Por se tratar de um personagem vivido nos dias atuais, Superman ganhou ao longo dos anos, diversas adaptações e atualizações, tanto na TV, quanto no teatro ou principalmente nas telonas das salas de cinema.
Desde que foi feita a primeira experiência de dramaturgia com o personagem em 1948, com interpretação de Kirk Alyn, outros quatorze atores, deram vida ao Homem de Aço em suas diversas fases.
Atualmente, uma nova atualização do mais famoso, super herói das revistas em quadrinhos, está em fase de produção já tendo as filmagens concluídas e com estreia nos cinemas, prevista para 2025.
Com direção de James Gunn, que tem vasta experiência em produções do gênero, após assinar nos anos 2000, participações na trilogia X-Men, o filme tem despertado muita expectativa entre os fãs, que diariamente vasculham a internet, em busca de novidades sobre a produção da trama.
Porém antes, desde o seu início comercial, Superman sofreu inúmeras reviravoltas dentre os bastidores no meio do entretimento, quando estreou nas bancas (de jornais e revistas) em junho de 1938.
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Detalhe artístico do novo uniforme do Superman, previsto para o filme que será lançado em 2025, nos cinemas - Foto: Divulgação/ Arte/ Warner Bros. |
De início, os criadores Jerome Siegel e Joseph Shuster, perderam os direitos sobre o personagem, após uma desastrada negociação em que o venderam por apenas US$ 130 (o equivalente a quase US$ 2.500, em valores de hoje, ou cerca de R$ 14 mil, com o câmbio de R$ 5,60 por dólar).
Era muito dinheiro, para uma época de crise (como a Grande Depressão econômica americana de 1929 a 1941), mas nada que garantisse um futuro confortável a eles, ao longo dos anos. Com isso, enquanto editores, produtores e suas empresas faziam fortunas com o Superman, os dois desenhistas criadores do protagonista, viviam em quase absoluta pobreza.
Jerry Siegel e Joe Shuster, ainda teriam idas e vindas como roteiristas do personagem na DC Comics, de propriedade da Warner Bros, mas sempre em condições precárias de contrato e sem nem mesmo, serem mencionados nos créditos.
A situação só foi revertida quando os produtores Alexander e Ilya Salkind (ambos pai e filho), conseguiram, os direitos para a produção de um filme em 1974, que só veio a ser lançado nos cinemas, em dezembro de 1978.
Ao tomarem ciência de novas movimentações de bastidores em torno do personagem, Siegel e Shuster foram reconhecidos, nos tribunais em 1975, como legítimos criadores do Superman, e desde então, passaram a receber remuneração vitalícia da Warner Bros., que até hoje produz séries e filmes com o personagem; além da menção de seus nomes nos créditos das produções.
Mas as turbulências envolvendo o Superman não terminaram com o final feliz dos criadores do personagem; a própria produção do primeiro longa metragem, digno de nota, entre os anos de 1977 e 1978, também não foi nada tranquila.
Primeiro com as negociações entre a DC Comics e os Salkind, que ocorreram de modo bastante tenso. Ilya Salkind, esperava lançar o filme em 1973, mas ele e seu pai, só conseguiram os direitos no ano seguinte.
Depois, com a elaboração do roteiro, o qual ficou bastante extenso, e teve a participação de Mario Puzo, da trilogia "O Padrinho" - e que no Brasil, adotou o título de "O Poderoso Chefão". Desse modo foi preciso então, dividi-lo em duas produções: "Superman - O Filme" e "Superman II - A Aventura Continua".
Além disso, houve alguma demora na escolha dos atores, pois inicialmente, os produtores queriam um nome famoso e de rosto conhecido para a interpretação do papel-título, mas depois, chegaram a conclusão que alguém desconhecido, daria um impacto maior ao filme.
Com isso, muitos foram ventilados para serem o Superman no filme de 1978, desde Paul Newman, Robert Redford, Al Pacino, James Caan e Burt Reynolds, a até, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger que também estiveram no páreo. No fim, escolheram o novato Christopher Reeve para ser o protagonista, que se fez como excelente opção.
Também houve a complicada relação entre o diretor Richard Donner e o produtor Pierre Spengler, o que agravou o clima na produção da trama; no final das filmagens, os dois já nem se falavam mais.
Isso porque mesmo com datas de estreia distintas, Donner decidiu que filmaria as duas produções simultaneamente; assim, num dia filmava cenas do primeiro filme, e no outro, do segundo; algo que teria atrasado o cronograma das filmagens, de acordo com o entendimento de Spengler.
Com isso, após concluir a produção de "Superman - O Filme" em 1978, Richard Donner já tinha 75% das filmagens do segundo filme prontas, mas como houve desentendimento entre ele e o produtor Pierre Spengler, coube a Richard Lester, terminar a produção do outro filme.
