Entre uma conversa e outra, logo nos deparamos com expressões elogiosas, porém no mínimo equivocadas sobre o progresso de cidades médias interioranas como Rio Verde.
É justamente ao tentarem enfatizar isso, que nos defrontamos com 'pérolas' como: "em Rio Verde, só não trabalha quem não quer".
Sim, isso pode ter lá o seu fundo de verdade, mas de que tipo de trabalho estamos falando?
É justamente ao tentarem enfatizar isso, que nos defrontamos com 'pérolas' como: "em Rio Verde, só não trabalha quem não quer".
Sim, isso pode ter lá o seu fundo de verdade, mas de que tipo de trabalho estamos falando?
Frases assim são ecoadas pelos quatro cantos do País e repetidas sempre por pessoas que gozam de um relativo sucesso profissional por sempre terem disponíveis o pleno acesso aos meios de preparo, graduação e agregação de capital intelectual para que em sua boa parte, conseguissem sempre as melhores ocupações disponíveis no mercado de trabalho.
Portanto pessoas que pensam assim, estão muito mais interessadas em destilar o veneno da discriminação social - do que propriamente emitir uma opinião dentro de um amplo entendimento -, de que por mais que a economia brasileira não demonstre o vigor desejado por economistas e analistas de mercado, um fenômeno muito curioso vem ocorrendo; e ele se dá justamente sobre a geração de empregos onde de acordo com os últimos dados do IBGE apontam para uma taxa de desemprego ao redor de 4,6%.
Mas e a qualidade desses empregos? A realidade do emprego no restante do País reflete a semelhanças sobre os cenários verificados nas seis regiões metropolitanas onde o IBGE faz a medição mensal do desemprego?
Para entender melhor o que se passa sobre a questão da qualidade dos empregos - que envolve ainda casos de cargas horárias alternativas e também a expressividade da remuneração oferecida -, em regiões do interior do País potencialmente dinâmicas como Rio Verde, é preciso se entender basicamente como funciona sua principal atividade econômica.
Como a predominância dos empregos se dá na agroindústria do segmento dos complexos soja e carnes, a demanda maior se dá por mão de obra de menor qualificação para funções operacionais nas linhas de produção agroindustrial e o que por sua vez, estão diretamente ligadas a atividades em horários que tornam inviáveis aos trabalhadores, um melhor aproveitamento de tempo para que possam se qualificar e assim buscarem melhores recolocações dentro do mercado de trabalho.
Pelo o menos em cidades interioranas tanto pequenas quanto médias o nível de industrialização está singularmente associado a atividades agropecuárias, como as do seguimento dos complexos soja, carnes e canavieiro.
O último muito mais comum em cidades de pequeno porte e também onde são demandadas em sua maioria, mão de obra de baixa qualificação, às quais são requeridas de acordo com a sazonalidade das safras (estando essa mão de obra ociosa nos períodos de entre-safra), tanto no corte de cana-de-açúcar, quanto no processamento da matéria prima para a produção de açúcar e álcool nas usinas.
Esse nível de industrialização obedeceu também, a surtos cíclicos das elites políticas e econômicas locais visando atender tão somente a ampliação de seus mercados comerciais e de serviços locais, com ajudas governamentais na concessão de incentivos fiscais e doação de infraestrutura básica para a construção dos complexos agroindustriais (em sua maioria erguidos no final da década de 1990).
E uma vez satisfeitas essas demandas por ampliação de mercado, as mesmas elites políticas e econômicas se acomodaram e passaram a desestimular novos investimentos privados para que o custo com a mão de obra local não viesse a sofrer uma forte apreciação e com isso seus lucros viessem a serem comprometidos.
O inchaço populacional em cidades médias e o rápido incremento demográfico experimentado por conta da falsa propaganda irradiada na qual são vistas como verdadeiros oásis na geração de empregos, podemos citar algumas como Rio Verde, que está entre as 7 cidades com maior crescimento populacional do País em dez anos (saltando de pouco mais de 120 mil habitantes em 2003 para 200 mil habitantes em 2013).
