Um tema tem tomado conta nos últimos dias dos noticiários, principalmente locais. É o tema predileto dos formadores de opinião e de comentaristas de emissoras de rádio em nossa cidade.
O tema Segurança Pública, ou melhor, a Insegurança Pública tem se tornado um tema corrente em nossos veículos de comunicação, por se tratar de algo que não fere a moral individual de ninguém e por ser um tema vago e genérico que afeta a população como um todo, mas que se configura como uma faca de gumes, pois afeta a população em dois sentidos. No sentido da violência factual e da violência subliminar - aquela que atira dardos venenosos aos radiouvintes - mas que por um inebriante prazer em ouvir as "desgraças alheias", esses radiouvintes nem se dão conta de que são eles, o principal "problema". Ou melhor dizendo, a verdadeira causa da insegurança que toma conta de nossa elite e à qual, produz os referidos comentários nas emissoras de rádio que possuem.
Nossos formadores de opinião queixam-se dessa tal... Insegurança, mas insistem em esquecer ou tentam à todo custo, fazer com que as pessoas esqueçam os reais motivos que estão por trás dessa violência ou da falta de segurança. Como por exemplo: Nosso caótico sistema educacional, um vicioso processo de concentração de renda e as péssimas abordagens superficiais com as quais os próprios formadores de opinião se manisfetam em relação às questões sociais.
Dizem que enquanto não tem uma solução social para os problemas sociais, uma solução para a falta de segurança deve ser implementada já. Como se os problemas sociais, não estivessem atrelados aos problemas de falta de segurança.
Defendendo à todo custo, a militarização da segurança pública, bem como a sua institucionalização, e a sua melhor especialização para a defesa do patrimônio privado. Tratando assim, de forma preconceituosa, todas as pessoas que possuem uma visão equilibrada ou que tentam equalizar o fato das poucas oportunidades que são dadas à maciça maioria da população, em detrimento de uma parcela ínfima, de ricos.
Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, indicam que aproximadamente 90% da população carcerária do Estado, é de semianalfabetos ou analfabetos funcionais e de negros ou pardos. Portanto é impossível desassociar a relação dos fatos sociais, daqueles ligados à violência. Querem assim, associar superficialmente a questão da falta de segurança, apenas pela delinquência em sí, quando na verdade, essas pessoas já foram vítimas de violência ainda maior: O preconceito de cor e social
Nesses dias em que nossas telenovelas levantam a bandeira da militância contra o preconceito em relação aos homosexuais, ficamos nos perguntando... E o preconceito contra os gay's pobres, pardos e negros? E que estão presos?
Uma empresa que contrata gay's apenas para trabalhos pesados, que exigem menor qualificação profissional e que mesmo que eles venham a se qualificar. Teriam eles as mesmas chances de ascenção profissional que os demais?
A desfaçatez dissimulada de nossos meios de comunicação em relação aos problemas sociais, nos incita a questionar sempre, o seu papel de pluralidade ou mesmo a quem de fato esses meios de comunicação servem. E principalmente a total ausência de fiscalização popular no que tange a origem das concessões de rádio, desses mesmos proprietários e formadores de opinião desses veículos de comunicação. Mas para esse controle popular em relação aos meios de comunicação, eles já deram a sua rotulação: "Censura".
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