Porém, para que Lester tivesse crédito sobre a direção de "Superman II - A Aventura Continua" de 1980, foi preciso refilmar mais 25% da produção, além do que faltava, deixado por Donner para ser concluído, totalizando metade das filmagens.
Assim, parte do roteiro sofreu algumas mudanças, como a inclusão da cena dos terroristas na Torre Eiffel em Paris, que não estava previsto na versão original dirigida por Donner.
Outra diferença, é a cena em que ocorre a libertação do general Zod e seus dois cúmplices da Zona Fantasma.
As diferenças ficaram tão grandes que em 2006, foi lançado "Superman II - The Richard Donner Cut", uma edição especial do diretor na montagem da película de 1980, onde as cenas gravadas por ele e cortadas pelos produtores, puderam enfim, ser aproveitadas e que sugeriram uma melhora considerável no desenrolar da trama.
A participação de Marlon Brando, como Jor-El, também é um diferencial significativo no segundo filme do Superman, dentre as cenas filmadas e dirigidas por Donner, disponível apenas na versão de 2006; já que na versão de 1980, Brando proibiu os Salkind de usar cenas em que ele aparece, em protesto contra a demissão de Richard Donner da direção do filme, pelos produtores.
Richard Lester, substituto de Donner, chegou a dirigir o terceiro filme de Superman em 1983, ainda com os direitos de produção salvaguardados a Alexander e Ilya Salkind, porém, considerado pela crítica (ao contrário dos dois primeiros) como o pior da trilogia, protagonizada por Christopher Reeve.
Mas não tanto, quanto "Superman IV - Em Busca da Paz" de 1987 (ainda que com o mesmo elenco), mas produzido por outra empresa e que conseguiu piorar ainda mais, o que já estava ruim, no filme anterior de 1983.
Talvez, "Superman III" não foi tão bem recebido, devido às bruscas mudanças de roteiro, por conta dos vetos da Warner, como medidas de contenção de custos, no qual previa personagens como Braniac, Supergirl e Mister Mxyzptlk (que seria interpretado por Dudley Moore de "Arthur - O Milionário Sedutor").
Além disso, Gene Hackman se recusou protagonizar pela terceira vez seguida, o personagem Lex Luthor, também a exemplo de Marlon Brando, em protesto aos desentendimentos dos produtores contra o diretor Richard Donner em 1978. Para o lugar de Hackman, foi escalado Robert Vaughn, no papel do milionário Ross Webster.
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David Corenswet (atual Superman) e seu antecessor, Henry Cavill - Foto: Getty Images. |
Após isso, os Salkind ainda produziram "Supergirl" em 1984, com o papel principal vivido por Helen Slater e que também não foi tão bem, tanto de bilheteria, quanto de crítica; com um custo de produção ao redor de US$ 35 milhões e um faturamento de apenas US$ 14,3 milhões.
Slater brilharia em outras produções como, "O Segredo do Meu Sucesso" em que fez par romântico ao lado de Michael J. Fox em 1987, e que havia feito "De Volta para o Futuro", dois anos antes.
Enquanto isso, Richard Donner apenas iniciava a fase mais brilhante de sua carreira; primeiro, com "Os Goonies" em 1985, numa parceria com Steven Spielberg; e depois, ao lado de Mel Gibson e Danny Glover, com a sequência de comédias policiais, "Máquina Mortífera", que durou entre 1987 e 1998.
Aliás, a parceria entre Gibson e Glover, com Donner, abrangeram outros projetos como "Maverick" em 1994 e "Teoria da Conspiração" em 1998 (com Julia Roberts no elenco). Donner ainda dirigiu o drama policial "16 Quadras" com Bruce Willis e David Morse em 2006.
Os protagonistas do "kryptoniano"
Quinze atores interpretaram o "Super-Homem" (como era chamado no Brasil, anos atrás); alguns com finais trágicos como, George Reeves, que foi encontrado morto em sua casa em 1959, apontado como um suposto e suspeito suicídio. Antes, Kirk Alyn, já havia feito interpretações do Superman e também, não teve uma vida profissional muito satisfatória, fora do personagem.
Em nova versão de "Superman - O Filme" de 1978 (em edição especial de 2006, disponível no Max), Kirk Alyn e Noel Neill (Clark Kent e Lois Lane da série de TV de 1948), aparecem como pais da pequena Lois Lane, na cena em que são passageiros em um trem e a menina presencia o jovem Clark Kent, em Smallville, correr mais rápido que o comboio em que estavam.
