Ontem o Dólar estava abaixo de R$ 1,80
ou (um real e oitenta centavos) e tinha gente que reclamava por conta de que
isso torna os produtos brasileiros – essencialmente commodities – menos competitivos. Hoje (mais precisamente ontem mesmo) a moeda norte-americana
encostou nos R$ 2,00 e tem gente ‘preocupada’ com a inflação por conta também,
dos números de abril que mostraram uma alta significativa em relação a março.
Seria motivo para arrancarmos os cabelos e cairmos em desespero por termos
optados por enfrentar a questão da competitividade de nossos produtos e os
spreads bancários? Talvez esse seria o preço a ser pago.
Nos anos 1990, dizia-se que o remédio contra a
inflação deveria ser amargo, e a população quase nunca rejeitava essas doses.
Agora chegou a vez do mercado, e já ele...
Muitos afirmam que a importação de máquinas e
insumos para a indústria ficará mais cara agora com o encarecimento do Dólar.
Dos insumos talvez, quem sabe, mas incidirá muito pouco, haja vista que nossa
indústria depende muito pouco de insumos importados. Já em relação à máquinas
é mais difícil ainda, já que os empresários e economistas que se queixam dos baixos
estoques de poupança interna do país apontavam como o principal empecilho –
fora outros, como: carga tributária, legislação trabalhista, e o próprio câmbio
(que impedia que os produtos brasileiros fossem mais competitivos e então as
empresas lucrassem mais).
O fato é que mais uma vez a torcida do contra,
se manifesta e se afunda em retóricas de mercado numa inutilidade de argumentos
sem lógica e que não se sustentam mais, que gira em torno de bem-estar dos
rentistas que não gostam de pegar no pesado e ainda reclamam que a economia do
país não está crescendo, mas sabem muito bem se utilizarem dos números da
inflação para justificarem juros altos.
Com a queda nos juros e com ele, dos spreads
bancários, o Brasil inaugura um novo paradigma no comportamento entre agentes
financeiros que precisarão se conformar com uma nova realidade, dentro daquilo
que tem visto nas economias ditas mais centrais e que por hora se encontram em
crise.
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