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O legado de Rio Branco

O Brasil é um país da América do Sul, que possui o terceiro maior território do continente e quinto maior do mundo, fruto de séculos de expansão, o qual foi se consolidando desde o seu lento povoamento; tanto sob o domínio português na região, quanto de conquistas diplomáticas após a Independência do país em 1822, principalmente durante os primeiros anos da República. 

 Mas falar da expansão territorial brasileira, requer um amplo estudo no tempo, onde em seus primórdios, contou com a forte participação dos bandeirantes paulistas, no desbravamento de sertões que hoje pertencem a Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso, além de territórios desmembrados desses estados como Rondônia, Tocantins e Mato Grosso do Sul.

 Sem deixar de mencionar também, conquistas importantes, desde a anexação de partes como a "Cabeça do Cachorro" no estado do Amazonas ao Norte, passando pelo Acre, até o Sul, por meio do território do Contestado em Santa Catarina.

 José Maria da Silva Paranhos Junior, o Barão do Rio Branco, foi fundamental para a configuração atual do território brasileiro, obtendo importantes conquistas com reconhecimento internacional, ao redor da delimitação das fronteiras do nosso país. 

Palácio Rio Branco, é a sede do governo do Acre, na capital que leva o mesmo nome; ambos em homenagem alusiva ao patrono do estado - Foto: Reprodução. 

 Patrono da diplomacia nacional, Rio Branco, como ficou conhecido pelo título o qual lhe foi concedido pelo imperador Dom Pedro II em maio de 1888, acabou tendo maior destaque nos primeiros governos republicanos de Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca, no Século 20.

 O Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, acabou sendo sua residência, e ao mesmo tempo, local de trabalho; mas além disso, algo como que uma espécie de sua própria prisão. Rio Branco, morreu no carnaval de 1912, trabalhando. 

 Antes de sua morte porém, pediu demissão do cargo de ministro das Relações Exteriores, mas foi negado pelo presidente Hermes da Fonseca. Muito estimado até os dias de hoje, Rio Branco talvez não poderia imaginar as possíveis ameaças que hora se vislumbram no horizonte do Brasil e que podem colocar todo o seu legado em risco. 

 Talvez temendo por isso, sugeriu ao então ministro da Guerra e que mais tarde seria seu superior direto (o mesmo presidente o qual lhe negou a demissão até sua morte), que enviasse soldados brasileiros para treinamento na Alemanha.

 O marechal Hermes da Fonseca, aceitou a sugestão de Rio Branco e enviou um destacamento de soldados para serem treinados no país que até então, tinha o exército mais capacitado da época. Na certa, Rio Branco também previra que nem sempre através de negociações de paz, o Brasil conseguiria manter seu território íntegro.  

 Uma preocupação que também foi compartilhada pelos militares que governaram o Brasil entre 1964 e 1985, ao instalarem batalhões do Exército por toda a floresta Amazônica, justa a parte do país, em que Rio Branco mais intensificou esforços na delimitação das fronteiras nacionais. 

 Nos anos 1990 o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, desenvolveu o projeto do Sistema de Vigilância da Amazônia o qual foi envolto em polêmicas, ao ficar claro o interesse do governo americano em vencer a licitação para a empresa que faria a administração do sistema de monitoramento do espaço aéreo da Amazônia Legal. 

Na imagem, de ilustração de um vídeo produzido pela BBC News Brasil, o destaque para o território brasileiro na cor branca, como contraste para se diferenciar do restante da América Espanhola - Foto: Reprodução/ BBC News Brasil.

 Entre acusações de espionagem e tramas conspiracionistas, uma empresa privada dos Estados Unidos acabou "vencendo" a licitação e hoje monitora, em caráter de defesa nacional, o espaço aéreo brasileiro na região, embora em carta de resposta ao jornalista Elio Gaspari da Folha de S.Paulo, em 2014, o ex-presidente Fernando Henrique, disse que a empresa norte-americana, havia vencido a concorrência pública ainda no governo Itamar Franco, anterior ao seu. 

 Nos últimos anos, a suposta preocupação ambiental tem rondado a Amazônia de modo cada vez mais explícito, por meio de ONGs estrangeiras ligadas a grandes fundos de capitais através de conglomerados pertencentes a magnatas de Wall Street, ou a entidades nórdicas europeias.

 Algo que tem despertado propostas que envolvem inclusive, figuras da esquerda brasileira que de certo modo, se associaram a essas ONGs e hoje defendem ideias absurdas de compartilhamento do território da floresta com todos os demais países, por ser considerada "'patrimônio da humanidade', que o Brasil não tem sabido administrar".

 O tema simplesmente passou incógnito no debate eleitoral de 2022, sendo completamente ignorado pelos candidatos os quais preferiram mais, atacar o presidente que pleiteia a reeleição, sob outros aspectos de seu governo, através de pautas conhecidas como "identitárias"; um tipo de narrativa que visa distrair o público com assuntos importantes, para se desviar o foco das discussões de outros, ainda muito mais graves. 

Brasil, superpotência inconsciente?

 Por suas dimensões continentais de território, uma economia robusta entre as dez maiores do mundo e um povo extremamente disciplinado e trabalhador (apesar de haver uma ideia errada difundida pelas classes abastadas nacionais, do contrário), o Brasil é visto como potência por outros países.

 A economia brasileira, apesar de ter crescido pouco desde o ano de 1980, também apresenta aspectos que fogem de termos vistos como "emergente", se aproximando mais de uma característica tida como "desenvolvida". Uma situação no entanto, não reconhecida por sua própria população, por razões obscuras.

Talvez por isso, o Brasil tenha despertado, além da admiração externa, a cobiça internacional sobre riquezas que só nós temos e essa preocupação tem se mantido evidente no desconforto de empresas de comunicação estrangeiras presentes no país como a britânica BBC, manifestando de modo bastante sutil, mas não menos imperceptível, tal inquietação.

 Em uma série de reportagens, a BBC Brasil evoca a "divisão" eleitoral brasileira com a ilustração de uma iconografia representando o território nacional envolvida por certa espécie de rachadura que em tese, dividiria o país ao meio, como se com isso, manifestassem (de modo alusivo) o evidente incômodo com o tamanho do território brasileiro.

José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão
do Rio Branco, é patrono da diplomacia 
brasileira - Foto: Reprodução/ Arquivo Público. 

 Em outro vídeo mais recente, o serviço de jornalismo em português, direcionado ao Brasil da BBC trás a preocupação do governo norte-americano com a eleição presidencial brasileira, ao redor de uma suposta tentativa de golpe, empreendida pelo atual governo, caso viesse a perder o pleito eleitoral, sob a alegação de fraude nas urnas eletrônicas.

 O vídeo se encerra com um pequeno trecho editado com a fala do ex-vice-secretário de Estado do governo dos Estados Unidos, em que ele diz que o Brasil é uma potência que não tem consciência de seu tamanho e importância no cenário global.

 "Enquanto que os Estados Unidos são, sem dúvida, uma superpotência, que sabe atuar no cenário internacional de forma muito consciente, o Brasil é uma superpotência, mas não sabe disso". (Thomas Shannon - ex-vice-secretário de Estado dos Estados Unidos, em declaração concedida à BBC News Brasil).

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