Texto revisado 23 de maio de 2012
por Marcio Marques Alves
por Marcio Marques Alves
Nos
antagonismos das ideologias econômicas, sempre vemos florescer os
debates sobre as correntes de pensamento que envolvem duas delas, ou
suas maiores protagonistas do cenário econômico. Nesse contexto existe
uma disputa à qual teve início já com o questionamento dos Estados
Modernos do século XVI, despertando a ira daqueles - defensores do livre
mercado e contrários a toda a concentração de renda e poder que havia em
torno do Estado na figura das monarquias absolutistas -, através de
impostos e extravagâncias da corte.
Mais ira se despertou ainda, com
a infeliz frase de um monarca francês: "L'État c'est moi
" (O Estado sou eu), que só pôde ser vingada em seu sucessor em 1789.
Antes, outra revolução burguesa (a gloriosa), desta vez na
Inglaterra, já havia dado ao país sua primeira Constituição e o seu
parlamento, o que permitiu à Inglaterra ser a potência dos séculos XVII,
XVIII e XIX. Desde então a liberdade de comércio foi o que motivou outra
importante revolução, já no século XVIII - a revolução industrial.
Mas
tanta liberdade de mercado gerou críticas e mais revoluções, sendo a última, a
mais ameaçadora delas: A revolução comunista de 1917.
Entre a
liberdade de mercado ou a economia controlada pela mão forte do Estado,
surge um novo pensamento econômico entre os dois extremos, que é o
"Keynesianismo" - palavra derivada do sobrenome de seu principal mentor
intelectual: John Maynard Keynes
-, ou como ficou conhecido o conceito para designar uma doutrina
econômica com base em políticas de incentivo governamental, de pleno
emprego em obras públicas, seguro desemprego e de garantia de preços
mínimos das mercadorias comercializadas durante períodos de crises; surgida como plano de salvação dos Estados Unidos durante a década de
1930, onde seus efeitos quase não puderam ser sentidos em seus primeiros anos de
implantação, tendo períodos de melhoras e pioras. Somente no final da
década de 1930, que os resultados mais significativos foram registrados.
O
que mais influenciou na persistência dessa política econômica, foi o
fato de que nenhuma outra teoria ganhava força tanto quanto o "Keynesianismo"
ou se apresentava com argumentos técnicos precisos e fortes para
rivalizá-lo. Foi a adoção de medidas de cunho social, visando benefícios
macroeconômicos à médio e longo prazos com a política do "Welfare State", que
se conseguiu evitar e impedir que as opiniões das massas assalariadas e
desempregadas de então, migrassem para o Comunismo e o tomassem por
bandeira, como sendo a melhor solução para a mais devastadora crise da
história.
Devido
ao desastre econômico que a crise de 1929, apresentava ao mundo, as
teorias liberais perdiam força, ou se moderavam por uma ação
antireacionária comunista, ao passo que o Keynesianismo não se mostrava
tão eficaz assim. Os americanos enfim, precisavam mostrar ao mundo que o
capitalismo não estava morto e assim, deram três mandatos consecutivos
ao presidente Franklin Roosevelt.
Nos
anos 70 começou o fim de uma era de ouro para aqueles de tendência
mais à esquerda e com as sucessivas críticas ao "keynesianismo", ao
"Estado do Bem Estar Social" e os mecanismos de proteção social do
chamado: "Estado-providência", partindo de pessoas defensoras do livre
mercado. Surge então a doutrina neoliberal, que na verdade, é uma definição em sentido crítico.
Com cortes nos gastos
públicos, - dentre os quais, são oriundos desses meios governamentais
de proteção social - controle fiscal rígido e maior rigor nas contas da
previdência, acreditava-se que assim, muitos países sairiam de déficits
fiscais e passariam por um controle maior nas contas públicas, mantendo
condições de constante crescimento econômico e minimizando os efeitos da
crise do petróleo de 1973, tendo essa tese reinado aboluta durante toda
a década de 1980 e muito mais depois da queda do "muro de Berlim", em 1989.
Agora novamente surge um novo impasse ao qual teve seu início com os títulos imobiliários americanos chamados "subprime"
em meados de 2008, em que ficou claro (como em 1929), que muita
liberdade de mercado pode produzir bolhas especulativas, gerando papéis
sem valor e consequentes calotes indexados a outros papéis. E o pior,
algumas instituições financeiras como o Goldman Sachs, são alvo de
inquérito no Congresso americano, por fraudes na venda de títulos podres
ligados ao sistema imobiliário americano no mercado de capitais de "Wall Street".
Já há poucos dias uma "bomba" chamada Grécia explodiu, e a receita para
debelar a crise é neoliberal. Arrocho salarial, aumento de horas
trabalhadas, e corte de gastos públicos além é claro, de um forte ajuste
fiscal, o que certamente gerará mais crise, com uma consequente
recessão. E os gregos acostumados à boa vida, terão que experimentar um
pouco da vida de brasileiro.
Em
suma. Por que será que as autoridades monetárias acham que as massas
devem pagar pelos erros de governos incapazes de conviver com uma
popularidade baixa e com extravagâncias de mega especuladores do mercado
financeiro internacional? Por que ninguém vai preso?
Pelo jeito nenhuma das doutrinas citadas é capaz de dar uma solução definitiva para as crises ou ao menos a precaução a elas?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirO que você disse no final resumiu tudo: nem keynesianismo nem liberalismo são capazes de dar uma solução para as crises? O Estado se vê incapaz de ter uma boa administração das grandes empresas públicas e adota modelos neoliberais; é algo como "melhor entregar na mão da iniciativa privada do que ficar nas minhas mãos e quando fracassar eu ser o responsável". É o que ocorreu no Brasil nos governos de Collor/FHC: vamos adotar uma medida neoliberal de privatização de algumas das nossas maiores empresas públicas. Ajudou, de certa forma, ao desenvolvimento do país? Sim. Solucionou os problemas econômicos na época? Jamais. Enfim, ótimo texto.
ResponderExcluirMas no Brasil nunca tivemos a implantação de políticas realmente liberais, como as ideias libertárias de grandes autores. O país necessita realmente parar de pensar que o político é seu salvador e que vai resolver tudo...Meu caro, a política nunca será a solução mas sim o problema, então o estado deve se meter o mínimo possível na economia e na maioria dos apectos sociais. Collor abriu minimamente o mercado estrangeiro e FHC realizou a proposta do real que na verdade é uma grande intervenção na economia e uma moeda meio que desvalorizada e fraudulenta
ExcluirNa verdade, as crises ocorridas em ambas as ocasiões,1929 e 2008, citadas no texto, ocorreram por interferência estatal na economia, ou seja, por um erro muito claro do estado, a impressão de dinheiro para "aquecer a economia" e "incentivar o mercado". Mas o que de fato ocorre, como em 29, foi a injeção de dinheiro na economia, incentivando certas empresas a produzir mais e, por consequência, gerou inflação e elevação dos preços...gerando a tal superprodução. Claramente pode-se ver que não é algo gerado pelo processo de livre mercado, mas sim gerado pelo processo de interferência estatal e manipulação na economia.
ResponderExcluirOs trechos dos penúltimo parágrafo, tive que ler 2 vezez pq na primeira, comecei a rir como se estivesse lendo uma piada.
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