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As cores nacionais

 Nesta terça-feira (19), celebra-se o Dia da Bandeira, na quarta-feira (20), é feriado em metade do país em relação ao Dia da Consciência Negra. Muitos brasileiros se orgulham do fato de nossa Bandeira Nacional Republicana não conter a cor vermelha, no sentimento nocivo que permeia as mentes infantes do País que associam o rubro a movimentos políticos do operariado comunista. 

 Já as pessoas negras em nosso País, é a outra cor à qual é ignorada, mas ao contrário do vermelho, é tolerada. O vermelho dos nativos indígenas também lembra o sangue derramado pelo genocídio silencioso, pelo qual foram (ou ainda são vítimas). E é o vermelho do sangue derramado em séculos de história brasileira que está ausente em nossa bandeira - bem o oposto da tricolor francesa, na qual o próprio pendão nacional dos Estados Unidos também foi inspirado. 

 O Brasil visto como um feudo herdado por um príncipe regente o qual decretou a independência do País para se tornar imperador, sinaliza o acordo das elites nacionais para afastar o povo do poder nacional. Preferiram entregar o comando máximo do Brasil a um estrangeiro, da mesma nacionalidade da qual houvéramos (teoricamente), nos libertado. Dessa forma o País nasceu desprovido dos ideais do liberalismo, o qual só agora foi abraçado, embora apenas sob o ponto de vista do direito do capital explorar a falta de liberdade daqueles que não o controlam.

  A aparente preguiça dos republicanos em fazer proveito das cores das duas famílias de nobres fidalgos que governavam o Brasil até a data do golpe de 15 de novembro de 1889, se fez ainda pior, quando o primeiro declaradamente "patriota", fez um esboço da proposta de uma nova bandeira para o País sob a égide do novo regime presidencialista, inspirada no desenho do pavilhão nacional norte-americano.

Ailton Krenak, é líder indígena e um dos poucos (senão o único), a chamar atenção do País para a falta de um dia de consciência voltado às pessoas de pele vermelha como ele (foto: divulgação).

 O autor do péssimo gosto copista, o jurista Rui Barbosa, é desses intelectuais brasileiros da política que permeiam no tempo, sem mérito algum, do que senão alguém que ocupou alguns dos mais elevados cargos públicos da República em seu primórdios, e não ter contribuído com nada de significativo para melhora-la. Quando ministro da Fazenda, foi já no primeiro governo, meteu o País numa enrascada especulativa financeira, da qual só fomos nos livrar, quatro mandatos presidenciais depois. 

 Para consertar a besteira de Rui Barbosa em sua proposta para o Pavilhão Nacional, Raimundo Teixeira Mendes, Miguel Lemos, Manuel Pereira Reis e Décio Villares resolveram criar o Selo Nacional na cor azul o qual contém a faixa na cor branca e a frase positivista "Ordem e Progresso", com a redução das dimensões do losango amarelo que já havia na bandeira do Império, substituiu o brasão imperial, no completo proveito feito das demais cores e do próprio modelo da nova Bandeira Brasileira da República. 

 Negar o vermelho à Bandeira Nacional, foi como a refutação do sangue derramado não reconhecido, tanto do passado, quanto do futuro do País ao redor das lutas travadas, principalmente sociais - isso ficaria claro com as revoltas ocorridas durante a República Velha (1889-1930), a ditadura do Estado Novo (1937-1945) e a ditadura militar (1964-1985). Sobretudo o sangue de negros e índios (de pele vermelha escura - longe do rubro rosado caucasiano europeu), nos tempos atuais ditos "democráticos" e de "paz". 

Novembro assim, para algumas partes do Brasil, tem três feriados. Um dedicado aos mortos (porém não àqueles que morreram lutando, mas a todos que se perdem na generalidade de um feriado religioso), o Dia da República e o Consciência Negra. Três importantes datas que não são devidamente celebradas, embora o dia de descanso adicional na semana seja bem vindo para uma classe trabalhadora que trabalha cada vez mais, produz cada vez menos e por isso tem visto serem reduzidos seus rendimentos. 

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