Em meio ao que seria uma espécie de trauma em face do baixo crescimento do PIB e tendo também, aquilo o que é apontado como o principal gargalo brasileiro - a escassez de mão-de-obra qualificada -, o Brasil vive uma crise de infraestrutura, que parece evidenciar mesmo, um pano de fundo, no qual a elite patronal tem tomado com muito proveito, claro, se valendo dos preciosos préstimos do endosso que é feito em torno disso, da parte da imprensa, e que a qual tem batido feio nessa 'tecla', por sinal.
Fica-se mesmo pasmo e perplexo, até o mais aplicado, submisso e resignado entre os mais disciplinados dos profissionais, tamanho rigor no recrutamento de pessoas para funções que exigem um certo conhecimento e experiência, mas nada que fosse parecido com nenhum tipo de besta apocalíptica a ser enfrentada.
A grande imprensa corporativa comercial do País, tem feito intensa exaltação sobre uma iniciativa um tanto controversa: a da importação de mão-de-obra qualificada, principalmente dos Estados Unidos e Europa. O argumento é de que o País não pode mais esperar pela formação de uma mão-de-obra - que envolve não somente o meio de aprendizado acadêmico, mas também, a experiência adquirida pelo profissional ao longo de sua vida - e que as demandas mais urgentes estariam nos obrigando a lançar mão deste recurso.
Mas um fato insólito como esse, não pode ignorar a existência de profissionais no seio nacional, tão ou mais capacitados que os estrangeiros. Nessa inusitada situação podemos observar que o discurso da escassez de mão-de-obra qualificada, no mínimo, serve para achatar a remuneração de trabalhadores com considerável Know-how em suas áreas de atuação.
Temos aí, em quê está inserido o pensamento sobre a precarização do mercado de trabalho, se tendo um proveito sinistro de um gargalo - que existe na verdade; é fato -, mas não, na intensidade como se propaga nos jornalões da grande imprensa nacional.
Isto é, o problema em relação à mão-de-obra qualificada, pode não ser tão grande assim. Na realidade, uma considerável concentração de mão-de-obra qualificada, porém com boa parte dela já empregada e outra considerável ainda, que sofre um intenso ostracismo laboral, onde é obrigada a viver dentro da realidade de uma reserva de mercado, que na qual tem por objetivo, a tentativa de uma regulação do mesmo, em torno da remuneração paga às esses profissionais.
Contudo a 'alvissareira' e 'bem-vinda' solução da importação de mão-de-obra, pode morrer raquítica por inanição já em seus primeiros suspiros vitais, caso os empresários acreditem que os estrangeiros se submeteriam à remuneração praticada no País atualmente para com sua mão-de-obra nativa.
Com isso, vivemos um oximoro perfeito tendo de um lado uma legião de trabalhadores, que se sentem convidados a se qualificar - tanto pela insistente e persuasiva ação da imprensa, quanto pela necessidade da busca por uma melhora em suas remunerações -, mas que se sente impotente em não conseguir se qualificar por conta de seus limitados recursos (já que o fator tempo e poder aquisitivo pesam muito, na busca por um aperfeiçoamento profissional); e de outro, os empresários os quais se mostram relutantes numa cooperação para com os trabalhadores, na ausência de oferta de condições para que membros de seus quadros, venham a se tornar qualificados.
Assim, observando o quadro sombrio em torno do mercado de trabalho; das exigências infundadas e inoportunas dos empresários, que penaliza os trabalhadores em torno de algo do qual os mesmos não têm nenhuma culpa, e que são na verdade, vítimas do descaso quanto à Educação em nosso País; combinado de péssima qualidade no ensino; total inexistência de uma política governamental consistente - com início, meio e fim -, em função da busca e da perseguição do objetivo de um trabalho pela qualificação da mão-de-obra.
A busca pelo profissional 'perfeito', 'altamente competente', 'qualificado', de 'reputação ilibada' e principalmente 'barato', evidencia uma certa utopia, que beira até o delírio psicodélico. Mas que pode ter seu real interesse numa sondagem profunda, contudo, buscando um efeito inverso, implícito e abstrato, tentando com isso, apenas o de estudar os candidatos às vagas possivelmente ofertadas pelas empresas, sobre o nível dos profissionais que se apresentam à essas empresas. Tentando com isso se atualizarem quanto a novas tendências na oferta de profissionais, visando com isso, formas inteligentes de fintar os candidatos, dando a ideia de que por mais preparados e experientes que sejam, estariam sempre desatualizados e fora do contexto de suas necessidades requisitadas.
Com as preocupações do mercado de trabalho, mais voltadas ao pouco reconhecimento profissional, evidencia-se aí, sutilezas de pleno ostracismo e boicote à mão-de-obra existente, se manifestando sempre insatisfeita, o que pode por sua vez, levá-las a se embaraçarem e se verem vítimas de seu próprio veneno, quando no fechamento de seus balanços verificarem que poderiam ter faturado mais do que efetivamente auferiram no exercício de seus anos fiscais.
Portanto, se não houver uma cooperação público-privada em torno da busca pela qualificação de mão-de-obra, a situação social permanecerá inerte - apesar do avanços -; e as empresas perderão grandes oportunidades de negócios com a maciça política de achatamento salarial, limitando o potencial do mercado consumidor, aumentando os riscos de inadimplência, gerando prejuízos sociais indexados e hereditários, passados de geração em geração.
Comentários
Postar um comentário