Sete de setembro de 2022 se dá a celebração dos 200 anos de Independência do Brasil ocorrida em 1822 e que veio a se consolidar, após algumas batalhas sangrentas em várias partes do país, somente em agosto de 1825.
Um empréstimo concedido pela Inglaterra ao Brasil, foi a condição necessária para que Portugal reconhecesse a soberania de sua então mais recente ex-colônia, através de uma determinada quantia em dinheiro paga pelo Brasil, na qualidade de indenização.
Somente após esses acordos, o restante da Europa também reconheceu nosso país, como nação independente.
A partir daí o Brasil passou por seguidos momentos históricos, como a abdicação à coroa brasileira da parte do herói da Independência, o imperador Dom Pedro I em 1831; a queda definitiva da monarquia em 1889; o fim da Primeira República em 1930 e as seguidas rupturas institucionais em 1937, 1945 e por fim, 1964.
Em todos esses momentos históricos, o uso dos Símbolos Nacionais se evidenciava como propriedade supostamente popular ao redor de uma causa em comum.
De acordo com a Constituição, os Símbolos Nacionais são: a Bandeira, o Hino, o Brasão da República e o Selo Nacional, deixando de fora, a moeda, como parte da identidade da Nação; também podem ser considerados como símbolos de um povo, o seu idioma e sua cultura.
No Brasil, o idioma português acabou adquirindo personalidade própria, que gera inclusive, discordâncias para com nossos compatrícios lusitanos na referência de algumas palavras de nossa língua, e que não existem no vocabulário europeu.
Assim, expressões como ônibus, vitrine e telefone celular, são praticamente "proibidas" de serem usadas em Portugal, configurando-se quase que na condição de um sacrilégio linguístico, o uso desses termos verbais, na referência a esses objetos.
Contudo, a crítica vigente seria o que é visto como "uso inapropriado" dos Símbolos Nacionais em manifestações que supostamente estariam pregando uma nova ruptura institucional no país, por parte de apoiadores do governo.
Ocorre que esse "uso inapropriado", sempre ocorreu em nossa sociedade, em períodos que correspondem a intervalos de quatro em quatro anos, onde a nacionalidade brasileira por vezes, é confundida como torcida a um clube de futebol.
Ninguém nunca criticou tais práticas de se associar expressões de patriotismo à torcida pela seleção nacional de futebol, à qual está ligada a uma entidade privada na figura da CBF, e que só as usa, para se auto promover e faturar alguns milhões de dólares com isso, sem mais nada contribuir para com a sociedade brasileira através dessa atividade.
A prática de associação de Símbolos Nacionais a governos no entanto, não é nada inédito no Brasil. Durante a Terceira República (1937-1945) - também conhecida como Estado Novo - foi muito difundida a ideia de associação de Símbolos Nacionais à figura do ditador Getúlio Vargas, naquele período.
Depois com a campanha publicitária no governo Médici do "Brasil, Ame-o ou Deixe-o" com o lema "Ninguém Segura este País", o regime militar também ditou o tom do uso das cores nacionais para a autopromoção governamental de seus feitos.
Vista do Congresso e da Esplanada dos Ministérios a partir do Pavilhão Nacional, instalado na Praça dos Três Poderes em Brasília - Foto: Ueslei Marcelino/ Agência Reuters. |
O que intrinsecamente dá um entendimento de que a classe dominante controladora do país (e que se ampara sob o discurso de "defesa da democracia"), não se sente confortável com a ideia de pertencimento nacional da maior parte da população brasileira.
Lembrando ainda, que no país mais queridinho dos brasileiros, os Estados Unidos, o uso de símbolos e cores nacionais é prática comum, por adeptos de ambos os partidos políticos mais proeminentes daquele território.
Portanto, os adversários do presidente Jair Bolsonaro, também erram ao criticarem o uso das cores nacionais em manifestações públicas como hoje, o Dia da Independência, apenas por interesses eleitorais.
De todo modo, o suposto risco de ruptura democrática, indica não ser nada além de devaneios de um grupo o qual num passado não muito distante, não apenas também defendeu ruptura institucional, como ainda participou ativamente de atos que culminaram no golpe de abril de 1964.
Jornais como a Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S. Paulo, que hoje publicam editoriais condenando supostos atos antidemocráticos da parte de apoiadores do governo, foram os mesmos que em 1964, também publicaram editoriais defendendo o uso das Forças Armadas para a eclosão de um golpe de Estado no Brasil.
Tudo isso não é nada além de algo que denota a disputa de forças dominantes opostas e antagônicas onde de novo, o interesse popular é excluído.
Afinal para um estudante pobre desfilar por sua escola em celebração ao Dia da Independência como expressão de patriotismo com o estômago vazio, não é um ato nenhum pouco prazeroso.
O uso dos símbolos da pátria portanto, só serve mesmo aos interesses econômicos de cada um dos grupos que disputam esse protagonismo e estão sempre saciados.
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