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Jardim Goiás e as facetas de um bairro que tem seu lado nobre e pobre

 Surgido no final da década de 1950, o Jardim Goiás se desenvolveu ao longo do esboço inicial ao prolongamento leste da Avenida Presidente Vargas, e que à qual nem bem tinha aspectos que a tornariam uma avenida. Mais se parecendo a um "trilheiro" rural, que propriamente à envergadura da via urbana que é atualmente.

 O bairro foi se desenvolvendo seguindo a silhueta do que se previa na continuação de outras importantes vias urbanas da cidade dada a vocação comercial que essas vias potencializavam para o futuro. Assim, com as primeiras ruas que foram sendo gradualmente abertas, se propiciou o surgimento da construção eventual de algumas residências, e se fez importante ao lhe dar como herança, contornos peculiares que também haviam sido relevantes para o processo evolutivo do centro de Rio Verde. 

 Porém seu desenvolvimento aconteceu lento e as melhorias urbanas que se seguiram inicialmente aconteceram na Avenida Presidente Vargas, mais precisamente, partindo do ponto do local da antiga rodoviária nos anos 1970 e depois, no início da década de 1980, com a pavimentação de uma estreita porção da margem sul das quadras adjacentes à Presidente Vargas até o limite com a Avenida Jerônimo Martins (ruas Costa Gomes e Abel Pereira de Castro). 

 Do mesmo modo também, o processo de urbanização seguiu em sua margem norte (ruas Augusta Bastos, Goiânia e Dário Alves de Paiva), até a Avenida João Belo - que também havia sido pavimentada em meados da década de 1970. Em 1974 coincidindo com a inauguração da Avenida João Belo, o governador Leonino di Ramos Caiado, entregava um dos mais importantes e destacados colégios de Rio Verde, no Jardim Goiás: o Colégio João Veloso do Carmo, apelidado "Gigantão".

 Esse processo de urbanização ficou de certa forma também, comprometido com parte de suas ruas servida com rede elétrica sustentada por postes de madeira em aroeira retorcidos, o que agravou sensivelmente a parte estética do bairro. Mas isso não comprometeu seu desenvolvimento.


Rua General Borges Fortes: variedade estética das casas dá o tom das
disparidades sociais presentes no Jardim Goiás.
 Hoje o bairro é servido por um shopping (com um hipermercado), um camelódromo, seis agências bancárias: Banco do Brasil; Sicoob; duas agências-Itaú; Bradesco e Caixa. Lotérica, hotéis, dois postos de combustíveis, e é dotado de um comércio variado que vai desde lojas de ferragens, materiais de construção, passando pelo comércio de gêneros de refrigeração, até ao de decoração de interiores. E ainda: de uma concessionária da Toyota, bem como também, do comércio de carros usados.

 O Jardim Goiás também abriga a sede administrativa da Comigo - a maior cooperativa agrícola de Goiás e de toda a Região Centro Oeste do Brasil -, e de outras duas grandes empresas do agronegócio. O bairro também é servido pelo 2º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militar, de Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e também do "Vapt Vupt" (um centro de atendimento que reúne todos os serviços públicos estadual e municipal num só lugar). 

 Porém, mesmo contando com toda uma infraestrutura comercial e de serviços, o bairro não deixa de apresentar o seu lado pobre. 

 A parte mais à leste do Jardim Goiás, como também, sua extremidade sul, sofreu por um prolongado período de tempo com o descaso de autoridades do município, desatentas em oferecer uma estrutura urbana que levasse um pouco mais de dignidade a seus moradores. Um exemplo disso é a Rua General Borges Fortes e o final da Rua Abel Pereira de Castro, à qual faz fundos com uma escola de mesmo nome, cercado por residências muito humildes.


Avenida Presidente Vargas, principal via comercial do Jardim Goiás, além do centro, corta outros três bairros 
da cidade e é ligação entre as regiões leste e oeste de Rio Verde.

 O segundo caso é ainda mais preocupante dado a existência de escombros de imóveis semi-demolidos que tiveram seu processo de demolição interrompidos por conta de uma pendência judicial envolvendo o terreno de uma comunidade católica e o shopping, o qual teve seu projeto de expansão comprometido por conta disso.

 O bairro predominantemente abriga pessoas em sua maioria, pertencentes às classes B e C. Isso de certa forma lhe dá um certo dinamismo, que foi capaz de desenvolver um mix de produtos oferecido pelo comércio e pelos serviços presentes no bairro. O intenso movimento de carros e de pessoas, lhe dá um falso teor de progresso que maquia a vida difícil da maioria de seus moradores, a se observar nas condições em que se encontra boa parte dos imóveis residenciais existentes nele.  

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