Dentre o rodízio de reformas, a pregação da simplificação do Estado que no bojo traz a retirada de direitos, justifica a modernização econômica nacional, com a imposição de novos duros fardos ao País, que certamente trarão o efeito inverso da proposta alegada, dentre tantas boas intenções de governos e técnicos os quais afirmam que a economia voltará a crescer com esses tipos de reformas.
Indubitavelmente o entendimento geral do governo que propõe soluções simples onde o ônus é sempre repassado para os mais pobres, visa preservar a classe média e os ricos, mantendo-os na zona de conforto; a mentalidade da valoração exacerbada do empreendedorismo em detrimento do trabalho, indica ser a metástase de uma preguiça induzida na qual indiretamente alude mais sobre o lucro, do que a produtividade.
Com isso, a simplificação na cobrança de impostos e a desoneração da folha de pagamento, através da retirada de direitos trabalhistas, descapitaliza e consequentemente mutila o Estado de prestar assistência à população mais vulnerável e dependente de políticas públicas, na contrapartida oposta de um liberalismo sem critério de mão única e completamente despreocupado com o desenvolvimento e a produtividade.
Porém essa forma de pensar o desenvolvimento econômico apenas pelo lucro contábil, tem deixado pequenos, médios e grandes empresários, totalmente acomodados, já que a política de austeridade das empresas, enxerga no corte de custos e na postergação eterna de investimentos, formas de se garantir lucratividade, sem se preocupar com a produtividade.
Dessa forma, como podem compensar a ausência de produtividade com o corte de custos (principalmente sobre salários), os gastos com o trabalho são reduzidos, e assim a lucratividade é inflada frente aos níveis de produtividade estagnados e gradualmente mais baixos.
Mas o que é produtividade?
Produtividade é o resultado do aumento do volume de produção, com as mesmos fatores, recursos, insumos e gastos, ocasionando na consequente elevação do retorno financeiro que possibilita ainda, ganhos de escala marginais os quais por outro lado, barateiam os próprios custos e aumentam a competitividade de melhores produtos ou serviços oferecidos, a preços mais acessíveis ao grande público.
No entanto, como a maioria dos empresários não se preocupam com a produtividade, mas sim, com a lucratividade, logo o trabalho é indiretamente desprezado como forma de garantir redução de seus custos, o que é feito através do fechamento de vagas de emprego e reduz a massa trabalhadora ocupada, à qual consome menos, por estar produzindo apenas o suficiente para gerar lucro a seus patrões, sem nenhuma preocupação com a produtividade.
O resultado de tudo isso é que desde 1980, o Brasil parou de registrar aumento de produtividade, que com a inflação, achatou salários. Sem produtividade, o trabalhador não consegue aumentos reais de seus rendimentos sobre seus trabalhos e a consequência de tudo isso é que a desindustrialização nacional passou a ser vista como algo natural de um processo de involução e declínio que acaba empobrecendo o valor agregado sobre os produtos nacionais .
A redução da demanda agregada, fruto do achatamento de salários pela baixa produtividade, é outro reflexo dessa realidade, onde o que importa é o lucro, em detrimento da solidificação da base da pirâmide econômica brasileira.
Contudo, a prática do corte de custos, através da redução de pessoal e da consequente diminuição dos salários pagos, acarreta no acúmulo de trabalho para trabalhadores ocupados, os quais estão sujeitos a reduzirem seus níveis de produtividade, devido à exaustão, transtornos de ansiedade e depressão, além de efeitos através da perda de cortisol, o hormônio responsável pelo controle do estresse e da concentração.
Nessa compreensão, questiona-se o papel dos sindicatos os quais não demonstram preocupação com a qualidade da saúde ocupacional dos trabalhadores, principalmente emocional; sem falar que com a perda de produtividade, os salários tendem a ficar ainda mais achatados.
Aliás os sindicatos no Brasil, ainda estão presos na velha dicotomia "liberalismo Vs socialismo", sem observar o meio termo disso, o qual a produtividade sempre fica negligenciada, já que o critério de reajustes salariais se restringe apenas à recomposição de perdas inflacionárias e não sobre ganhos de produtividade. São parâmetros ignorados, mas plenamente observados em países de economias europeias, onde os próprios sindicatos, acompanham junto às empresas, o desempenho dos trabalhadores.
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