Recentemente o jornal Folha de S.Paulo, publicou um texto o qual tem tomado cada vez mais a pauta de discussões da opinião pública, o chamado "racismo reverso", despertando uma onda de críticas contra a publicação, associando-a a discursos daqueles que querem negar o racismo.
Dentre os defensores de tal tese, existe a crença de que brancos também são vítimas de racismo dos negros e que podem inclusive sofrer perseguição daqueles de aparência distinta que a deles.
Sob tal reflexão, é importante frisar que o racismo expõe algo estrutural numa sociedade e não pode ser limitado apenas a casos isolados de discriminação de negros contra brancos ou vice-versa; é algo que pode estar relacionado muito mais a rixas pessoais, competição ou sentimentos de inveja, do que a manifestação de racismo propriamente dito.
Contudo, na atualidade ainda é muito comum a associação da desigualdade social a fatores raciais, e esta ser uma afirmação à qual pode ter como pano de fundo, ocultar a verdadeira causa para a disparidade entre ricos e pobres no Brasil.
É fato que negros têm mais propensão de serem acusados por crimes de todas as naturezas; são a imensa e esmagadora maioria nos presídios e o acesso à educação para eles, é sempre bem mais complicado, quando não, impossível em determinados casos. Sobretudo no ensino superior.
Sob esse aspecto, a questão racial pode sim, ser um importante fator que influencie na desigualdade social, porém, ela sozinha não explica o largo fosso entre ricos e pobres. A miscigenação é outro ingrediente que se suscita bastante nesse aspecto.
Isso pelo fato de no Brasil, a grande maioria das pessoas não serem totalmente negras, mas possuírem traços e feições brancas, porém com tonalidades de peles mais escuras.
No que se refere ao que à grosso modo, é conhecido como "mesclagem de raças", a miscigenação traz consigo o elemento chave que mais contribui para a desigualdade, a origem.
Nesse sentido, pessoas com sobrenomes comuns tais como silvas, oliveiras ou pereiras, mesmo com tonalidades de pele mais claras, podem ter as mesmas dificuldades que os negros no que tange a oportunidades de estudo e trabalho, do que outras com sobrenomes de origem europeia.
É algo que também conta muito, sob aspectos ligados aos ramos familiares, onde um único indivíduo, pode ser condenado por toda uma sociedade a uma vida de misérias (em função da ausência de oportunidades), apenas por ser considerado inconfiável e pertencer a uma parentela pobre, com histórico de violência, alcoolismo e dependência química (ainda que o mesmo não tenha comungado com tais práticas e vícios).
Nesse sentido, centro e periferia são elementos que também contam; e muito em função disso, alguns até mintam seus endereços, para assim escaparem do preconceito e conseguirem vagas de trabalho mais nobres (que lógico, às quais), ainda que tenham qualificação e experiência, corram o risco de não serem contratados, unicamente pelo fator origem.
Através disso, por mais inteligente, perspicaz, esforçado e talentoso alguém seja, jamais será reconhecido por seus méritos pela sociedade, ao ponto de conseguir os meios necessários para se alcançar um padrão confortável de vida por estar preso a elementos que o tornem vítima de preconceitos
Assim, além de fatores ligados a origem, outros elencados como aspectos de contendas pessoais e invejas, pode influenciar em questões relacionadas à reputação e credibilidade do indivíduo, já que também podem ter certo amparo de castas mais poderosas nesses esforços, por dirimir o progresso daqueles considerados "perigosos" para seus interesses.
Portanto, é sempre importante observar as várias nuances que envolvem temas complexos como o racismo, do que simplesmente sintetizar tudo sob o mesmo rótulo da discriminação racial, como principal elemento que explique a desigualdade social no Brasil, além das questões distributivas econômicas, que envolvem sobretudo, a tributação incidente sobre ricos e pobres.
Comentários
Postar um comentário