Na manhã deste sábado (07), tive a oportunidade de participar pela segunda vez, de um importante programa de uma das principais emissoras de rádio em minha cidade: o programa "Ponto Crítico", da Rádio 96 FM, comandado pelo apresentador Isaac Pires com as participações do Professor Laudelino e Marat de Souza (que apesar de ser comentarista cativo da casa em outros espaços, neste programa em especial, era como eu, apenas um convidado).
O convite para minha participação no referido programa se deu para discussão da conjuntura política em nível nacional, sobre temas como: economia, corrupção e claro, o suposto processo que já teria sido posto em curso pela oposição, de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Contudo, dado ao tempo escasso do rádio, a formulação de raciocínio na mesma cadência de dinamismo exigido pelo meio de comunicação, da parte de participantes estreantes como eu, ficam de certo modo, deixados à desejar em muitos dos tópicos que vão surgindo no decorrer do programa.
Marat de Souza, bem articulado nas palavras e como sempre, contundente nas críticas ao governo, principalmente tangíveis à economia, fez diversos questionamentos quanto à situação das contas públicas que aparentam ligeira desordem. Já Professor Laudelino, procurou pautar sua participação com base na sensatez, mas acima de tudo dentro da imparcialidade, no qual defendeu o respeito aos princípios constitucionais, bem como, o amplo direito de defesa da presidente em caso de abertura de processo de impeachment contra ela.
Em meio a participação e outra de ouvintes, o raciocínio de quem está no estúdio fica prejudicado e assim, alguns pontos deixam de ser discutidos. Como por exemplo, o diagnóstico completo, dentro de um claro retrospecto dos fatos que apontam a fragilidade de argumentos que defendem abertamente o impedimento do governo da presidente Dilma.
O questionamento o qual vira e mexe, é levantado pelo âncora do programa, Isaac Pires, sobre a nomeação de um diretor ligado ao sistema financeiro nacional para o Ministério da Fazenda (o qual tomou uma série de medidas impopulares), também não pôde ser respondido à altura.
Esse fato porém contrasta com a nomeação de Aldemir Bendine para substituição de Graça Foster na Petrobras. O mercado reagiu mal ao nome de Bendine, pelo fato de ele ser um dos mais fiéis escudeiros de Dilma, naquilo o que é crucial ao governo. Ele foi mal recebido pelo mercado, justamente porque preservará o modelo de partilha do pré-sal. Razão que possivelmente pode estar sendo o pivô de toda a onda de denuncismos que envolve o nome da Petrobras.
Algo imprescindível também que deveria ter sido dito, é que a participação do PMDB nos esquemas de propinas da Petrobras, e que agora parecem irrelevantes para a grande mídia corporativa e o senso comum (os quais miram sua artilharia de críticas, todas, unicamente contra o PT).
E por que o PMDB, deixou de ser irrelevante nas críticas?
Não é de agora que o PMDB - mesmo pertencendo à base aliada (como bem lembrou Professor Laudelino no programa) -, vem demonstrando infidelidade ao governo. A eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados, e o apoio do vice-presidente Michel Temer à candidatura de Cunha, refletem bem o clima de descompromisso do PMDB para com a lealdade ao governo e a legalidade constitucional do País.
A blindagem midiática do PMDB também deixa claro, a tentativa de legitimação do partido e principalmente de Michel Temer, numa eventual subida ao poder em função do ainda remoto impeachment de Dilma Rousseff.
O incongruente depoimento do ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, responsabilizando (sem provas), unicamente o PT, de recebimento de propinas na ordem de US$ 200 milhões - e de que parte desse dinheiro teria alimentado o caixa da campanha presidencial do partido -, só ajuda a reforçar a tese de criminalização do PT e de blindagem do PMDB. A tratativa da Justiça com Barusco é de que ele responderia o processo em liberdade, em função de sua contribuição na delação premiada.
O vice-presidente tem se mantido neutro na situação. Não se pronunciou um única vez sequer, sobre as persistentes especulações em torno do impeachment da presidente Dilma. Muito menos ainda no sentido de se promover a tranquilização, a paz e a preservação da continuação da legalidade constitucional no País.
E isso em meio apenas a suspeitas que pairam sobre a figura da presidente, em torno de sua responsabilidade direta nos casos de corrupção investigados na Petrobras. Como indica o suspeito parecer do jurista Ives Gandra Martins, encomendado por um advogado do Instituto Fernando Henrique Cardoso, sobre o tema.
Em meio à essa perigosa conjuntura, assistimos à omissão peemedebista que indiretamente contribui para o golpe, nos moldes paraguaios. E que ajuda a incitar a violência no discurso de oportunistas e mercenários ávidos por seus retornos ao poder.
Nem que isso se dê por intermédio do PMDB. O que isolaria tanto PT e PSDB, da cena política nacional e o que seria uma soma menor que zero, para os dois partidos que têm se mantido hegemônicos nos últimos embates eleitorais no Brasil.
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