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TV à lenha

 Semana passada, a sucursal da TV Anhanguera em Rio Verde, veiculou em seu bloco local hospedado no Jornal Anhanguera do Praça-TV da Rede Globo, uma série de reportagens sobre a TV digital, em função de Rio Verde ser a primeira cidade do País, no cronograma do Ministério das Comunicações, a desligar em definitivo os transmissores de TV analógica previsto para novembro de 2015. 

 Discutiram muito na série de reportagens sobre questões de cunho tecnológico, menos de conteúdo. Mesmo dotando Rio Verde de uma concessão pública de televisão aberta e comercial, a TV Anhanguera, só se limita a uma programação local na cidade, em dois blocos de jornalismo, hospedados no horário cedido pela Globo a suas afiliadas (e isso há quase intermináveis 25 anos de existência da emissora por aqui). 

Rio Verde:  4º  maior  PIB goiano,  refém  de  uma  má 
divulgação  na  capital,  onde  nem  mesmo   a  direção 
para sua saída de Goiânia, é informada corretamente 
pelos âncoras da TV Anhanguera.
 O restante da programação da emissora na cidade só fica mesmo, restrita a uma presença onipresente, mas de certa forma oculta, por limitar a atuação da emissora na cidade apenas à veiculação de comerciais. Aliás é exatamente isso o que legitima a cobrança por mais investimento em conteúdo produzido em Rio Verde por parte da emissora, do que aquele importado, como de costume, provido da capital do estado. Nem que fosse pelo o menos, a disponibilização de mais espaço para o jornalismo local. 

 A praça publicitária e comercial de TV em Rio Verde é altamente lucrativa, tanto que a cidade dispõe de cerca de seis agências de publicidade que produzem material publicitário dentro do mais avançado padrão de qualidade, já visto em praças interioranas do País. 

 A TV digital também não se restringe apenas à uma melhor qualidade de imagem. Ela é sobre tudo: interativa. Isso significa que o telespectador não precisa de ter horário marcado para assistir a um programa de TV que mal começa e já "termina". O telespectador poderia assistir ao seu programa preferido a hora que bem quisesse. Poderia grava-lo, pausa-lo (mesmo sendo ele transmitido ao vivo). 

 Ou ainda, participar via internet (em tempo real), dando sua opinião sobre determinado tema discutido no programa - já que os aparelhos de TV modernos de hoje, também possuem conexão wi-fi -, caso a TV digital no Brasil já tivesse disponível, o software capaz de tornar a interatividade por meio do controle remoto da TV, uma realidade. 

 Mas nada disso foi abordado pela série de reportagens da TV Anhanguera de Rio Verde, que ainda efetua a transmissão do bloco jornalistico rio-verdense em formato standard, enquanto os blocos restantes providos de Goiânia são transmitidos em alta definição. 

 Contudo, a TV Anhanguera não é a única culpada. Porém com certeza, é a mais beneficiada com essa situação, já que sem concorrência direta na cidade, a emissora se sente livre para manter sua pobre grade de programação diária. Agora para piorar, vem exibindo conteúdo jornalístico de outras praças da Rede Anhanguera (como de Anápolis, por exemplo), sobretudo no horário do bloco rio-verdense da hora do almoço.

 A segunda parte da culpa de tudo isso, recai sobre os próprios empresários que já atuam em outras mídias eletrônicas na cidade, mas que não manifestam interesse em explorar o segmento de televisão por aqui. Certamente pelas dificuldades encontradas por eles para se conseguir novas concessões públicas de TV comerciais e abertas para cá. 

 Porém a terceira face da moeda, se dá exatamente pela dificuldade que esses empresários da mídia eletrônica local observam para conseguirem concessões públicas de TV. E isso só pode ser mudado, com a proposta de regulação econômica da mídia, de iniciativa do governo - que ajudaria na desconcentração do mercado de televisão comercial no País como um todo -,  e que os próprios empresários (que não são capazes de conseguir uma concessão de televisão), criticam. 

 Enquanto persistir essa situação, continuaremos reféns de conteúdo televisivo importado da capital do estado e que regularmente menospreza a importância econômica da cidade no contexto estadual. Afinal é preferível para a âncora dos blocos de notícias restantes da capital, se referir à saída da BR-060 de Goiânia "para Guapó" (que fica na região metropolitana), do que para Rio Verde, quando se trata da mesma direção.     

Comentários

  1. Muito obrigado pela visita ao nosso blog. Espero que tenha gostado do texto.

    Esse é o nosso objetivo: temos que começar com a quebra de monopólio nas mídias regionais como a TV Anhanguera, que só divulgam a capital e muito mal o interior. A regulação econômica da mídia contemplaria sobretudo também casos como a TV Anhanguera em Goiás.

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