Não poderia ser diferente, a amarga conta do golpe chegou num acumulado de retração do Produto Interno Bruto (PIB), em nada mais e nada menos que 7,2% em 2015 e 2016; um resultado que empurrou o Brasil de volta aos números de 2010. Se houve presidentes cuja seus lemas foram "50 anos em 5", o de Michel Temer parece ser "5 anos (de retração) em 2".
Como diria a economista e professora da Unicamp, Maria da Conceição Tavares, "ninguém come PIB", porém de modo que o crescimento da economia serve como um termômetro para a mensuração em torno se as pessoas comem ou não, os indicadores nos dão a dica de que a recessão prolongada - com ares de depressão econômica -, apontam para um empobrecimento em massa da população na ordem de 9,1%.
Para termos uma melhor dimensão do estrago ocasionado pelo golpe na economia brasileira, o Brasil foi o único, dentre uma listagem de 45 países, que apresentou retração no resultado do Produto Interno Bruto. Esses indicadores só confirmam outros dados que sinalizavam o recuo na economia brasileira, como a contração do crédito em resposta, não exatamente ao aumento da inadimplência, mas em relação aos atrasos nos pagamentos das parcelas.
Tudo lógico, provocado pelo aumento do desemprego, em vista da menor atividade verificada, que por sua vez também, pudesse ser observado no aumento da capacidade instalada ociosa da indústria. Em meio a todo esse quadro, houve quem celebrasse a queda da inflação e dos juros, que contudo, ainda não surtiu o efeito desejado sobre as taxas de cartões de crédito e o limite do cheque especial aos correntistas.
O resultado de um enxugamento no mercado de crédito na faixa de aproximadamente R$ 1 trilhão, agora se vê no desastre de 2016, que foi reflexo também de 2015 (resultando no acumulado da queda 7,2% na atividade econômica), sendo também, consequência da insatisfação da classe dominante com o resultado eleitoral majoritário de 2014 (o qual apresentou crescimento de meio ponto porcentual).
Porém para o ministro da Fazenda que é natural de Anápolis, Henrique Meirelles, o resultado do PIB seria tão somente o reflexo projetado no espelho retrovisor; numa tentativa em atribuir aos supostos erros do governo Dilma, como consequência de tudo isso. Visando reforçar esse discurso, o jornalista Kennedy Alencar também tentou engrossar o coro, mas pelos comentários que se viu em sua página no Facebook, o intento do jornalista não surtiu o efeito esperado.
Contudo, se o problema é o que ainda pode ser visto pelo retrovisor, o panorama observado no horizonte do para-brisas não é dos mais promissores, essencialmente naquilo que é previsto por chefes dos principais organismos econômicos mundiais, como o presidente do Banco Mundial, Jim Young Kim, o qual disse que nunca havia visto um governo acabar com políticas populares que dão certo.
Médias anuais de desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), nos respectivos governos. (Arte gráfica: jornal O Estado de S. Paulo) |
Nessa mesma esteira, a presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, também fez críticas ao governo Temer, no mesmo sentido de como tem massacrado os pobres. Sob as barbas do ministro Henrique Meirelles, Lagarde afirmou que a prioridade de qualquer política econômica de governo deve ser o combate à pobreza. Após a fala de Meirelles sobre a atuação do governo na implementação de reformas, Lagarde afirmou que ouviu de economistas que "desigualdade social não era problema deles".
Se desigualdade social na visão de economistas, não é problema deles, as consequências disso para o conjunto da sociedade deveriam ser (inclusive para os economistas). Ou será que a solução será sempre exterminar pobres indesejáveis que se embrenharem pelo mundo do crime, como resultado de crescimento (ou no nosso caso, recessão), e o agravamento dos quadros de concentração de renda?
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