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Líder ou chefe: qual perfil predomina na realidade das empresas e o que não passa de fábula corporativa?

 Está ficando cada vez mais difícil de se sustentar a tese corporativa moderna e vista como "evoluída" em torno de perfis de liderança lidas sob a ótica do líder. Nem mesmo com a globalização que se descortinou para o mundo e adotada no Brasil a partir de 1990, foi capaz de mudar conceitos de gestão ou ao menos aplicar tais conceitos à realidade prática. 

 O que antes era visto como metas para modelos de gestão interna dentre as empresas no trato para com seu capital humano, aos poucos foi sendo relegado a termos pragmáticos de ajustes, redução de custos e corte de despesas os quais seja aceito ou não, acabam impactando na qualidade e no rendimento de funcionários.

 O conceito do colaborador que é convidado (ou instigado), a assumir os riscos pelo sucesso da empresa - sem ter a devida participação nos lucros e que na prática, é feito terceirizador das responsabilidades dos sócios -, mudou o paradigma do antigo funcionário que apenas cumpria ordens e efetuava tarefas.

 Tal preocupação também praticamente é inexistente quando se trata dos cargos de chefia (ou "liderança"). Porém a mudança na busca pelo perfil perfeito, mais tem servido como instrumento de coação e coerção, do que propriamente algo que contribua para o aperfeiçoamento profissional dos ditos colaboradores. 

 O recurso do feed back vem sendo cada vez mais abolido ao passo que medidas coercitivas ganham espaço. A opinião de funcionários sobre práticas e métodos de gestão vigentes nas empresas é cada vez menos importante, embora o discurso que aponte o oposto desse entendimento ainda seja reivindicado nos ambientes corporativos. 

 O sadismo pelo prazer propiciado visto em equipes inteiras se digladiando em rivalidades e competições internas entre seus membros, só beneficia a empresa em contrapartida ao enorme desgaste psicológico dos empregados, agravado por quadros de assédio moral severamente coercitivos.

A ilustração  descrita  pela  equipe  artística  de  Os  Simpsons,
apresenta o personagem da direita com fisionomia que lembra 
o fundador da Apple, Steve Jobs, como um exemplo do líder  a
ser  seguido.   Tal  conclusão  também  não  seria  mera  fábula 
corporativa propagada? 

 A estipulação de metas absurdas e inalcançáveis certamente é o que mais tem gerado a tão falada desmotivação nos ambientes de trabalho e que nenhum profissional de coaching irá reverter, se as empresas não colocarem em prática, aquilo que pregam nas palestras promovidas por elas, em que muitas remuneram palestrantes a peso de ouro para isso.

 Dessa forma com cenários corporativos cada vez mais hostis, a figura do chefe tem predominado mais que a dos líderes. Nesses arquétipos, as definições e conceitos de ambos se mesclam e acabam beneficiando a desonestidade e a desfaçatez de muitos chefes travestidos de líderes.

 Mas qual é a diferença definida entre eles? 

 Tudo que se limita na análise sintática descrita acima, termina portanto, desmentindo discursos fabulosos propagados em cursos de graduação e sobretudo também, dentro do ambiente das próprias empresas, quando o chefe é apresentado como de postura mais rígida e monocrata, e o líder, que adota posicionamento mais flexível e democrático.

 Consequentemente o fato verificado tanto em ambientes acadêmicos, quanto nas empresas, é que a figura do líder pode ter um discurso bonito, mas está bem distante de ser vivido e materializado na vida corporativa das entidades empresariais do país. 

 Com isso, funcionários se tornam peças cada vez mais descartáveis, elevando a rotatividade nas empresas e tornando cada mais difícil o reenquadramento profissional de trabalhadores, devido a experiências pretéritas traumáticas vividas, e através disso se tornarem empecilhos; já as virtudes do líder, apesar de evocadas, são características pouco vistas na realidade.       

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