Na Primeira Carta à Igreja de Corinto, na Grécia, São Paulo apóstolo escreveu sobre o amor de forma tão poética que suas palavras ecoaram no tempo na máxima expressão de um sublime sentimento o qual simplesmente é inexplicável.
Por amor as pessoas podem fazer sacrifícios imensos por seus semelhantes e ainda viver no opróbrio da intolerância e da incompreensão; o amor é por isso indescritível, mas Paulo de Tarso deu dicas de como o amor puro e verdadeiro se manifesta.
A fidelidade de um cão por seu tutor, é o mais singelo exemplo. Aliás, os cães sabem como ensinar amor aos humanos de forma tão pura, inocente, meiga e gentil, que poderíamos interpretar tal forma de amar, com um verdadeiro "tapa na cara", dos mesmos que vivem pregando o nobre sentimento, mas pouco o manifesta de forma prática.
Isso porque o amor é sutil, tênue, imperceptível; pode ser comparado à água (que não tem cor, não tem cheiro; é sem forma e muito menos possui sabor), mas é considerado o mais precioso dos líquidos por ser capaz de saciar a sede.
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São Paulo apóstolo, não ousou definir o amor, mas como ele se manifesta (foto: Reprodução). |
No versículo 2 do capítulo 13 da epístola aos coríntios, São Paulo, enfatiza que de nada adianta o conhecimento, os dons proféticos e o domínio da ciência, se não houver amor. Eis o grande e imenso abismo entre arrogância e pedantismo, na comparação oposta ao amor que move pessoas a ensinar os mistérios da vida a outras, para que tenham o mesmo saber e assim, todos se salvem da ignorância e da manipulação.
Sidarta Gautama, o Buda, 480 anos antes de Jesus Cristo, se compadeceu do sofrimento de seu povo e por amor, deixou o Palácio onde vivia como um príncipe, para compreender o que as pessoas comuns experienciavam; por amor, Buda venceu o sofrimento apenas com o próprio amor, humildade, compaixão e muita meditação.
Além disso, Buda em sua jornada de busca pela iluminação, compreendeu que dentre as inúmeras formas de sofrimento, a ignorância é a principal razão que faz com que as pessoas sofram, oriunda da ausência de amor. Dessa forma pôde ainda, repassar sua experiência pessoal também como ato de amor, ensinando as pessoas "o passo a passo" de como conquistar a iluminação espiritual através do combate ao sofrimento, por meio amor.
E como amor em latim, quer dizer "caritas" (ou cáritas, na transliteração exata para o português), repassa a ideia de caridade e que também pode se associar a algum tipo de ação ou atitude materializada nas mais diversas formas.
Nesse sentido, a caridade sem amor, não é caridade, mas tão somente uma forma de autopromoção daqueles que fazem boas ações, para conquistar aplausos ou mesmo se livrar de suas obrigações junto aos governos, com doações dedutíveis no imposto de renda.
Por caridade, é importante não haver a confusão com o conceito de esmola; caridade (ao contrário de esmola), é algo que se doa de forma espontânea (que no segundo caso, não quer dizer que exprima necessariamente espontaneidade - pode se tratar de uma mera forma de se livrar do pedinte, ou mesmo, a busca de um modo para se ver de consciência limpa pela suposta boa ação ao próximo).
A caridade se trata exatamente daquilo que permita àquele que lhe é ofertada, sair de sua condição famélica de modo permanente (incluindo aí, suas mais diversas formas, seja na espiritual ou motivacional e de autoestima). Algo que lhe promova sua emancipação e maior autonomia perante a sociedade em todos os sentidos.
Através do amor, um novo sentimento no qual está associado à ele, é possível se encontrar sua outra forma de manifestação material, que é a compaixão. Por meio dela, é possível compreender até mesmo a razão para que as pessoas passem a odiar as outras. Através da compaixão, torna-se possível o entendimento que leva as pessoas a perseguir seus semelhantes.
A insegurança, o medo e o apego demasiado ao ego, é o principal empecilho para que as pessoas não alcancem a iluminação de que precisam para romper seus ciclos kármicos sobre o plano material terreno. A compaixão pode inclusive, se manifestar de modos hostis para aquele ao qual lhe é direcionada; pois se alguém está em erro, a simples observação deste erro pode fazer com que aquele que erra, corrija seu curso de vida.
Mas por vezes, o amor é tão forte, que pode levar uma pessoa a fazer os mais elevados sacrifícios para se manter fiel a uma causa, em nome de algo maior ancorados no altruísmo pelo bem comum da coletividade.
Por isso a compaixão como forma de advertência, se faz necessária, pois o orgulho, a arrogância e a ganância de alguns, seguramente compromete o bem estar de uma ampla maioria. O desejo de muitos por fundar sociedades mais justas, levou ao martírio, milhares de personalidades históricas. E por martírio, pode-se entender não somente o sacrifício da própria vida em si, mas ainda, da reputação e da âncora moral de uma pessoa na sociedade em que vive.
Enfim, os dons, as faculdades e os prodígios realizados por alguns, como nas palavras de São Paulo (onde se pode interpretar também como, um objetivo pelo bem comum da coletividade), sem amor, tudo é nulo e vão. Ainda que se fale a linguagem dos homens e dos anjos, sem a caridade verdadeira, nada é válido.
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