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O "day after" da exposição agropecuária e o desmentido da crise

 Quem saiu às ruas pedindo ética e probidade pública com camisetas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) - comprovadamente uma das entidades privadas mais corruptas do País -, reclamou do aumento de impostos, da conta de energia elétrica, e dos combustíveis e pensou que a dívida pública brasileira tivesse aumentado por conta do que foi desviado da Petrobras, precisa rever seus conceitos sobre isso. 

 Pelo menos para boa parte dos rio-verdenses nesse mês de julho não pareceu mais serem fatores tão preocupantes assim. Portanto quem andou reclamando também do movimento fraco do comércio, do mercado imobiliário ou da prestação de serviços, certamente não pode se queixar muito, tendo em vista que praticamente todos aqueles que assim exerceram seu áureo direito pátrio e democrático de protestar, foram vistos nem que fosse por uma noite ao menos, durante os 10 dias de festa da 57ª Exposição Agropecuária de Rio Verde. 

 A ostentação e o glamour da festa já se faziam nítidos desde o domingo (05), que antecedeu o período de realização da exposição agropecuária na cidade. Em paralelo à celebração do dia dedicado ao proto-padroeiro de Goiás, Divino Pai Eterno (com a tradicional romaria e subida à escadaria da chamada "Igrejinha da Serra"), aconteceu o desfile oficial de abertura da feira agropecuária, onde se pôde notar o figurino incrementado usado por cowboys e cowgirls de ocasião, devidamente trajados, ora em suas montarias, caminhonetes de luxo, máquinas agrícolas (a serem expostas na feira), ou meros carros alegóricos devidamente caracterizados.

  Assim, em meio a conjuntura a que muitos ainda classificam para determinadas ocasiões e situações como "crise", a beleza e o ar da graça de um evento que tem mantido os pobres cada vez mais de lado ao ter ao longo dos anos vindo a perder seu teor de festa popular, a Expo Rio Verde atravessou a semana de sua realização alheia ao conceito predileto oposicionista e hostil usando pelos cidadãos residentes no município ao governo federal em torno da atual situação econômica do País.  

 A feira agropecuária também se fez como uma excelente ocasião para que pré-candidatos a prefeito se "exibam", ao seu modo, para o eleitorado em meio à privacidade de seus camarotes. É o que pôde ser comprovado da parte dos deputados: federal, Heuler Cruvinel e estadual, Lissauer Vieira, cercados por pessoas próximas à eles, em seus espaços particulares reservados, regado a uísques e outros tipos de bebidas caras; pessoas de bem (e de "bens"), próprias de sua convivência cotidiana, se mantendo distantes portando, da maior parte de seu potencial eleitorado para as eleições municipais do próximo ano.

 Com pessoas como Cruvinel e Vieira se divertindo a beça na feira agropecuária, as expectativas em torno da mudança definitiva do recinto de exposições para um local menos adensado demograficamente, e portanto, que gere menos incômodos à população, caso vençam o pleito eleitoral do ano que vem, se arrefecem. Assim, a perpetuação do barulho e do transtorno ocasionado pelo trânsito nas ruas próximas ao parque, seguem garantidos uma vez que a diretoria do Sindicato Rural anunciou que pretende construir uma arena fixa para o rodeio em seu recinto. 

 Agora com o fim da edição da feira agropecuária de 2015, as expectativas se voltam para o desempenho econômico do município, em torno dos efeitos da tal "crise", que por sua vez, não foi empecilho para que rio-verdenses ou até visitantes de outras cidades, viessem conferir o brilho da festa, mas que volta a ser um tema recorrente depois do seu encerramento.


Cartaz de evento paralelo à Exposição Agropecuária
de Rio Verde. Festa exclusiva para público seleto.

 Terminada a festa, falar da crise esclarecerá ambiguidades que evidenciarão o que não passa de meros discursos oposicionistas contra o governo federal, culpando-o pelo efeito dela, já que além da exposição agropecuária, ocorreram outros eventos paralelos e que chegou a concorrer em público com a feira. Com tanta gente disputando em espaço e ostentação nessas festas (e também com festas concorrendo entre si), não há nada que se possa atribuir à crise o que estaria ocorrendo atualmente na economia.


 A corrupção, os reajustes nos preços da gasolina, da energia elétrica ou dos impostos, nada mais parece ter importância, já que nem todos que frequentam ambientes fechados com ingressos e bebidas caras, parecem se preocupar com seus gastos pessoais e se não se preocupam com seus gastos pessoais em lugares assim, na certa se deve ao fato de não se preocuparem verdadeiramente com o que acontece no País.

 A próspera e pujante elite empreendedora de Rio Verde, certamente por ser frequentadora de festas coletivas tipo ostentação, não vai mais poder reclamar da crise. Muito menos alegar que será preciso demitir alguns de seus empregados ou cortar investimentos em seus negócios em função da tal "crise". Culpar e acusar o governo por seus gastos excessivos não parece ser algo muito coerente e idôneo.       

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