Mas Christopher Reeve da quadrilogia à qual vigorou entre 1978 e 1987, certamente é até hoje, além do mais famoso de todos os protagonistas do Superman, o que também teve o desfecho mais triste em sua vida pessoal, após o acidente em que caiu de um cavalo numa partida de polo em 1995, e ficar com o corpo completamente paralisado em função disso, vindo a falecer em 2004.
Após Reeve interpretar o Superman, os Salkind ainda produziram uma série com o Superboy entre 1988 e 1992, inicialmente em parceria com a Disney/ MGM Studios e depois com Universal Studios Florida. A produção teve John Haymes Newton na primeira temporada, com o papel principal, e depois Gerard Christopher, da segunda até a última temporada.
Dean Cain também fez o personagem em quatro temporadas numa série para a televisão de relativo sucesso, ao lado de Teri Hatcher, no papel de Lois Lane, que foi produzida entre 1993 e 1997, chamada "Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman", que no Brasil teve as primeiras temporadas exibidas pela Globo e as últimas, pelo SBT, devido ao contrato de exclusividade da Warner e a emissora da família Abravanel.
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Tyler Hoechlin e Brandon Routh também interpretaram o "Homem de Aço" em séries de TV e streaming, produzidas pela Warner Bros. - Foto: Divulgação. |
Também houve casos curiosos como o de Nicolas Cage, que de cabelos longos, até chegou a experimentar o traje do super herói, mas não filmou nenhuma cena sequer, pelo fato de a produção do extravagante diretor Tim Burton, ser cancelada em 1995. Burton, é o mesmo de outros filmes como "Batman" (1989), "Batman, o Retorno" de (1992), "Alice no País das Maravilhas" (2010) e de sua mais recente produção, "Beetlejuice 2" (2024).
Tom Welling de "Smallville: As Aventuras do Superboy" (série produzida pela Warner Bros. entre 2001 e 2006), atuou em poucos trabalhos posteriores, devido à forte e marcante expressão do personagem em sua carreira.
Além disso, Tom Welling e Michael Rosenbaum, e outros atores, estariam trabalhando numa versão animada de "Smallville" que estaria prevista para retornar com as vozes do mesmo elenco da década de 2000, mas nada foi confirmado.
Já Brandon Routh protagonista de "Superman, O Retorno" em 2006, e que demonstrou frustração por interpretar o personagem apenas uma única vez, teve a sorte de retornar com o mesmo, ao universo de cruzamento de personagens da DC, com a produção "Crise nas Infinitas Terras" e "Supergirl".
O britânico Henry Cavill, intérprete do personagem na produção de Zack Snader em "O Homem de Aço" de 2013, apesar de vivê-lo em outros longas de universo compartilhado como "Batman Vs Superman" de 2016 e "Liga da Justiça" de 2017, também não conseguiu outra chance de atuar em um novo filme single, interpretando o super herói, como no esperado (e cancelado) "O Homem de Aço 2", onde de novo, o vilão previsto seria Braniac.
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Bitsie Tulloch, a melhor intérprete de Lois Lane, desde Margot Kidder em 1978 - Foto: Reprodução. |
Cavill que também vive um excelente momento em sua carreira, além de não ficar desempregado, continuará interpretando super heróis, mas desta vez com a maior rival da DC Comics, a Marvel (de propriedade da Disney); e anunciou ainda, que em breve será pai.
Henry Cavill, também chegou a aparecer como o novo Wolverine, numa participação em "Deadpool & Wolverine" - lançado em 25 de julho nos cinemas - ao lado de Hugh Jackman (que está se aposentando do personagem), e claro, Ryan Reynolds, no papel título da trilogia.
Por último, Tyler Hoechlin, que protagonizou a série "Superman & Lois" (disponível no Max, antigo HBO Max), foi sem dúvida, o ator que demonstrou uma maior humanidade do personagem, vivendo como homem casado e pai de dois adolescentes, ao lado de Elizabeth Tulloch, que podemos considerar como a melhor intérprete de Lois Lane, desde Margot Kidder em 1978.
Após o fim das filmagens do último longa metragem do Superman em 2024, sob os cuidados do diretor James Gunn, o casal Tyler e Bitsie retorna para a última temporada da série, da família superpoderosa de Smallville, com outras três já em exibição no serviço de streaming da Warner Bros.
Agora o bastão foi repassado a David Corenswet, que vive o "filho de Krypton" em "Superman Legacy" (ou Legado) previsto para os cinemas em 2025.
E assim, uma história de 86 anos, se renova e se revigora, com novos rostos vivendo os mesmos personagens; a mesma história que contada de modos diferentes, continua a encantar gerações por anos a fio; onde espera-se, sem os problemas sérios que envolveram os bastidores do personagem, no passado.
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