De "queridinho" da década passada, o Brasil passou a ser visto como um dos patinhos feios da economia global. Com investigações contra a Petrobras nos Estados Unidos e agora contra a Odebrecht na Suíça, em nome da probidade do capitalismo, o País parece ser visto agora como que uma espécie de bode expiatório internacional para purgar os pecados de todo o capitalismo mundial.
Do futebol, passando pelo setor petrolífero ao da construção civil, o Brasil hoje parece ser alvo de algo visto como o exemplo a não ser seguido; ou dependendo do desfecho das investigações, como a substancialidade exemplar da punição para que outras nações emergentes como nós, entre nos eixos da civilidade institucional e econômica do mundo desenvolvido. Se o interesse internacional em torno do Brasil for esse, então tudo não passa de um embuste risível.
De acordo com a análise do jornalista Jamil Chade a uma emissora de TV brasileira, tanto Petrobras, quanto Odebrecht, são vistos como mais uma estatal ou mais uma empresa privada a serem investigadas. O curioso é que no caso HSBC, a Suíça não parece tão disposta a elucidar o caso que envolve contas objeto de lavagem de dinheiro, relacionadas a uma lista de pessoas que poderia fazer qualquer um, rever seus conceitos sobre o que o mundo entende ou idealiza por ética nas relações econômicas.
Agora a imprensa internacional também resolveu nos apresentar o que é visto como erros do governo brasileiro na condução de sua política econômica. Interessante que tais críticas partam justamente de veículos de imprensa que passam por reestruturações na composição de suas diretorias. O mesmo jornal o qual afirma que o Brasil parece estar vivendo em um filme de terror, foi vendido a um grupo japonês de comunicação.
Na ocasião do estouro da crise internacional em 2008, o então presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, também fez duras críticas aos causadores da crise:
"Uma crise causada, fomentada por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis..., que antes da crise parecia que sabiam tudo e que agora, demonstra não saber nada."
Como sempre, mal interpretado em suas palavras, Lula continua certo no que disse. Mas desta vez, a crítica bem que poderia ser direcionada para a mídia, que continua dando a entender que sabe de tudo, mesmo que a saúde de seus negócios não ande lá, essas coisas.
Se a mídia não sabe como resolver seus próprios problemas, como pode entender de economias ou conjunturas econômicas altamente complexas e dependentes da política partidária suicida de um Congresso, que mesmo tecnicamente em sua maioria seja aliado do governo, não colabora com ele?
Não sabemos bem como um país acusado de espionar aliados e que no Brasil além do governo espionou a própria empresa da qual agora é objeto de investigação, poderia contribuir para a purgação dos pecados capitais de uma estatal como a Petrobras. O que se sabe é que o sucesso da Petrobras até aqui, essencialmente depois da descoberta do pré-sal e o início de sua exploração é o que faz a Exxon Mobil não ser mais a maior petroleira do mundo. Igualmente o que se sabe é que após o governo Lula, o protagonismo da Odebrecht em contratos no exterior passou a incomodar empresas do ramo americanas.
Para quem não é chegado em teorias conspiratórias, falar sobre o ponto de vista da ameaça à soberania nacional é algo igualmente ridicularizado. Acostumados a ver o Brasil pequeno e que quase nunca incomoda seus supostos aliados, o brasileiro não entende que por trás do manto da moralidade da parte de organismos judiciais internacionais, se esconde interesses econômicos de empresas americanas que viram seus lucros diminuírem desde que o Brasil passou a adotar uma estratégia mais agressiva com suas companhias, tanto públicas, quanto privadas.
O fato de veículos de imprensa internacional nos espezinhar, só reflete o incômodo que causamos. Não por nossas mazelas, mas pela alternativa ao pensamento único que representamos. O banco dos Brics que começou a funcionar esta semana, a própria união dos países que compõem os Brics e do qual o Brasil também faz parte, é o que verdadeiramente tem incomodado a imprensa internacional subserviente ao capital do mundo em processo de desglobalização e que agora se agarra a blocos.
O caso grego é um exemplo de uma Europa que começa a definhar. A Grécia é um grande indício de que o primeiro bloco econômico a surgir no mundo precisa de reformas (não a Grécia). A alternativa apresentada pelos Brics é o que afronta e pode evidenciar ainda mais a necessidade de reformas na União Europeia.
O desafio do mundo desenvolvido é se manter desenvolvido sem suas velhas artimanhas colonialistas ou imperiais. Será que serão capazes disso?
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