O resultado disso são aluguéis com preços absurdamente elevados, dado aos imóveis serem de qualidade e estados de conservação insatisfatórios (portanto caros), mais o custo de vida com gêneros de primeira necessidade sempre crescentes e o pior, ofertas de vagas de trabalho incompatíveis na relação função e remuneração.
Portanto Rio Verde não pode ser vista como um caso de uma cidade onde ''não se trabalha quem não quer", mas sim, que sofreu uma sub-industrialização tardia mas que já vem experimentando uma ligeira e ainda incipiente desindustrialização precoce e que por conta disso oferece sim, muitas vagas de emprego, porém sempre aquelas onerosas - devido a necessidade de grande esforço físico empreendido -, e mal remuneradas por demandarem uma força de trabalho pouco qualificada para tal.
Portanto pessoas que pensam assim, estão muito mais interessadas em destilar o veneno da discriminação social - do que propriamente emitir uma opinião dentro de um amplo entendimento -, de que por mais que a economia brasileira não demonstre o vigor desejado por economistas e analistas de mercado, um fenômeno muito curioso vem ocorrendo; e ele se dá justamente sobre a geração de empregos onde de acordo com os últimos dados do IBGE apontam para uma taxa de desemprego ao redor de 4,6%.
Mas e a qualidade desses empregos? A realidade do emprego no restante do País reflete a semelhanças sobre os cenários verificados nas seis regiões metropolitanas onde o IBGE faz a medição mensal do desemprego?
Para entender melhor o que se passa sobre a questão da qualidade dos empregos - que envolve ainda casos de cargas horárias alternativas e também a expressividade da remuneração oferecida -, em regiões do interior do País potencialmente dinâmicas como Rio Verde, é preciso se entender basicamente como funciona sua principal atividade econômica.
Como a predominância dos empregos se dá na agroindústria do segmento dos complexos soja e carnes, a demanda maior se dá por mão de obra de menor qualificação para funções operacionais nas linhas de produção agroindustrial e o que por sua vez, estão diretamente ligadas a atividades em horários que tornam inviáveis aos trabalhadores, um melhor aproveitamento de tempo para que possam se qualificar e assim buscarem melhores recolocações dentro do mercado de trabalho.
Pelo o menos em cidades interioranas tanto pequenas quanto médias o nível de industrialização está singularmente associado a atividades agropecuárias, como as do seguimento dos complexos soja, carnes e canavieiro.
O último muito mais comum em cidades de pequeno porte e também onde são demandadas em sua maioria, mão de obra de baixa qualificação, às quais são requeridas de acordo com a sazonalidade das safras (estando essa mão de obra ociosa nos períodos de entre-safra), tanto no corte de cana-de-açúcar, quanto no processamento da matéria prima para a produção de açúcar e álcool nas usinas.
Esse nível de industrialização obedeceu também, a surtos cíclicos das elites políticas e econômicas locais visando atender tão somente a ampliação de seus mercados comerciais e de serviços locais, com ajudas governamentais na concessão de incentivos fiscais e doação de infraestrutura básica para a construção dos complexos agroindustriais (em sua maioria erguidos no final da década de 1990).
E uma vez satisfeitas essas demandas por ampliação de mercado, as mesmas elites políticas e econômicas se acomodaram e passaram a desestimular novos investimentos privados para que o custo com a mão de obra local não viesse a sofrer uma forte apreciação e com isso seus lucros viessem a serem comprometidos.
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O agronegócio é basicamente o calcanhar de aquiles da sub-agroindustrialização de nossa região.
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O resultado disso são aluguéis com preços absurdamente elevados, dado aos imóveis serem de qualidade e estados de conservação insatisfatórios (portanto caros), mais o custo de vida com gêneros de primeira necessidade sempre crescentes e o pior, ofertas de vagas de trabalho incompatíveis na relação função e remuneração.
Portanto Rio Verde não pode ser vista como um caso de uma cidade onde ''não se trabalha quem não quer", mas sim, que sofreu uma sub-industrialização tardia mas que já vem experimentando uma ligeira e ainda incipiente desindustrialização precoce e que por conta disso oferece sim, muitas vagas de emprego, porém sempre aquelas onerosas - devido a necessidade de grande esforço físico empreendido -, e mal remuneradas por demandarem uma força de trabalho pouco qualificada para tal.
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