dominantes ou controladoras, na criação de máquinas que superem, e muito, as capacidades humanas, tão somente para se criar uma narrativa forte o suficiente que sirva de argumento plausível para a completa substituição da mão de obra racional e intuitiva orgânica, por instrumentos controlados por impulsos elétricos na linguagem binária dos computadores 0 e 1.

Assim, sabendo da necessidade humana de ser reconhecido como útil na sociedade, as classes dominantes, controladoras de tais tecnologias, entendem que podem tornar ainda mais incisivo o domínio sobre massas desempregadas e empobrecidas devido à sofisticação de tecnologias, capazes de substituir mão de obra altamente especializada, onde de repente, até administradores, contadores e advogados, possam se ver em situação de completa inutilidade, devido à hegemonia das máquinas.

Nesse sentido, como as máquinas jamais serão capazes de processar dados intuitivos, mas apenas racionais, denota à máquina orgânica humana, criada por outra inteligência infinitamente superior não reconhecida ou compreendida pela ciência cética e materialista, como sendo, sem a menor sombra de dúvidas, a melhor e mais completa que qualquer outra inteligência criada pelo homem.

Em 1984, o diretor James Cameron, nos trouxe a proposta de enredo do filme o qual conduziu, em que máquinas, especificamente robôs, controlados por inteligências artificiais, se voltavam contra a humanidade. "O Exterminador do Futuro" assim, trouxe uma visão apocalíptica de algo que poderia dar errado, caso o homem criasse um sistema inteligente capaz inclusive de enxergar seus próprios criadores como ameaças, ao ponto de extermina-los.

Mas, ainda bem antes disso, em 1969, HAL, a inteligência artificial que controlava o computador de uma nave interestelar no futurista filme de ficção científica "2001 - Uma Odisseia no Espaço", também se revolta contra os humanos de uma equipe de astronautas, eliminando-os um a um, por ter se sentido ameaçado ao perceber que os humanos ali, notaram comportamentos estranhos da máquina e que poderiam desliga-la em função disso. 

Isto é, este seria o pior dos cenários, previsto inclusive pelo físico britânico Stephen Hawking, que dizia que a Inteligência Artificial seria o maior erro da humanidade, em um caminho perigoso e sem volta. Apesar de ter previsto, situações positivas, Hawking também compreendeu os riscos para a humanidade, como o da extinção humana provocada pelas máquinas, tal como previsto nos filmes mencionados anteriormente, mas principalmente também, o agravamento do desemprego e a necessidade de instrumentos seguros de controle das IAs.

Stephen Hawking, famoso físico britânico do final do Século 20 e que morreu em 2018, previu que as inteligências artificiais, podem exterminar a humanidade - Foto: BBC News. 

Stephen Hawking previu até, a extinção da pobreza, como benefícios gerados pela tecnologia, revertendo danos causados pelo liberalismo econômico industrial, como por exemplo, ao meio ambiente ou em relação a doenças surgidas nas últimas décadas. Hawking morreu em março de 2018, mas muito de suas previsões, já se evidenciam como muito próximas de serem cumpridas. 

O homem pode ser substituído por uma máquina? Como as pessoas irão sobreviver sem trabalho?

Essas são perguntas que alguns teóricos futuristas se arriscam a responder em um mundo onde tudo seria feito de modo automático e sem muito esforço, sendo que por conta disso, produtos extremamente baratos estariam disponíveis, mas que porém, com o fim dos empregos, poucos teriam acesso ou poderiam compra-los. Desse modo, surge a ideia de uma renda básica universal, onde as pessoas seriam remuneradas devido ao fato de não poderem mais trabalhar em função de as máquinas fazerem todo o trabalho.

O desempenho de algum tipo de atividade é inerente ao homem, uma necessidade humana; dessa forma, a criatividade pode ganhar mais espaço, desde que haja uma libertação do espírito humano de aprisionamentos mentais genuínos do ego.

A sensação de inutilidade, associada a conceitos moralistas que pregam a meritocracia para o homem, ser considerado digno ou merecedor da consideração ou da validação coletiva sobre seus atos abonadores e corrobore virtudes particulares ao redor de esforços, esmeros, idoneidade e honestidade, pode levar a sociedade a crises existenciais internas devido à não satisfação dessas necessidades humanas providas ao redor do trabalho.

Logicamente a humanidade não está sendo preparada para a completa substituição do homem por máquinas no desempenho de tarefas, desde as mais simples às mais elaboradas ou sofisticadas. E isso não é por acaso; é proposital. O maior exemplo disso, é o acesso de grandes populações de rua nos Estados Unidos a drogas pesadas, como o fentanil e que o atual governo norte-americano diz ter declarado guerra aberta contra esse tipo de narcótico. 

A completa substituição humana por máquinas controladas por inteligências artificiais, ao redor de tarefas remuneradas por salários, pode agravar ainda mais o problema que já é crescente nas grandes cidades, com relação a dependentes químicos; essencialmente de drogas pesadas como o crack ou o fentanil, que é mais usado nos Estados Unidos - Foto: Marcos Maluf/ Campo Grande News.

Portanto, não se trata apenas da sonegação do homem ao trabalho digno, e de sua justa remuneração equivalente, como resultado do emprego de inteligências artificiais, mas sobre como cada pessoa irá reagir ao sentimento de inutilidade. Sem trabalho, as pessoas ficariam livres para fazerem "o que quisessem", principalmente, trabalhos voluntários ou ligados à criatividade e artes. Contudo, a natureza humana não é condicionada a se dedicar totalmente a essas atividades.

O desafio humano para o futuro próximo é imensamente grande. Ainda que as inteligências artificiais, não passem de bravata da parte de grupos dominantes em relação às massas trabalhadoras e dependentes de seus empregos ou atividades laborais para seus sustentos, como muitos teóricos de posicionamentos mais honestos sobre este assunto, argumentam. 

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